Jefferson Magno Costa
CAPÍTULO 9
PASTOR PAULO, DESCANSE EM PAZ!
Absorvido que estava sempre pelas inúmeras responsabilidades que pesavam sobre seus ombros, e deslocando-se constantemente para os diversos pontos onde sua presença se fazia necessária para cumprir a sua missão de doutrinador e de pastor de pastores, não seria humano que um homem assim deixasse de cometer falhas, principalmente no resolver os inúmeros e difíceis problemas que se apresentavam.
Mas, a bem da verdade, temos de admitir que Paulo Macalão era um homem sincero – homem que desejava servir a Deus com profunda convicção, sinceridade e amor e que, com essas qualidades, procurava resolver os problemas que surgiam no campo pastoral.
Se falhas cometeu, não as cometeu com espírito prevenido: sempre agiu na convicção íntima de estar fazendo a vontade do Senhoie Deus. Visto por esse ângulo, ele pode ser comparado a Moises, mas nunca igualado a Davi.
Apesar da sua aparente inflexibilidade nas decisões que tomava para resolver casos bastante difíceis, onde tinha de agir como juiz, Paulo Leivas Macalão era um homem humilde.
Mesmo tendo sido um dos pioneiros, um desbravador pertencente à geração que implantou o Evangelho no Brasil, não achou ele mesmo em sua vida nada de que se vangloriar. Meditando na sua jornada espiritual, via que percorrera tão-somente a trajetória inconfundível do Evangelho em obediência à poderosa e irresistível chamada do Espírito de Deus para a obra divina.
Reconhecia em tudo que tinha por Senhor um Deus santo, poderoso, justo, paciente e misericordioso. Dele bem poderia ter dito o Mestre: “Eis um verdadeiro cristão, em quem não há dolo”. Sim, poderia ter havido culpa, mas jamais dolo. Poderia ter havido indecisão, mas nunca premeditação. Por tudo isso ele é digno do nosso alto respeito, da nossa profunda admiração.
Como exemplo de sua humildade, houve quem o visse pedindo perdão a alguns irmãos. Um dos maiores testemunhos da grandeza do seu coração é a sua correspondência, que foi relida pela irmã Zélia após a morte dele. Sobre o envelope daquelas cartas que mais lhe feriram, por terem sido escritas por mãos ingratas e almas sem amor, o irmão Paulo havia escrito: “Perdoado, graças a Jesus”.
Sim, Paulo Macalão sabia perdoar, e quem sabe perdoar é grande diante de Deus. E sabia perdoar apesar da situação “sui generis” que ocupava entre as centenas de milhares de crentes que compõem o Ministério de Madureira: ele foi como um general, a quem todos amavam e obedeciam.
Mas um general que pastoreava ovelhas, em vez de comandar soldados, um general que se fazia obedecer pelo amor e respeito que inspirava, e não por uma dura disciplina.
Durante o seu longo ministério, o pastor Paulo Leivas Macalão foi assessorado por muitos servos de Deus, designados pelo Espírito Santo para se empenharem nas lutas em prol do Evangelho. Consagrar obreiros, abrir novos trabalhos, empossar pastores e olhar o procedimento dos que não zelavam pelo rebanho, foram atividades longamente exercidas pelo pastor Paulo.
Na grande luta contra o pecado, era necessário que se invadissem as fortalezas do inimigo, que se hasteasse a bandeira do Evangelho e que se designassem homens valorosos para comandar os pontos estratégicos tomados ao príncipe das trevas.
Era então que aqueles que combatiam com a espada desembainhada, a Palavra de Deus, surgiam para consolidar as posições e continuar a maravilhosa batalha do resgate de almas.
Entre os muitos homens de Deus que auxiliaram diretamente o pastor Paulo Macalão, parece que o que melhor o assessorou foi o também saudoso pastor Alípio da Silva, cujo temperamento era forte, mas amainado por uma acentuada humildade cristã.
Durante longos anos esteve ele ao lado daquele homem de Deus, dando sempre o seu parecer para a resolução das questões difíceis que surgiam.
O pastor Alípio era um administrador por excelência, e foi co-responsável pela coesão do trabalho do Ministério de Madureira, nos diversos Estados onde esse trabalho penetrou.
Foi de sua autoria o parecer para criar em todo o campo um dia de vigília e oração (três vezes por ano) para rogar a Deus pela solução dos problemas trazidos pela crescente violência no País, pela revolta dos jovens insatisfeitos por causa da falta de Cristo nos corações, e pela insatisfação das massas, que pode degenerar na ascensão de sistemas extremistas que procuram sempre aniquilar o cristianismo pela violência.
O pastor Alípio da Silva foi chamado ao descanso do Senhor apenas 21 dias antes de o irmão Paulo Leivas Macalão ascender à Glória.
Nesta resumida biografia do irmão Paulo Leivas Macalão, seria uma falha imperdoável não registrar a ação de uma outra pessoa que foi (podemos afirmar sem receio de errar) a coluna-mestra no edifício do seu pastorado. Nela se cumpriu, literalmente, o plano de Deus para o casamento, quando falou de Adão: “Far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele”, Gn 2.18, e “serão ambos uma só carne”.
A irmã Zélia Brito Macalão sempre esteve ao lado do seu marido: nos dias felizes, para alegrá-lo; nos dias de tristeza de dor, nos dias de lutas e de dificuldades, nos dias de amarguras e de sofrimento, nos dias de angústia e de decisões, para animá-lo; e nos dias de vitória (que foram muitos), para regozijarem-se juntos.
Nos dias de doença, até as últimas horas do seu esposo, ela ali estava à sua cabeceira. Ela foi uma verdadeira esposa. De Paulo Leivas Macalão se podia dizer: “O que acha uma esposa acha uma coisa boa, e alcançou a benevolência do Senhor”, Pv 18.22.
O pastor Paulo Leivas Macalão não deixou grandes livros escritos, mas seu grande conhecimento e longo trato com a Palavra de Deus, aliados às suas experiências de pioneiro, seriam suficientes para que ele nos deixasse preciosissimas obras.
Mas o empenho de evangelizar, edificar e pastorear almas o absorveu completamente. Contudo, alguns de seus trabalhos escritos mostram o quanto de belo e rico ele poderia ter produzido, se não fosse a sua total dedicação ao pastorado. Eis um dos seus artigos, transcrito como ilustração do que acabamos de afirmar:
"O ‘Semeador’ está semeando a ‘boa semente’ sobre o Brasil. Jesus ensinou que a boa semente é a Palavra de Deus: Lc 8.11. A propósito, recebemos há dias um grande e belo mamão, que nos foi oferecido como primícias. Quando o fruto foi partido ao meio, fiquei maravilhado com a enorme quantidade de sementes que possuía.
"Ao verificar o interior do mamão cheio de sementes, Deus me revelou duas grandes verdades: a abundância existente e o convite de Deus à fartura, e o nosso descuido, no comer os frutos: jogar fora as sementes.
“Contam que um homem pobre e necessitado resolveu vender o seu sítio onde nada havia plantado e, consequentemente, nada colhido. O comprador perguntou-lhe:
-O seu sítio não produz nada?
-Não, não produz nada – respondeu sinceramente o antigo dono – e é por isso mesmo que quero vendê-lo.
-Mas o senhor nunca plantou. E se eu plantar batatas, feijão, etc., produzirá?
-Se o senhor plantar, deve nascer – concluiu o pobre.
“Por que numa só fruta o Senhor põe uma tão grande quantidade de sementes? Só nesse mamão devia haver cerca de 500 sementes. Que maravilha! Deus nos convida à fartura.
“Plantando-se 500 sementes, é bem possível que 200, 300 ou mesmo 400 mamoeiros nasçam e, em pouco tempo, cada um estará produzindo 5,6, e até 10 mamões enormes como o que recebi. E o resultado total, quanto seria?
“Na época atual, o descuido é grande: o homem não aproveita o que Deus dá gratuitamente. Se tiverdes um pouco de ‘terra’, plantai as sementes e elas se tornarão em plantas que produzirão abundantes ‘frutos’.
“Sim, Deus nos tem dado a sua Palavra qual grande fruta cheia de preciosas sementes que (se semearmos) gerarão paz, amor, paciência, retidão: numa palavra – salvação. Eis a Bíblia aberta: quanta riqueza temos nela!
“Moços e moças, avante! Lede a Bíblia. Semeai a boa semente – a Palavra de Deus, que é a verdade. Semeai! Semeai! Os frutos aparecerão, a recompensa virá. Mas se fizerdes como o homem que nunca cultivou as suas terras, e não plantardes (um ato tão simples, enterrar uma semente!) e ficardes hesitando ou lamentando, nada colhereis. Portanto sede sábios: Semeai! Semeai!”
Quanto às suas atividades externas, o pastor Macalão foi, por muitos anos, Conselheiro da Sociedade Bíblica do Brasil, Conselheiro Vitalício da CPAD, Presidente do Instituto Bíblico Ebenézer, Presidente Efetivo da Convenção Nacional de Obreiros de Madureira, Conselheiro Fiscal da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil e Menbro do Comitê Internacional que planeja a realização da Conferência Mundial Pentecostal.
O pastor Paulo visitou igrejas em diversos países, como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Espanha, Portugal e outros. Em Springfield, Missouri, quando da sua visita oficial à sede Central das Assembléias de Deus na América do Norte, recebeu calorosa acolhida, por já ser o seu nome e sua ação no Brasil conhecidos. Recebeu também o título de cidadão do antigo Estado da Guanabara.
O dia 26 de agosto de 1982 poderia ter sido um dia igual a qualquer outro, mas não foi. Não foi porque algo de profundo nele aconteceu: às 9 horas e 16 minutos, os portais celestes se abriam para receber um príncipe vindo da Terra: pastor Paulo Leivas Macalão foi convocado às regiões celestiais!
Não foi um dia triste, porque foi um dia de vitória: Paulo Leivas Macalão, um dos apóstolos do Brasil, combatera o bom combate, acabara a carreira, guardara a fé, e agora a coroa da justiça lhe estava reservada, a qual o Senhor, justo juiz, lhe dará naquele dia!...
Mas foi um dia que trouxe a muitos o seu legado de tristeza, porque a saudade enchia os corações, que transbordavam em lágrimas – a saudade do esposo, do pai, do avô, do cunhado, do primo, do parente mais longe, do pastor amado, do dirigente, do conselheiro, do amigo, do colega – a saudade de tudo o que ele representava.
E foi por isso mesmo que choravam de saudade a esposa, o filho, os netos, os cunhados, os colegas, um multidão de crentes chegados de todos os lugares, representando um sem número de Assembleias de Deus e de igrejas de outras denominações.
A grande família evangélica chorou. Direta ou indiretamente beneficiados pelo seu trabalho evangelístico, milhares de salvos agradeceram a Deus pela vida do pastor Paulo Macalão, aquele que, em pleno século vinte, mas em terras brasileiras, imitara o grande apóstolo Paulo, não medindo distâncias nem dificuldades na propagação do Evangelho da paz.
Portanto, o choro que se chorava não era só de saudade, era também de gratidão a Deus pela dádiva que dera à sua Igreja no Brasil – PAULO LEIVAS MACALÃO!
Às 17 horas do mesmo dia, o corpo do líder chegava ao Pavilhão da Mulher Cristã, na Avenida Brasil, onde foi velado numa capela ali existente. Uma multidão de crentes se fez presente no velório, inclusive a família e dezenas de pastores.
Dentre os que falaram no velório, destacou-se a palavra de um conhecido pastor, que assim se expressou:
“A maior catedral do mundo é a de São Pedro; a segunda é a de São Paulo, em Londres. Certo dia o rei da Inglaterra foi visitar a sua catedral e perguntou: ‘Quem foi o arquiteto que fez esta catedral?’ E ninguém sabia. O rei mandou pesquisar e descobriram que havia sido o arquiteto Cristóvão Reis. Então perguntou: ‘Mas onde está sepultado esse homem? Está num cemitério muito pobre, em Bedford’ – responderam. O rei mandou buscar os ossos do grande artista e colocou-os na Catedral de São Paulo. No túmulo há uma placa em inglês que diz: ‘Se quiserdes ver o seu monumento, basta olhar em volta’. Da mesma maneira, para se ver o monumento de Paulo Leivas Macalão, basta olhar em volta: centenas de igrejas, centenas de obreiros, e milhares de crentes – uma obra gigantesca”.
Na manhã do dia 27. uma incalculável multidão formou o cortejo, conduzindo o corpo do pastor Paulo Macalão para o Jardim da Saudade, em Édson Passos, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Fazendo a segurança, batedores da Polícia Militar abriam o trânsito.
No cemitério, era grande o número de irmãos que não haviam conseguido ver ainda o corpo do irmão Paulo e desejavam vê-lo agora. Foi formada uma enorme fila e a multidão começou a desfilar para ver o saudoso pastor. Hinos eram cantados e a emoção enchia os corações: muitos choravam, outros se alegravam no Espírito Santo falando em outras línguas.
Quando o corpo começou a descer à sepultura, muitos notaram que a intensidade do sol começara a diminuir. Toda a manhã tinha sido de uma total limpidez, mas naquele momento, uma nuvem pouco a pouco se havia colocado entre a claridade solar e a multidão.
Um grande círculo de luz circundou o sol, semi-oculto na nuvem. Tratava-se de um fenômeno natural, sem dúvida, porém muitos dos que acompanharam aquele maravilhoso espetáculo no céu, entenderam que o Senhor se revelava majestosamente ao seu povo naquele momento, como fizera com os judeus no deserto, guiando-os de dia com a nuvem e à noite com a coluna de fogo. Quando o corpo do pastor Paulo baixou à sepultura, aquele fenômeno desapareceu.
No Jardim da Saudade, Paulo Leivas Macalão despertará um dia sob os clarins do arrebatamento da Igreja, quando subiremos ao encontro do grande Rei, e para sempre estaremos livres do pranto, da separação e da morte, no reino glorioso do nosso eterno Pai.
Jefferson Magno Costa
CAPÍTULO 9
PASTOR PAULO, DESCANSE EM PAZ!
Absorvido que estava sempre pelas inúmeras responsabilidades que pesavam sobre seus ombros, e deslocando-se constantemente para os diversos pontos onde sua presença se fazia necessária para cumprir a sua missão de doutrinador e de pastor de pastores, não seria humano que um homem assim deixasse de cometer falhas, principalmente no resolver os inúmeros e difíceis problemas que se apresentavam.
Mas, a bem da verdade, temos de admitir que Paulo Macalão era um homem sincero – homem que desejava servir a Deus com profunda convicção, sinceridade e amor e que, com essas qualidades, procurava resolver os problemas que surgiam no campo pastoral.
Se falhas cometeu, não as cometeu com espírito prevenido: sempre agiu na convicção íntima de estar fazendo a vontade do Senhoie Deus. Visto por esse ângulo, ele pode ser comparado a Moises, mas nunca igualado a Davi.
Apesar da sua aparente inflexibilidade nas decisões que tomava para resolver casos bastante difíceis, onde tinha de agir como juiz, Paulo Leivas Macalão era um homem humilde.
Mesmo tendo sido um dos pioneiros, um desbravador pertencente à geração que implantou o Evangelho no Brasil, não achou ele mesmo em sua vida nada de que se vangloriar. Meditando na sua jornada espiritual, via que percorrera tão-somente a trajetória inconfundível do Evangelho em obediência à poderosa e irresistível chamada do Espírito de Deus para a obra divina.
Reconhecia em tudo que tinha por Senhor um Deus santo, poderoso, justo, paciente e misericordioso. Dele bem poderia ter dito o Mestre: “Eis um verdadeiro cristão, em quem não há dolo”. Sim, poderia ter havido culpa, mas jamais dolo. Poderia ter havido indecisão, mas nunca premeditação. Por tudo isso ele é digno do nosso alto respeito, da nossa profunda admiração.
Como exemplo de sua humildade, houve quem o visse pedindo perdão a alguns irmãos. Um dos maiores testemunhos da grandeza do seu coração é a sua correspondência, que foi relida pela irmã Zélia após a morte dele. Sobre o envelope daquelas cartas que mais lhe feriram, por terem sido escritas por mãos ingratas e almas sem amor, o irmão Paulo havia escrito: “Perdoado, graças a Jesus”.
Sim, Paulo Macalão sabia perdoar, e quem sabe perdoar é grande diante de Deus. E sabia perdoar apesar da situação “sui generis” que ocupava entre as centenas de milhares de crentes que compõem o Ministério de Madureira: ele foi como um general, a quem todos amavam e obedeciam.
Mas um general que pastoreava ovelhas, em vez de comandar soldados, um general que se fazia obedecer pelo amor e respeito que inspirava, e não por uma dura disciplina.
Durante o seu longo ministério, o pastor Paulo Leivas Macalão foi assessorado por muitos servos de Deus, designados pelo Espírito Santo para se empenharem nas lutas em prol do Evangelho. Consagrar obreiros, abrir novos trabalhos, empossar pastores e olhar o procedimento dos que não zelavam pelo rebanho, foram atividades longamente exercidas pelo pastor Paulo.
Na grande luta contra o pecado, era necessário que se invadissem as fortalezas do inimigo, que se hasteasse a bandeira do Evangelho e que se designassem homens valorosos para comandar os pontos estratégicos tomados ao príncipe das trevas.
Era então que aqueles que combatiam com a espada desembainhada, a Palavra de Deus, surgiam para consolidar as posições e continuar a maravilhosa batalha do resgate de almas.
Entre os muitos homens de Deus que auxiliaram diretamente o pastor Paulo Macalão, parece que o que melhor o assessorou foi o também saudoso pastor Alípio da Silva, cujo temperamento era forte, mas amainado por uma acentuada humildade cristã.
Durante longos anos esteve ele ao lado daquele homem de Deus, dando sempre o seu parecer para a resolução das questões difíceis que surgiam.
O pastor Alípio era um administrador por excelência, e foi co-responsável pela coesão do trabalho do Ministério de Madureira, nos diversos Estados onde esse trabalho penetrou.
Foi de sua autoria o parecer para criar em todo o campo um dia de vigília e oração (três vezes por ano) para rogar a Deus pela solução dos problemas trazidos pela crescente violência no País, pela revolta dos jovens insatisfeitos por causa da falta de Cristo nos corações, e pela insatisfação das massas, que pode degenerar na ascensão de sistemas extremistas que procuram sempre aniquilar o cristianismo pela violência.
O pastor Alípio da Silva foi chamado ao descanso do Senhor apenas 21 dias antes de o irmão Paulo Leivas Macalão ascender à Glória.
Nesta resumida biografia do irmão Paulo Leivas Macalão, seria uma falha imperdoável não registrar a ação de uma outra pessoa que foi (podemos afirmar sem receio de errar) a coluna-mestra no edifício do seu pastorado. Nela se cumpriu, literalmente, o plano de Deus para o casamento, quando falou de Adão: “Far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele”, Gn 2.18, e “serão ambos uma só carne”.
A irmã Zélia Brito Macalão sempre esteve ao lado do seu marido: nos dias felizes, para alegrá-lo; nos dias de tristeza de dor, nos dias de lutas e de dificuldades, nos dias de amarguras e de sofrimento, nos dias de angústia e de decisões, para animá-lo; e nos dias de vitória (que foram muitos), para regozijarem-se juntos.
Nos dias de doença, até as últimas horas do seu esposo, ela ali estava à sua cabeceira. Ela foi uma verdadeira esposa. De Paulo Leivas Macalão se podia dizer: “O que acha uma esposa acha uma coisa boa, e alcançou a benevolência do Senhor”, Pv 18.22.
O pastor Paulo Leivas Macalão não deixou grandes livros escritos, mas seu grande conhecimento e longo trato com a Palavra de Deus, aliados às suas experiências de pioneiro, seriam suficientes para que ele nos deixasse preciosissimas obras.
Mas o empenho de evangelizar, edificar e pastorear almas o absorveu completamente. Contudo, alguns de seus trabalhos escritos mostram o quanto de belo e rico ele poderia ter produzido, se não fosse a sua total dedicação ao pastorado. Eis um dos seus artigos, transcrito como ilustração do que acabamos de afirmar:
"O ‘Semeador’ está semeando a ‘boa semente’ sobre o Brasil. Jesus ensinou que a boa semente é a Palavra de Deus: Lc 8.11. A propósito, recebemos há dias um grande e belo mamão, que nos foi oferecido como primícias. Quando o fruto foi partido ao meio, fiquei maravilhado com a enorme quantidade de sementes que possuía.
"Ao verificar o interior do mamão cheio de sementes, Deus me revelou duas grandes verdades: a abundância existente e o convite de Deus à fartura, e o nosso descuido, no comer os frutos: jogar fora as sementes.
“Contam que um homem pobre e necessitado resolveu vender o seu sítio onde nada havia plantado e, consequentemente, nada colhido. O comprador perguntou-lhe:
-O seu sítio não produz nada?
-Não, não produz nada – respondeu sinceramente o antigo dono – e é por isso mesmo que quero vendê-lo.
-Mas o senhor nunca plantou. E se eu plantar batatas, feijão, etc., produzirá?
-Se o senhor plantar, deve nascer – concluiu o pobre.
“Por que numa só fruta o Senhor põe uma tão grande quantidade de sementes? Só nesse mamão devia haver cerca de 500 sementes. Que maravilha! Deus nos convida à fartura.
“Plantando-se 500 sementes, é bem possível que 200, 300 ou mesmo 400 mamoeiros nasçam e, em pouco tempo, cada um estará produzindo 5,6, e até 10 mamões enormes como o que recebi. E o resultado total, quanto seria?
“Na época atual, o descuido é grande: o homem não aproveita o que Deus dá gratuitamente. Se tiverdes um pouco de ‘terra’, plantai as sementes e elas se tornarão em plantas que produzirão abundantes ‘frutos’.
“Sim, Deus nos tem dado a sua Palavra qual grande fruta cheia de preciosas sementes que (se semearmos) gerarão paz, amor, paciência, retidão: numa palavra – salvação. Eis a Bíblia aberta: quanta riqueza temos nela!
“Moços e moças, avante! Lede a Bíblia. Semeai a boa semente – a Palavra de Deus, que é a verdade. Semeai! Semeai! Os frutos aparecerão, a recompensa virá. Mas se fizerdes como o homem que nunca cultivou as suas terras, e não plantardes (um ato tão simples, enterrar uma semente!) e ficardes hesitando ou lamentando, nada colhereis. Portanto sede sábios: Semeai! Semeai!”
Quanto às suas atividades externas, o pastor Macalão foi, por muitos anos, Conselheiro da Sociedade Bíblica do Brasil, Conselheiro Vitalício da CPAD, Presidente do Instituto Bíblico Ebenézer, Presidente Efetivo da Convenção Nacional de Obreiros de Madureira, Conselheiro Fiscal da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil e Menbro do Comitê Internacional que planeja a realização da Conferência Mundial Pentecostal.
O pastor Paulo visitou igrejas em diversos países, como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Espanha, Portugal e outros. Em Springfield, Missouri, quando da sua visita oficial à sede Central das Assembléias de Deus na América do Norte, recebeu calorosa acolhida, por já ser o seu nome e sua ação no Brasil conhecidos. Recebeu também o título de cidadão do antigo Estado da Guanabara.
O dia 26 de agosto de 1982 poderia ter sido um dia igual a qualquer outro, mas não foi. Não foi porque algo de profundo nele aconteceu: às 9 horas e 16 minutos, os portais celestes se abriam para receber um príncipe vindo da Terra: pastor Paulo Leivas Macalão foi convocado às regiões celestiais!
Não foi um dia triste, porque foi um dia de vitória: Paulo Leivas Macalão, um dos apóstolos do Brasil, combatera o bom combate, acabara a carreira, guardara a fé, e agora a coroa da justiça lhe estava reservada, a qual o Senhor, justo juiz, lhe dará naquele dia!...
Mas foi um dia que trouxe a muitos o seu legado de tristeza, porque a saudade enchia os corações, que transbordavam em lágrimas – a saudade do esposo, do pai, do avô, do cunhado, do primo, do parente mais longe, do pastor amado, do dirigente, do conselheiro, do amigo, do colega – a saudade de tudo o que ele representava.
E foi por isso mesmo que choravam de saudade a esposa, o filho, os netos, os cunhados, os colegas, um multidão de crentes chegados de todos os lugares, representando um sem número de Assembleias de Deus e de igrejas de outras denominações.
A grande família evangélica chorou. Direta ou indiretamente beneficiados pelo seu trabalho evangelístico, milhares de salvos agradeceram a Deus pela vida do pastor Paulo Macalão, aquele que, em pleno século vinte, mas em terras brasileiras, imitara o grande apóstolo Paulo, não medindo distâncias nem dificuldades na propagação do Evangelho da paz.
Portanto, o choro que se chorava não era só de saudade, era também de gratidão a Deus pela dádiva que dera à sua Igreja no Brasil – PAULO LEIVAS MACALÃO!
Às 17 horas do mesmo dia, o corpo do líder chegava ao Pavilhão da Mulher Cristã, na Avenida Brasil, onde foi velado numa capela ali existente. Uma multidão de crentes se fez presente no velório, inclusive a família e dezenas de pastores.
Dentre os que falaram no velório, destacou-se a palavra de um conhecido pastor, que assim se expressou:
“A maior catedral do mundo é a de São Pedro; a segunda é a de São Paulo, em Londres. Certo dia o rei da Inglaterra foi visitar a sua catedral e perguntou: ‘Quem foi o arquiteto que fez esta catedral?’ E ninguém sabia. O rei mandou pesquisar e descobriram que havia sido o arquiteto Cristóvão Reis. Então perguntou: ‘Mas onde está sepultado esse homem? Está num cemitério muito pobre, em Bedford’ – responderam. O rei mandou buscar os ossos do grande artista e colocou-os na Catedral de São Paulo. No túmulo há uma placa em inglês que diz: ‘Se quiserdes ver o seu monumento, basta olhar em volta’. Da mesma maneira, para se ver o monumento de Paulo Leivas Macalão, basta olhar em volta: centenas de igrejas, centenas de obreiros, e milhares de crentes – uma obra gigantesca”.
Na manhã do dia 27. uma incalculável multidão formou o cortejo, conduzindo o corpo do pastor Paulo Macalão para o Jardim da Saudade, em Édson Passos, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Fazendo a segurança, batedores da Polícia Militar abriam o trânsito.
No cemitério, era grande o número de irmãos que não haviam conseguido ver ainda o corpo do irmão Paulo e desejavam vê-lo agora. Foi formada uma enorme fila e a multidão começou a desfilar para ver o saudoso pastor. Hinos eram cantados e a emoção enchia os corações: muitos choravam, outros se alegravam no Espírito Santo falando em outras línguas.
Quando o corpo começou a descer à sepultura, muitos notaram que a intensidade do sol começara a diminuir. Toda a manhã tinha sido de uma total limpidez, mas naquele momento, uma nuvem pouco a pouco se havia colocado entre a claridade solar e a multidão.
Um grande círculo de luz circundou o sol, semi-oculto na nuvem. Tratava-se de um fenômeno natural, sem dúvida, porém muitos dos que acompanharam aquele maravilhoso espetáculo no céu, entenderam que o Senhor se revelava majestosamente ao seu povo naquele momento, como fizera com os judeus no deserto, guiando-os de dia com a nuvem e à noite com a coluna de fogo. Quando o corpo do pastor Paulo baixou à sepultura, aquele fenômeno desapareceu.
No Jardim da Saudade, Paulo Leivas Macalão despertará um dia sob os clarins do arrebatamento da Igreja, quando subiremos ao encontro do grande Rei, e para sempre estaremos livres do pranto, da separação e da morte, no reino glorioso do nosso eterno Pai.
Jefferson Magno Costa
Olá, querido Pastor Jefferson!
ResponderExcluirSenti saudades do meu pai: ele amava o Pastor Macalão!!!
Só tive uma decepção quando fui para o Instituto Bíblico das Assembléias de Deus e a diretora afirmou que os hinos da harpa não eram de sua autoria. Que pena!!!
Que importa isso, agora?
Assim, como Pessoa, "Tudo vale a pena se a alma não é pequena".
Que saudades!!! Se tu minh'alma a Deus suplicas...
Abraços.
Débora
Pr. Jefferson, como adquirir o livro "A chamada que Deus confirmou"?
ResponderExcluirGeorge