terça-feira, 8 de junho de 2010

JULGAMENTO: A DIFERENÇA ENTRE O JULGAMENTO DOS HOMENS E O JULGAMENTO DE DEUS


     
O julgamento dos homens é mais temeroso que o julgamento de Deus. E a razão é esta: porque Deus julga com o entendimento, e os homens julgam com a vontade. Para avaliarmos o quanto essa desigualdade é grande, basta considerar a diferença que existe entre a vontade e o entendimento.
Quem julga com o entendimento, pode julgar bem, e pode julgar mal. 
     Quem julga com a vontade, nunca pode julgar bem. O motivo é muito claro.
     Quem julga com o entendimento, se entende mal, julga mal; se entende bem, julga bem. Porém, quem julga com a vontade, ou queira mal, ou queira bem, sempre julga mal.
     Porque se quer mal, julga movido pela ira vingativa; e se quer bem, julga movido pelo amor cego. Ou movida pelo amor cego, ou movida pela ira vingativa, a vontade sempre julgará mal.
     No julgamento de Deus não é assim. Só o entendimento julga. E como o entendimento de Deus entende tudo de maneira perfeita, a sentença do seu julgamento sempre será perfeita.




QUANDO A LUZ FOI JULGADA NO TRIBUNAL DOS HOMENS         
     Veio certa vez a luz para ser julgada no tribunal dos homens, e veio extremamente confiante, pois muito tempo atrás ela havia comparecido ao tribunal de Deus, e saíra dele com grande elogio e aprovação: "E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez separação entre a luz e as trevas" (Gn 1.3,4).
     Com essa sentença positiva e elogiosa do julgamento de Deus, a luz compareceu ao tribunal dos homens. E como será que ela saiu dele? É Jesus quem responde essa pergunta no terceiro capítulo do evangelho de João.
     E foi necessário que o próprio Cristo nos dissesse como a luz saiu desse julgamento, para que acreditássemos: "...a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz..." (Jo 3.19).
     Haverá cegueira maior do que esta? Será possível maldade mais terrível? Quem seria capaz de acreditar que um julgamento realizado por seres racionais pronunciasse uma sentença tão injusta, caso não fosse o próprio Cristo que nos tivesse relatado essa decisão absurda?
     Existe coisa mais formosa, mais útil, mais necessária no mundo do que a luz? Pelo contrário, existe coisa mais horrenda, mais inútil, mais cheia de inconvenientes do que as trevas?
Não são as trevas a capa dos assassinatos, as alcoviteiras dos adultérios, as cúmplices dos maiores pecados e crimes que se cometem no mundo?
     Pois como é possível que homens, com olhos e com entendimento, preferissem as trevas e rejeitassem a luz? As próprias palavras de Cristo revelam o porquê dessa rejeição: "...amaram mais as trevas...". Amaram.
     O amor é produto da vontade. Portanto, julgaram com a vontade, e não com o entendimento. E onde a vontade é juiz, a sentença só pode ser injusta. Que havia de fazer uma cega senão condenar a luz?
     O Senhor Jesus disse que os homens amaram mais. Eis aqui as duas colunas sobre as quais se apóia o julgamento dos homens: amar mais, ou amar menos. Se amarem mais, ainda que sejam as trevas, as trevas hão de ser melhores que a luz; se amarem menos, ou não amarem, ainda que seja a luz, a luz há de ser pior que as trevas. Ó quantas vezes o mundo renova todos os dias essa sentença! Quantas vezes comparecem em juízo a luz e as trevas, e sai condenada a luz! Que chance de absolvição pode ter a luz diante de um juiz que julga segundo a sua vontade? Que chance de justiça e perdão pode ter a inocência em um tribunal como esse?
(Trechos do Sermão da Segunda Dominga do Advento, pregado em Lisboa pelo maior pregador da língua portuguesa, Antônio Vieira, em 1659. Adaptado e atualizado para o leitor do século 21).
Jefferson Magno Costa

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