terça-feira, 31 de maio de 2011

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU (CAPÍTULO 6)

CAPÍTULO 6 

Ó DEUS, CONCEDE-NOS UM TEMPLO!

     Bangu foi escolhido como o principal centro das atividades evangelísticas empreendidas pelo jovem pastor Paulo Leivas Macalão. Para atender e congregar o grande número de almas que se convertiam a Cristo, iniciou-se a construção do primeiro templo das Assembleias de Deus em Bangu, um dos bairros do então Distrito Federal, Rio de Janeiro. A rua chamava-se Ribeiro de Andrade, número 65.
    Inaugurada em 1º de janeiro de 1933, naquela igreja novos obreiros foram instruídos a levar a semente a muitas outras localidades necessitadas da Palavra de Deus. Os resultados dessas investidas contra o reino do abismo não se fizeram esperar.
     Várias congregações foram surgindo, à medida que o Evangelho ia sendo pregado.
       Já em 1929, o irmão Paulo Macalão começara a evangelizar Madureira. Na época, o trabalho ocupava um salão na residência do irmão Balbino, na Rua João Machado, nº 76. A Igreja de Madureira começou a formar-se ali. Em 1930, já contando com um bom número de crentes, mudaram-se para a Rua Borborema, número 77. Mais tarde, tranferiram-se para um salão na estrada Marechal Rangel (atual Edgar Romero) e, posteriormente, fixaram-se na Rua João Vicente nº 7.
      Ocupado com várias frentes de trabalho, o pastor Paulo Macalão desdobrava-se em múltiplas atividades, para o engrandecimento do Reino de Deus.
     Certo dia, ao regressar para casa, o jovem pregador encontrou o seu pai extremamente mal. O pastor Paulo sentiu que o velho general estava prestes a passar para a eternidade, tal era a gravidade do seu estado.
     Portanto, não havia tempo a perder. Paulo Macalão mais uma vez falou ao seu pai do amor de Jesus, e em seguida perguntou se ele queria aceitar a Cristo como Salvador. O velho respondeu “sim”, com a cabeça. Depois, com muita dificuldade, falou: “Meu filho, Deus escreve certo por linhas tortas”.
     No dia 6 de setembro de 1933, o general adormeceu, para só despertar ao som dos clarins celestiais.
     Em Janeiro de 1934, o Senhor concedeu ao seu servo Paulo uma companheira, a irmã Zélia de Souza Brito, aquela que iria acompanhar o homem de Deus até que ele fosse chamado para o descanso eterno. Casou-os o missionário Samuel Nyström, na Assembleia de Deus em Bangu, e foram morar em dois cômodos pequenos, construídos anexos ao templo.
     Não tinham cozinha, o que os obrigou a comer de marmita, durante quase 6 anos. A pequena casa havia sido mobiliada com os móveis herdados do general, falecido 5 meses antes do casamento.
     Dentre esses móveis antigos, destacava-se uma mesa quadrada, de madeira escura. Sentado diante daquela velha mesa, o general, muitas vezes, com veemência, combatera a existência de Deus. Mas foi sobre ela que o irmão Paulo iniciou a tradução de vários hinos ingleses, franceses e espanhóis, e escreveu muitos outros de sua autoria, no intuito de organizar a nossa Harpa Cristã.
     Ajudando-o na tradução, a irmã Zélia cantava para acertar a letra.
     Nas gavetas do antigo bufê, o casal ia ajuntando, com muita dificuldade, parte do dinheiro que seria empregado na construção do grande templo em Madureira.
     Como realizador de um trabalho pioneiro, a presença do pastor Paulo era solicitada em diversos lugares ao mesmo tempo. Muitas vezes ele só podia regressar ao lar de madrugada, após o longo trabalho realizado durante todo o dia.
    Várias congregações foram abertas por ele sem a presença da irmã Zélia, porque o dinheiro do qual o pastor Paulo dispunha não dava para pagar a passagem de ônibus da esposa.
     O trabalho se estendeu pela cidade de São Paulo, sendo iniciado em 13 de Julho de 1937, na Rua da Glória nº 605. Avançou ainda pelo interior e pelos Estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Brasília.
      No dia 20 de outubro de 1943, Deus agraciou o jovem casal com um filho, Paulo Brito Macalão.
     No dia 14 de março de 1948, uma multidão de salvos, precedida de bandas de música, partia do templo situado na Rua João Vicente nº7, em direção à Rua Carolina Machado.
     Sob uma chuva fina, a multidão caminhou cantando hinos, impulsionada por um grande entusiasmo, pois a alegria de servir a Cristo era mais forte do a chuva. Além do mais, o Espírito Santo estava fazendo cair, continuamente sobre eles, uma chuva de graça.
     Chegando à altura do número 174 da Rua Carolina Machado, a multidão reuniu-se diante de um grande terreno existente ali. Às 15 horas daquele dia, lançou-se a pedra fundamental do templo da Assembleia de Deus em Madureira.
     É plano de Deus fazer de cada coração um templo, onde o seu Espírito Santo possa habitar. O Senhor habitará no meio da santidade.
     Onde houver invocação e adoração do seu nome, ali estará Ele. Seus ouvidos estão voltados para os que suplicam. Ele visitará os que estiverem reunidos no templo, também biblicamente chamado casa de oração.
    Durante muito tempo aquela obra iria ocupar as mentes e os corações de milhares de irmãos da Assembleia de Deus.
     Continuamente, entre súplicas e lágrimas, mihares de servos de Deus pediram ao Senhor um templo onde pudessem se reunir para buscá-lo e louvá-lo com grande voz e corações unidos.
     Todos eram pobres de recursos, mas a fé que os impulsionava era suficiente para remover qualquer montanha.
     Iniciaram-se várias campanhas com o fim de se obterem recursos para a construção do templo. Muitos irmãos ofertavam as suas economias, outros ofereciam objetos que eram imediatamente vendidos, e com o dinheiro compravam-se cal, cimento, madeira, pedras, areia, ferro e tinta, e o templo ia surgindo.
     A fé superava todos os obstáculos. As colunas erguiam-se diante dos olhos dos que por ali passavam, como símbolos do amor que unia um povo santo e temente a Deus, e como testemunho do que pode fazer o Evangelho transformador de vidas e de corações.
     No decorrer da construção, notou-se que não havia água no terreno. Imediatamente os irmãos começaram a cavar um poço, mas não encontraram água. Cavaram em outro lugar, mas também nada encontraram.
     E assim cavaram aqui e ali, sem nada conseguirem. Foi quando se lembraram de orar. E o mesmo Deus que fez com que os poços abertos pelos Patriarcas fartassem de água a pastores e rebanhos, ouviu as orações daqueles humildes construtores.
      Uma fonte jorrou impetuosamente no porão da igreja, trazendo água em abundância para suprir as necessidades de toda a obra. Até hoje aquela fonte existe ali, e tal é o seu volume de água, que um motor foi instalado para dar vasão àquele líquido maravilhosamente brotado das entranhas da terra em resposta às orações dos servos do Senhor.
     Quem tivesse olhos espirituais para contemplar o espaço celeste que separava aqueles irmãos das santas moradas de Deus, certamente veria o grande número de anjos que subiam e desciam, ocupados em levar ao trono da Graça, as orações daquela multidão que perseverantemente suplicava a Deus por aquela obra. Finalmente, no dia 1º de maio de 1953, o templo foi inaugurado. (Continua)
Jefferson Magno Costa

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU (CAPÍTULO 5)

CAPÍTULO 5

PASTOREANDO AS OVELHAS



     Felisbela Barbosa de Freitas morava na Rua Claudino Barata, 154, no bairro de Realengo, em companhia do seu marido, Antônio Alves de Freitas. Ambos pareciam felizes na vida modesta que levavam. Não sabiam eles, porém, que breve um grande Sol iria se abrir no céu de suas vidas, para iluminar sua casa, purificar suas almas e invadir seus corações com a verdadeira felicidade.
     Isso aconteceu quando as palavras de um jovem, que pregava com firmeza a salvação em Jesus Cristo, foram ouvidas por Felisbela. O poderoso e transformador Evangelho invadiu o coração daquela mulher, e ela creu e aceitou Jesus como seu Salvador, passando a confiar sua vida inteiramente ao grande Mestre.
     Irmã Felisbela era mais um dos muitos frutos colhidos pelo jovem pregador e grande ceifeiro da seara divina, Paulo Leivas Macalão. Trabalhar incessantemente na Seara era o grande desejo daquele rapaz. Estava ele a pescar os pecadores para Cristo, e jamais desanimaria diante das muitas dificuldades surgidas.
     Sabia que as almas resgatadas pelo sangue de Jesus precisavam ser doutrinadas pelos ensinos retirados da Palavra de Deus, precisavam ouvir sobre o amor e o poder de Jesus, precisavam cantar, precisavam orar, precisavam estar frequentemente reunidas, na serenidade da comunhão cristã. Havia, portanto, necessidade de um local para as reuniões e cultos.
     A irmã Felisbela, intimamente chamada “Belinha”, havia sido convocada por Deus para realizar um grandioso trabalho nesse sentido. Esta serva do Senhor, tocada pelo Espírito Santo, colocou sua casa na Rua Claudino Barata à disposição do jovem pregador, e ali foram realizados os primeiros cultos.
    Não imaginava a irmã Belinha que aquele seu gesto iria ter uma grande repercussão na propagação do Evangelho no Brasil, pois o trabalho nascido em sua casa, anos mais tarde, tranformar-se-ia em um dos mais importantes campos propulsores da disseminação do Cristo Vivo. Almas sedentas e cansadas caminhariam para uma vida sublime nas mansões celestiais, eternamente iluminadas pelo evangelho do Senhor Jesus. Três vezes a irmã Belinha necessitou mudar-se, e a novel igreja teve de acompanhá-la nessas mudanças. Os endereços sucessivos foram rua Azeredo Coutinho, 115; rua Pedro Gomes e, novamente, rua Claudino Barata, 154.
     Deus havia colocado no coração do moço Paulo Macalão o autêntico espírito apostólico. A chama pentecostal que ardia em seu peito levava-o a propagar o Evangelho nas pregações de bairro em bairro. Acompanhado do seu violino, em sua grande arrancada evangelística, ia ele sob o sol causticante ou sob a chuva miúda e fria, subindo escarpas, descendo vales, passando sob o portal dos ricos, visitando os casebres dos pobres, sorrindo ou chorando, semeando continuamente a Santa Palavra nos corações, plantando os alicerces para o progresso da Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
     Quando o cansaço se apossava de seus membros quanto a distância a percorrer era demasiadamente grande para as suas limitadas forças, ele alongava o olhar por aqueles montes que delineavam os subúrbios, e seu pensamento se distanciava até outros montes, mais altos e mais longínquos – os formosos montes que se estendem ao redor da Nova Jerusalém, eternos diante dos olhos de sua alma. E seu coração se fortalecia na força e na paz que vêm de Deus.
     Em 17 de agosto de 1930, após seis anos de trabalho ininterrupto pela causa do Evangelho, os missionários Gunnar Vingren, Frida Vingren e Lewi Pethus, certos da aprovação de Deus, consagraram-no pastor. Dessa data em diante, Paulo Leivas Macalão empunhou ainda com mais vigor a espada do Evangelho, lutando incessantemente contra as hostes infernais.
     Empunhou também o seu cajado e se ocupou da difícil tarefa de pastorear o crescente rebanho de Cristo, pedindo a Deus, em constante oração, por todas aquelas almas, e rogando-lhe misericórdia, graça e sabedoria para levar avante tão difícil tarefa, e mostrando-lhe a grande necessidade de obreiros naqueles lugares ermos, naquelas espessas matas de ignorâncias do nome de Deus.
     É sabido de todos que o Senhor, em sua infinita misericórdia, volta-se para os que, com palavras e obras, trabalham pela causa do Evangelho, dirigindo-os e ensinando-lhes o que devem pregar e realizar. Os novos crentes passaram a ver naquele jovem pastor um homem de Deus, humilde e bom, santificado por Jesus Cristo e guiado pela luz do santo Espírito.
     Paulo Macalão andava com a alma inteiramente tomada de amor e zelo por aquele trabalho. Todo o seu pensamento, todas as suas horas, todo o seu propósito estavam voltados àqueles que Deus resgatara do pecado para colocá-los sobre os alvos caminhos que conduzem à vida eterna.
     Ocupava-se de suas vidas mais do que consigo mesmo, pedia a Deus por eles, e muito os amava, e tanto, que se possível fosse ocultaria suas almas em seu coração. (Continua)
Jefferson Magno Costa

sexta-feira, 27 de maio de 2011

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU (CAPÍTULO 4)

Jefferson Magno Costa
Capítulo 4

O PESCADOR DE ALMAS


     Os membros da Assembléia de Deus recém-fundada saíram a semear a preciosa semente. Os irmãos Varjão e Silvestre iniciaram um trabalho em Berford-Roxo, e o irmão Paulo Leivas Macalão começou a pregar a Palavra nos subúrbios da Central do Brasil. Era o milagre pentecostal se realizando, multiplicando incessantemente o número dos fiéis que serviam e louvavam a Deus por todas as suas maravilhas. Era a luz que começava a brilhar em lugares antes dominados pelas trevas.
     Jesus se apossava amorosamente dos subúrbios, batendo nas portas dos humildes lares, e fazendo-se ouvir na voz dos que pregavam nas praças, nos mercados, nas esquinas, nas estações, e de casa em casa.
     Tocando o seu violino e em companhia de alguns irmãos, Paulo Macalão despertava a atenção das almas que enchiam as estações dos subúrbios, atraindo-as com a bela mensagem dos hinos e com as pregações cheias do poder de Deus. Aliás, essas pregações já eram conhecidas na pequena comunidade evangélica de São Cristóvão.
     A força com que ele pregava, a convicção com que dirigia seus ataques violentos contra o pecado, vinham sendo, há algum tempo, motivo de censura por parte daqueles que não viam no Evangelho algo que tivesse de ser pregado daquela maneira, às pressas e com uma autoridade até então nunca vista.
     Censurado e incompreendido, o irmão Paulo, em setembro de 1926, decidiu pregar exclusivamente nos subúrbios da linha férrea Central do Brasil. A muitos pareceu uma atitude precipitada aquela do jovem pregador, pois dificilmente alguém se apartaria de uma igreja recém-organizada e promissora para embrenhar-se nas dificuldades e perigos daqueles subúrbios.
     Mas Paulo Macalão agira assim movido pela vontade de Deus, pois, impulsionado pelo Espírito Santo e seguindo o exemplo dos discípulos do Mestre, tornar-se-ia pioneiro na evangelização no bairros de Realengo, Bangu, Parada de Lucas, Santa Cruz, Campo Grande, Ilha Grande e Macaé, ampliando a obra para outras cidades do Estado do Rio.
     À medida que o Evangelho ia sendo pregado, novas igrejas eram organizadas e, filiadas a essas novas igrejas, novas congregações surgiam.
     Certa vez estava ele pregando na estação de Realengo, quando um sentimento de completo abandono se apossou da sua alma. Distanciando-se um pouco de onde estava, pôs-se a observar a multidão dos que chegavam e partiam nos trens: homens, mulheres e crianças com um ar de cansaço e infelicidade, caminhavam em várias direções.
     Era um povo, em sua grande maioria, fraco e doente, um rebanho triste: os rostos refletindo aborrecimento e ansiedade. Que fazer para torná-los felizes? Que fazer, também, diante do abandono e incompreensão daqueles que o deveriam ajudar a levar avante o trabalho de resgate dessas almas?
     Foi quando, inesperada e docemente, descendo do alto, a inspiração divina se apossou do seu espírito e ele começou a escrever o hino “Canto do Pescador”, que, por si só, constitui-se em um registro histórico dos tempos em que o evangelho, pregado por valorosos pioneiros, sofria pressões e dificuldades de toda a ordem, em seu avanço invencível sobre ruas, bairros e cidades do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro, para erguer-se como um poderoso farol na escuridão:

“No meu barco a remar.
Sobre as ondas, pelo mar...”

     Iniciava-se assim um dos mais belos hinos da Harpa Cristã, um dos mais belos de todos os que foram reunidos ali, e aquele que melhor define o estado de ânimo que dominava o irmão Paulo, naqueles tempos de expansão do Evangelho no Brasil. Maior prova não há de sua humildade, do reconhecimento de suas limitações, e do quanto os recursos materiais lhe faltavam. Mas o hino revela também a fibra imbatível de sua resolução e vontade de levar avante o trabalho de evangelização de milhares de almas, pois bem sabia ele que aquela obra era do interesse de Deus, e estava traçada no Céu:


O meu barco não é bom,
De pescar não tenho o dom,
E me dizem que não devo continuar;
Mas Jesus me quis mandar,
E por isso vou pescar
Te que ele se apraza em me chamar.


Vou pescar os pecadores para Cristo,
Neste mundo cheio de horror;
Não mais desanimarei;
Minha rede lançarei;
Muitos peixes apanhando p’ra o Senhor.

Jefferson Magno Costa

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU (CAPÍTULO 3)

Jefferson Magno Costa
Capítulo 3 

A OBRA EM EXPANSÃO

     Vindo da região Norte, o irmão Heráclio de Menezes passou a frequentar a casa do irmão Eduardo de Souza Brito. Ali, pouco tempo depois, fundou uma Escola Dominical.
     No dia 30 de abril de 1924, os irmãos reunidos na casa da irmã Florinda Brito, resolveram organizar, ilumiados pelo Espírito Santo, a primeira Assembléia de Deus no Rio de Janeiro, e assim, de comum acordo, elegeram o irmão Heráclio de Menezes como pastor interino, João Nascimento como diácono, e Paulo Leivas Macalão como secretário.
     Era a Tocha de Deus que se acendia para iluminar o sudeste de Brasil.
     O irmão Heráclio ficou responsável pela vinda ao Rio de Janeiro do missionário Gunnar Vingren (que se encontrava no Pará), para assumir o pastorado da igreja em São Cristóvão.
     A primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo na igreja recém-fundada foi a irmã Antonieta de Faria Miranda, que em seguida recebeu o dom de profecia. O batismo dessa irmã causou sensação e espanto geral.
     O batismo nas águas era realizado na praia do Caju. Pouco tempo depois, o missionário Gunnar Vingren, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, batizou nas águas o irmão Paulo Leivas Macalão, sendo ele o segundo crente a constar do rol de membros da Assembléia de Deus em São Cristóvão.
     Não demorou muito e o Espírito Santo veio sobre ele e o batizou com fogo, revestindo-o de poder, e dando-lhe sabedoria e autoridade para testemunhar de Jesus em qualquer lugar para onde o Mestre o mandasse.
    Aquela data não mais seria esquecida: 3 de novembro de 1924 – dia de maravilhas, de indescritível contentamento, ocasião em que Paulo Macalão resolvera dedicar-se inteiramente à causa do Evangelho. Ele se colocava na presença do Senhor como um jovem destemido, pronto a combater o mal, pois a Palavra penetrara em seu coração, fazendo nascer em sua alma o desejo de pregar o Evangelho a toda criatura.
     Como filho de um general, seu pai desejava muito vê-lo militarmente, fardado. Mas Paulo Macalão estava decidido a pagar qualquer preço para cumprir as ordens do General dos generais, Senhor de anjos, arcanjos, querubins, e de homens destemidos.
     Ele se esforçaria para ser um varão valoroso e combater a iniquidade e as trevas com as armas da luz. Cingiria os seus lombos com a verdade, vestiria a couraça da justiça, calçaria os pés na preparação do Evangelho da paz e, escudado pela fé, tendo sobre a cabeça o capacete da salvação, empunharia a espada do Espírito, avançando como um soldado disciplinado e valente, para combater em nome do Senhor dos Exércitos, Rei da Terra e dos Céus.
     Os irmãos de Realengo e Bangu, bairros conhecidos como “subúrbios da Central”, convidaram o irmão Paulo a visitar os seus lares e alguns pontos de pregação, onde o Evangelho estava sendo poderosamente pregado, fazendo a salvação e a esperança nascer nos corações.
     E esta foi mais uma grande providência de Deus para com o seu servo, pois dessa convivência, variada e íntima, Paulo Macalão, que ocuparia todos os anos de sua vida pastoreando a Igreja do Senhor, obteria um valiosíssimo conhecimento da natureza da Seara do grande Pastor.
     Não era mais o filho do general que ali estava, e sim o futuro pastor de almas, o irmão em Cristo e pregador do Evangelho, Paulo Leivas Macalão.
     Em São Cristóvão, alem da residência do irmão Eduardo, serviam como pontos de pregação uma casa na Rua Senador Eusébio, a quitanda da irmã Rosa Rodrigues, na Rua 25 de Março, nº12, e a casa da irmã Amélia Monteiro. Isso nos primeiros meses de 1924.
     Em meados desse mesmo ano, com a chegada do missionário Gunnar Vingren, os irmãos alugaram um salão na Rua Escobar nº57, onde se estabeleceu a sede da Igreja. Foi a partir dessa época que o irmão Paulo Leivas Macalão começou a testificar de Jesus.
     Posteriormente, com a chegada do missionário Samuel Nyströn, resolveram alugar um salão maior, situado na Rua Figueira de Melo, nº363, com capacidade para 40 pessoas. Nesse salão nasceu a primeira banda de música das Assembléias de Deus.
     O irmão Paulo tocava o seu violino e a irmã Zélia cantava no coro. Não sabiam os dois do grandioso futuro que o Senhor reservara para eles. (Continua)
Jefferson Magno Costa

quarta-feira, 11 de maio de 2011

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU (CAPÍTULO 2)

Jefferson Magno Costa

Capítulo 2 
SENHOR, TENHO SEDE DE TI!


     Rio de Janeiro, 1923. As pessoas que se movimentam apressadamente pelas ruas de São Cristóvão não irão notar naquele rapaz de mediana estatura, a pele clara, as mãos nos bolsos e os olhos fixos no chão, caminhando devagar, completamente entregue aos seus pensamentos. São quase seis horas da tarde.
     Pelas calçadas da Rua São Luís Gonzaga, os transeuntes apressam o passo, na pressa de chegarem em casa para o descanso e a refeição em família. A noite se aproxima, silenciosa e submissa. O vento sopra, suave e insistentemente, varrendo as ruas. Súbito, aquele rapaz pára, abaixa-se e apanha alguma coisa que vinha rolando pelo chão.
     Ninguém deu a mínima importância a esse seu gesto. Um rapaz humildemente vestido, de humildes atitudes e olhar pacífico, segurando com ambas as mãos um pequeno papel amarrotado e tentando ler o que nele estava escrito, dificilmente despertaria a curiosidade de alguém.
     Mas se os homens soubessem quem era esse homem e o que estava escrito naquele papel, ajunta-se-iam à sua volta para admirá-lo.
     Se os anjos, contemplando a Terra, divisassem aquele moço a maravilhar-se pouco a pouco com o que lia, cantariam hosanas a Deus que, naquele momento, estava iniciando a maravilhosa convocação de um laborioso e zelosíssimo ceifeiro para a sua seara.
     E se os demônios descobrissem que o rapaz chamava-se Paulo Leivas Macalão, e o papel era um folheto evangélico que a providência divina havia posto diante dos seus olhos, ter-se-iam ajuntado furiosamente contra ele e, formando uma grande casta, soprariam com toda a força dos seus diabólicos pulmões sobre aquele papel, na tentativa de evitarem que aquela semente, lançada ao vento e recolhida pelas mãos daquele moço, frutificasse em tantas e tão frondosas árvores, e que ele viesse a se tornar um dos grandes patriarcas da Fé no Brasil, um dos maiores condutores do rebanho de Jesus Cristo sobre a Terra.
     Paulo Leivas Macalão não suspeitava da importância daquele achado nem da repercussão que o folheto teria em sua vida. Porém sua alma há muito desejava algo que até então não encontrara em parte alguma, algo que o preenchesse, que o alimentasse, que o definisse.
     Pois sua vida estava mergulhada em uma angustiosa e muda indecisão. Os anos que passara estudando no Colégio Batista haviam contribuído para aguçar ainda mais aquela sensação de desconforto, de necessidade de algo que satisfizesse o seu interior e o pacificasse consigo mesmo.
     Ele ainda não encontrara explicação para a inveja que havia sentido quando, no Colégio Batista, vira os seminaristas reunidos e entregues ao estudo da Palavra de Deus. O que estudavam eles que ele também não pudesse estudar? Por que estavam tão entusiasmados diante de um livro cujo conteúdo ele mal conhecia através das leituras que ouvira durante as missas, e, assim mesmo, leituras feitas em latim?
     Desejava muito aprofundar-se no estudo desse livro misterioso, a Bíblia. Concluindo o ginásio e desejando completar seus estudos secundários, matriculou-se no Colégio Pedro II, sempre possuído daquela sensação de que algo de muito profundo e de muito belo lhe faltava.
     Naquela época, a grande maioria dos professores do Colégio Pedro II professava abertamente o ateísmo. Pois o Brasil da década de 20, com relação ao seu posicionamento diante dos estudos religiosos e científicos, oscilava entre a tradição e o cientificismo. E essa atitude fazia com que, em assuntos religiosos, a opinião dos pseudo-sábios prevalecesse no espírito da juventude estudiosa.
     Quando, durante as aulas frequentadas por Paulo, as preleções giravam em torno de Deus e de sua existência, a classe se dividia entre os que criam e os que não criam em Deus.
      Sedento da verdade e sentindo-se afrontado em suas convicções, o jovem Paulo discutia com ardor acerca de um assunto que lhe tocava profundamente, desde as suas mais remotas origens. Sua infância, o ambiente em que se criara, os ensinamentos de sua mãe e o que aprendera depois – tudo era de total significação para ele, e ele jamais poderia ficar calado diante de dúvidas e acusações de inexistência do Ser Maravilhoso que enchera sua infância de profundidade e beleza.
     Além do mais, nos tempos do Colégio Batista, ele ouvira o grande teólogo Langston discorrer acerca de muitos assuntos que despertavam a sua curiosidade. Langston impressionava a todos pelos seus sólidos e diversificados conhecimentos teológicos e bíblicos, pela sua largueza e firmeza de visão, e pela sua vida de alto conteúdo espiritual.
     A primeira geração de pastores e pregadores brasileiros contraiu uma grande dívida para com ele. E o grande líder que seria Paulo Leivas Macalão obsorveu e guardou para si, nas várias ocasiões em que ouviu esse teólogo pregar, as qualidades necessárias a um legítimo homem de Deus, à envergadura inconfundível de um propagador da fé.
     Mas aquelas discussões com os professores do Pedro II enchiam sua alma de agitação e tristeza.
     Foi após uma dessas polêmicas que ele saiu a andar pelas ruas de São Cristóvão, silencioso e cabisbaixo. E foi então que achou aquele pequeno pedaço de papel impresso, aparentemente insignificante, mas que iria mudar completamente o rumo de sua vida.
     O folheto convidava o leitor a comparecer aos cultos que se realizavam na Igreja de Deus, também conhecida como Igreja do Orfanato, situada na Rua São Luís Gonzaga, número 12. O jovem Paulo resolveu visitá-la, e, do contato e conhecimento que fez com os irmãos que ali congregavam, tornou-se admirador e amigo do Evangelho.
     Entre esses irmãos havia alguns que tinham aceitado a Jesus no Norte do Brasil – região por onde o Evangelho pentecostal havia penetrado, trazido pelos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, dois homens enviados por Deus para, através de longas e perigosas caminhadas e pregações em um idioma para eles quase desconhecido, acenderem a tocha evangélica da salvação proporcionada por Jesus nos corações dos que povoavam as imensas terras do Brasil.
     Naquela igreja realizavam-se cultos aos domingos de manhã. Após os cultos, os irmãos atravessando o Campo de São Cristóvão, falavam do amor de Deus aos pecadores que encontravam ao longo do trajeto que se estendia até a Rua Senador Alencar, número 17, residência do irmão Eduardo de Souza Brito. Ali chegando louvavam o nome do Senhor, oravam e se despediam.
      O irmão Eduardo era esposo da irmã Florinda Brito. O casal tinha seis filhos: Carlos, Sílvio, Armando, Otávio, Natalina e Zélia. Não sabia o irmão Eduardo que sua filha Zélia seria a extremada esposa e dinâmica ajudadora de Paulo Leivas Macalão, um dos grandes pioneiros da fé evangélica no Brasil.
     O Senhor muito se alegraria do seu servo, pois naquele lar dedicado à adoração e ao júbilo a Assembleia de Deus nasceria, e o número dos remidos cresceria diante de Deus.
     Paulo Macalão tornou-se assíduo nas orações realizadas na casa do irmão Eduardo. Para o general João Maria Macalão, aquelas repetidas e longas ausências de seu filho, andando por lugares que ele desconhecia, aliando-se a pessoas que se entregavam a práticas religiosas por ele reprovadas, eram motivo de constantes preocupações.
     O general, contrariado com a atitude do filho, pediu-lhe que parasse de frequentar a casa “daquela gente”. Alguém lhe dissera que aquele povo era pobre e sem princípios, e costumava acercar-se de qualquer pessoa na rua, tentando convencê-la a passar para o lado deles.
     Quando se reuniam, cantavam e oravam de modo a serem ouvidos por todos, o que para ele, era uma afronta ao decoro e à ordem.
     Paulo ouviu aquelas acusações, silencioso e profundamente triste. Se o seu pai soubesse quem realmente era aquele povo barulhento!...
     Todos em sua casa sabiam do quanto ele, Paulo, preocupava-se com sua salvação. Outra coisa não havia que ocupasse tanto o seu pensamento como o destino que teria sua alma. Desde os tempos do Colégio Batista vinha ele fazendo perguntas nesse sentido, e de ninguém obtivera resposta que o satisfizesse.
     Mas fora justamente após os primeiros contatos que tivera com aquele “povo barulhento”, que sua vida começara a mudar. Havia algo de muito belo e muito puro naquele povo. Algo que o atraía, que o levava a frequentar aquelas reuniões espirituais, aqueles ajuntamentos revestidos de mistérios divinos, simplices, à luz das lamparinas de querosene.
     Noites de súplicas, de cânticos, de leituras da Palavra de Deus, de testemunhos, de curas, de salvação e de suave conforto do Espírito Santo. Em 5 de abril e 1924, Paulo Leivas Macalão converteu-se ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
     Sua conversão contrariava a vontade de seus familiares, sobretudo de seu pai. Mas o Espírito de Deus havia colocado em seu coração o amor, a perseverança, o zelo pela fé que abraçara.
     Os dias que transcorreram após aquela data, amargos e difíceis, mais e mais o aproximaram de Jesus.
     De que adiantariam o silencio em família, as incompreensões, os dissabores gerados por sua transformação, se a preço de lágrimas, feridas, afrontas, o sangue de Jesus Cristo abrira aquele glorioso caminho de salvação para ele? Quem o separaria do amor de Cristo?
     Os crentes reunidos na casa do irmão Eduardo, cantavam o hino “vem, meu libertador”, quando subitamente a Fonte de Águas Vivas começou a jorrar de dentro dele, o verdadeiro Sol resplandeceu sobre o seu rosto, e sua alma foi possuída pela verdadeira Luz. (Continua)

Jefferson Magno Costa 

terça-feira, 10 de maio de 2011

PAULO MACALÃO, A CHAMADA QUE DEUS CONFIRMOU

Jefferson Magno Costa

Capítulo 1
O FILHO DO GENERAL
     O Rio Grande do Sul, por ser um Estado localizado no extremo Sul do Brasil, é favorecido por um clima subtropical, uma vegetação de matas virgens, planíces e campos levemente ondulados e verdejantes, e um solo amplamente beneficiado pelas águas.
     No curso de sua história, portugueses e espanhóis muito lutaram, tentando traçar os seus limites. Essa eventualidade marcou e, de uma vez por todas, definiu o caráter do seu povo.
     Pois o gaúcho é antes de tudo um destemido, um desassombrado diante da iminência do perigo ou dos mistérios da vida. Mas é um forte sem arrogância.
     Destemido e forte seria Paulo Leivas Macalão, um menino que no dia 17 de setembro de 1903, nasceu na cidade de Santana do Livramento, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
     Filho de João Maria Macalão e de Joaquina Georgina Leivas Macalão, Paulo Macalão foi educado dentro dos princípios que regiam as antigas famílias gaúchas.
     Seu pai, oficial do Exército Brasileiro, alcançaria o posto de general. Disciplina e método foram, portanto, as normas aplicadas na educação de Paulo.
     O menino cresceu aprendendo a identificar-se com a exuberante natureza que o rodeava, alongando o olhar pela vastidão dos campos, pelas grandes planíces cobertas de vegetação rasteira, e admirando os rebanhos que, pela manhã, espalhavam-se pelos pastos verdejantes das coxilhas.
     As campinas, as árvores frutíferas e os rios traçaram o horizonte sem limites de suas brincadeiras de menino.
     Cultivadas em grande escala pelos colonizadores italianos e alemães, a noz, a maçã, a oliva, o pêssego e a uva enriquecem as cestas de vime dos camponeses gaúchos, pois o clima, a qualidade do solo e o seu relevo beneficiado pela boa distribuição dos rios, fazem dos seus campos e bosques verdadeiros pomares.
     A natureza enriqueceu embelezou a infância do menino Paulo.
     Contam os antigos historiadores que, no século passado, um federalista foragido na selva do Rio da Várzea descobriu as águas termais de Iraí. Por suas características medicinais, essas águas foram denominadas “águas de mel”.
     Consultando-se um mapa do Rio Grande do Sul, vê-se Iraí situada no extremo Norte, sobre a linha que separa o Estado gaúcho do Estado de Santa Catarina. No extremo oposto à cidade de Iraí, ao Sul, na divisa do Rio Grande com o Uruguai, localiza-se a cidade de Santana do Livramento.
     Fontes termais não brotariam de seu solo nem suas ruas seriam transitadas por doentes em busca das águas salutíferas. Mas Paulo Macalão, ali nascido no início deste século, muito contribuiria para que milhares de seres humanos fossem conduzidos à verdadeira Fonte de Águas Vivas, para nelas restabelecerem a saúde de suas almas, e encontrarem a paz.
     Até os cinco anos de idade, Paulo e os seus irmãos, Fernando e Maria, tiveram sobre suas vidas a suavidade, o zelo e o carinho das mãos de sua mãe, D. Georgina.
     Os primeiros rudimentos da língua portuguesa ela os ensinou a seus filhos, e desenvolveu neles a inclinação para a vida religiosa. Pois, sendo católica e assídua às missas da igreja das Missões, D. Georgina sempre conduziu consigo o pequeno Paulo, durante as longas procissões pelas ruas de Santana do Livramento.
     O gaúcho tem um passado religioso muito forte, profundamente enraizado em sua alma e em sua história. A partir do século dezessete, a influência jesuítica se apossou do espírito dos colonizadores.
      A marca que os Sete Povos das Missões do Uruguai deixaram na história da colonização é indiscutivelmente inapagável. Paulo sofreu a forte imposição do catolicismo ali dominante, e isso contribuiria, positivamente, para traçar o perfil do seu espírito religioso.
      Perdendo sua mãe em 1908, ele continuou acompanhando as procissões, não só enlevado com as projeções pirotécnicas dos foguetes, mas porque algo de profundo e misterioso o atraía. Havia alguma coisa de inexplicável naquele povo que se movia fascinado pela majestosa e alta figura da cruz.
      Após o falecimento de D. Georgina, João Maria Macalão foi transferido para a cidade de São Luiz Gonzaga. Futuramente, não a cidade, mas uma rua carioca, com o mesmo nome de São Luiz Gonzaga, teria marcante e decisiva participação no futuro do jovem Paulo.
    Essa mudança movimentou sua vida, enriquecendo-a de novas experiências e paisagens novas. Mas ele jamais se esqueceu de quanto sua infância se viu empobrecida com a ausência de sua mãe. E não se esqueceu, também, de quanto seu pai se empenhou em distraí-lo e cercá-lo de carinho, tentando preencher a lacuna que D. Georgina deixara na família.
    As viagens de carroça pelas madrugadas frias, os episódios envolvendo contrabandistas nas fronteiras do Sul, os inúmeros contatos com criadores de gado e lavradores, as reuniões em família para se tomar chimarrão – de nada se esqueceria ele, quando de suas conversas acerca do seu passado.
     Como se esquecer do vento gelado e cortante que sopra no Sul, o minuano? Como esquecer aquele vento que, descendo do planalto e das serras, passa uivando sobre as florestas de araucárias, sibilante e ameaçador?
     Provocando nevoeiros, geadas e até queda de neve, o minuano queima os lábios e as orelhas de quem não estiver abrigado, e faz com que os gaúchos de algumas cidades tranquem-se em suas casas, deixando as ruas desertas, como de cidades abandonadas.
     Desde menino, Paulo preocupou-se com a profissão que iria escolher. Poderia entregar-se a muitas atividades: cuidar de uma indústria, de rebanhos, de casas, ou ser um militar como seu pai.
     Passara sua infância dentro dos quartéis em companhia do pai. Assimilara tudo sobre a vida militar, e João Maria Macalão desejava vê-lo general. Mas alguém lhe dissera que a melhor profissão era a de médico, porque o médico curava as doenças do corpo.
      Então sua alma de criança sentia o desejo de fazer algo pelos outros, tirar a tristeza e encher de alegria o lar que chorava; curar, amenizar a dor, ajudar a quem quer que fosse.
     Porém, quando se lembrava das palavras de sua mãe acerca da alma, concluía que ser padre era muito melhor, porque o padre oferecia o remédio para as doenças do espírito.
      Nessa época seu pai foi transferido para o Rio de Janeiro, e nessa cidade a vida do jovem Paulo iria mudar (Continua).
Jefferson Magno Costa

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