segunda-feira, 23 de agosto de 2010

JESUS: QUATRO COISAS QUE ELE CONHECIA DO SEU AMOR

Jefferson Magno Costa
         Quatro coisas podem contribuir para diminuir muito em uma pessoa que ama, a perfeição e o mérito do seu amor: Ou porque não conhece a si mesma; ou porque não conhece a quem ama; ou porque não conhece o amor; ou porque ignora a situação à qual esse amor a pode levar, se ela continuar amando.
   Se a pessoa não conhece a si mesma, talvez ocupe o seu pensamento em alguém em quem não ocuparia, caso se  conhecesse. Se não conhece a quem ama, talvez ame apaixonadamente a quem não amaria, caso soubesse quem realmente é essa pessoa. Se não conhece o amor, talvez se concentre cegamente em um sentimento no qual não se concentraria, se tivesse consciência mais profunda desse sentimento. Se não conhece quais serão as consequências desse amor, talvez sofra os danos que não sofreria, caso lhes fossem desvendados antecipadamente esses danos, antes de os sofrer.
    Todas essas coisas que os homens muitas vezes ignoram quando amam, Jesus, o único que amou com perfeição neste mundo, as conhecia perfeitamente. Ele conhecia a si mesmo, conhecia a quem amava, conhecia o seu amor, e sabia quais seriam as consequências desse amor, se continuasse amando. E todos esses detalhes registrou o evangelista João.
    Jesus conhecia a si mesmo, pois sabia que “o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus” (Jo 13.3). Conhecia a quem amava, pois sabia o quanto os homens eram ingratos, e quão cruéis haviam de ser com ele, “porque bem sabia ele quem o havia de trair” (Jo 13.11). Jesus também conhecia o amor, e seu coração tinha uma longa experiência em amar. “Como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). E, finalmente, sabia qual seria a consequência do seu amor: a morte, pois estava ciente de que “já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai...” (Jo 13.1).
    Para considerarmos quão grande foi esse amor de Cristo por nós, consideremo-lo por partes.
    1- Primeiramente, o amor de Jesus por nós foi imenso, porque ele nos amou conhecendo a si mesmo. Que Jesus tenha nos amado conhecendo a si mesmo, é algo digno de grande admiração.
    Conta a história de Tróia, que enquanto Páris, ignorando quem ele era e onde havia nascido, guardava as ovelhas do seu rebanho nos campos do monte Ida, namorava a formosíssima e rústica pastora Enome. Porém, quando Páris descobriu que era filho de Príamo, rei de Tróia, abandonou o cajado, as ovelhas e a pastora. Enquanto supunha que não passava de um humilde pastor, amava a moça humildemente. Porém, assim que descobriu quem ele era, desconheceu aquela a quem amava.
    Como o seu amor pela pastora fundamentava-se no desconhecimento que tinha de si, o mesmo conhecimento que desfez sua ignorância sobre si mesmo pôs fim ao amor que ele tinha por ela. O príncipe deixou de amar a pastora que havia amado quando era pastor.
    Ah, Príncipe da Glória! Parece que a mesma coisa deveria acontecer contigo! Quem ouvir dizer que o Filho de Deus, quando esteve entre nós, nos amou de uma maneira tão extrema, pode ficar na dúvida se o Senhor realmente se conhecia, ou se nos amou tão-somente porque não sabia quem ele era! Pois para que o mundo não caia em tal engano, ou algum de nós não fique temeroso de perder o amor e ser abandonado pelo Príncipe Eterno, saibam todos (diz o evangelista) que Cristo nos amou conhecendo-se plenamente, sabendo que “havia saído de Deus, e que ia para Deus” (Jo 13.3).
    Se Cristo não se conhecesse, não seria muito de admirar que nos amasse; mas amar-nos conhecendo-se, é amor que causa imensa admiração. É isto amor, Deus meu, ou ignorância de ti mesmo? Tu nos amas, ou tu te desconheces? Essa mesma dúvida teve Pedro quando viu o Senhor Jesus ajoelhado diante dele, preparando-se para lavar os seus pés. Ali estava o Filho de Deus diante de um grande pecador.
     Pedro reagiu imediatamente: “Senhor, tu lavas-me os pés a mim?” Era como se Pedro estivesse dizendo: “Parece, Senhor, que tu não conheces a ti, nem conheces a mim.” Mas o certo, ó Senhor, é que quanto a ti, tu ti conheces perfeitamente, e quanto a nós, tu nos amas infinitamente. E é tão imensa a tua sabedoria em conhecer essas desproporções, como imenso é o teu amor em ajuntar essas distâncias. Mas em um amor infinito bem podem caber distâncias infinitas. Assim o provam as mãos de Deus juntas com os pés dos homens. “...sabendo que o Pai havia depositado nas suas mãos” (Jo 13.3), eis aí as mãos de Deus. “...começou a lavar os pés aos discípulos” (Jo13.5), eis aí os pés dos homens. (Exporemos os três outros pontos deste sermão quando atualizarmos em breve este blog).
    (Trechos do Sermão do Mandato, pregado na Capela Real de Lisboa, em 1645, pelo maior pregador da língua portuguesa, Antônio Vieira. O pregador estava com 37 anos. Adaptado e atualizado para o leitor do século 21).
Jefferson Magno Costa

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