Jefferson Magno Costa
Seus amigos são seres humanos? Caso sejam, tenha muito cuidado com eles. Porque alguns dos nossos amigos também podem agir como tentadores. Não estou generalizando. Estou falando de alguns. E esses, quando tentam, têm mais poder para derrubar do que o próprio diabo. O que os amigos de Jó fizeram com ele prova isto.
Proibido unicamente de tirar a vida de Jó, em nenhuma outra ocasião o diabo teve mais ampla liberdade para tentar um ser humano com toda a sua artimanha e fúria do que quando tentou o patriarca de Uz. Seu objetivo era levar Jó a blasfemar contra Deus.
O demônio atacou o patriarca na área dos seus bens materiais, arrebatando-os todos de uma só vez. Tentou na área de sua família, matando todos os seus filhos na mesma ocasião. E tentou-o na área da saúde, cobrindo o corpo do patriarca de lepra, tornando-o uma verdadeira chaga viva.
E o que fez ou disse Jó após sofrer todos esses terríveis ataques? “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jo 1.21).
Para surpresa do diabo, Jó demonstrou que seu coração continuava cheio de amor, de humildade, de reverência e de resignação diante da vontade de Deus para com ele. E coroou sua atitude adorando ao Senhor com o rosto no pó (v. 20).
A Bíblia registra o grandioso testemunho de que o demônio, mesmo desabando toda a sua fúria sobre o que Jó possuía de mais precioso, não conseguiu levá-lo a blasfemar contra Deus: “Em tudo isto Jó não pecou nem atribuiu a Deus falta alguma” (v. 22)
Estava Jó naquele estado de indescritível dor e miséria extrema, quando chegaram três amigos para visitá-lo e consolá-lo. Segundo comentários de antigos rabinos, aqueles três homens eram príncipes, e considerados sábios ilustres em seus países.
Os três amigos de Jó ficaram sete dias e sete noites sentados diante dele, sem dizerem palavra, em respeito ao seu imenso sofrimento. Mas depois falaram, e falaram muito.
E o que as palavras desses amigos conseguiram produzir no ânimo de Jó? Produziram o que o diabo não tinha conseguido produzir com todas as suas tentações e fúria.
Conseguiram levar Jó a perder a paciência, a perder a resignação, a perder o autocontrole. Tiraram Jó do sério. Tiveram mais sucesso em infernizar a vida do grande patriarca de Uz do que o príncipe dos infernos tinha conseguido com todos os seus ataques. Como tentadores, mostraram-se mais capazes que o Tentador.
Puseram-se a argumentar contra o patriarca, acusaram-no, caluniaram-no, levaram-no a uma situação de tanta aflição e aperto, que quase Jó deixou de ser Jó; quase sua firmeza diante das adversidades e sua reverência a Deus naufragaram embaixo do tsunami de palavras provocativas, injustas e insensatas daqueles três amigos.
Levaram Jó a dizer coisas tão indignas de sua santidade e de sua sabedoria, a fazer questionamentos tão atrevidos sobre aspectos da Providência e da Justiça divinas, que levou Deus a repreendê-lo asperamente.
O próprio Jó reconheceu depois essa fraqueza, e declarou ter-se arrependido (Jo 42.3,6). E quase que o Senhor libera um severo castigo sobre aqueles três homens loucos. Só não o fez por ser Deus misericordioso (Jó 42.7,8).
O versículo 8 do capítulo 42 revela como Jó e os seus amigos ficaram nessa história toda diante da justiça de Deus:
"... e oferecei holocausto por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó".
Aquilo que o diabo havia tentado com todos os seus mais eficazes meios e não conseguira (usou, inclusive, a boca da mulher de Jó como última tentativa de levar o patriarca a blasfemar contra Deus, Jó 2.9), os três amigos, sentados tranquilamente diante do patriarca, quase conseguiram.
Jó, que saíra vencedor, glorioso, triunfante de dentro da nuvem de poeira dos ataques do diabo, quase foi transformado em um monte de pó e cinzas debaixo do ataque daqueles três amigos.
O demônio era demônio e inimigo; os homens eram amigos, mas homens. E só o fato de serem homens foi suficiente para tentarem a Jó com mais eficácia do que o próprio demônio.
As tentações do demônio foram para Jó triunfo, exemplo e coroa; e as "consolações" dos amigos quase foram para o patriarca derrota, mau-exemplo e caixão.
E se isto fizeram a Jó amigos tão sábios e preocupados com a situação financeira, a família, a saúde, alma e a salvação do amigo, o que não poderão fazer amigos néscios, que só pensam em si mesmos, no próprio sucesso, na própria riqueza, na própria felicidade, que não se importam com a alma, a honra e a salvação do amigo tanto quanto não se importam com a alma, a honra e a salvação deles mesmos?
Que Deus nos guarde de tais amigos tanto quanto nos guarda do diabo.
(Adapt. do serm. do Sáb. Quart. da Qua. de A.V. Lisb. 1652)
Jefferson Magno Costa
Seus amigos são seres humanos? Caso sejam, tenha muito cuidado com eles. Porque alguns dos nossos amigos também podem agir como tentadores. Não estou generalizando. Estou falando de alguns. E esses, quando tentam, têm mais poder para derrubar do que o próprio diabo. O que os amigos de Jó fizeram com ele prova isto.
Proibido unicamente de tirar a vida de Jó, em nenhuma outra ocasião o diabo teve mais ampla liberdade para tentar um ser humano com toda a sua artimanha e fúria do que quando tentou o patriarca de Uz. Seu objetivo era levar Jó a blasfemar contra Deus.
O demônio atacou o patriarca na área dos seus bens materiais, arrebatando-os todos de uma só vez. Tentou na área de sua família, matando todos os seus filhos na mesma ocasião. E tentou-o na área da saúde, cobrindo o corpo do patriarca de lepra, tornando-o uma verdadeira chaga viva.
E o que fez ou disse Jó após sofrer todos esses terríveis ataques? “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jo 1.21).
Para surpresa do diabo, Jó demonstrou que seu coração continuava cheio de amor, de humildade, de reverência e de resignação diante da vontade de Deus para com ele. E coroou sua atitude adorando ao Senhor com o rosto no pó (v. 20).
A Bíblia registra o grandioso testemunho de que o demônio, mesmo desabando toda a sua fúria sobre o que Jó possuía de mais precioso, não conseguiu levá-lo a blasfemar contra Deus: “Em tudo isto Jó não pecou nem atribuiu a Deus falta alguma” (v. 22)
Estava Jó naquele estado de indescritível dor e miséria extrema, quando chegaram três amigos para visitá-lo e consolá-lo. Segundo comentários de antigos rabinos, aqueles três homens eram príncipes, e considerados sábios ilustres em seus países.
Os três amigos de Jó ficaram sete dias e sete noites sentados diante dele, sem dizerem palavra, em respeito ao seu imenso sofrimento. Mas depois falaram, e falaram muito.
E o que as palavras desses amigos conseguiram produzir no ânimo de Jó? Produziram o que o diabo não tinha conseguido produzir com todas as suas tentações e fúria.
Conseguiram levar Jó a perder a paciência, a perder a resignação, a perder o autocontrole. Tiraram Jó do sério. Tiveram mais sucesso em infernizar a vida do grande patriarca de Uz do que o príncipe dos infernos tinha conseguido com todos os seus ataques. Como tentadores, mostraram-se mais capazes que o Tentador.
Puseram-se a argumentar contra o patriarca, acusaram-no, caluniaram-no, levaram-no a uma situação de tanta aflição e aperto, que quase Jó deixou de ser Jó; quase sua firmeza diante das adversidades e sua reverência a Deus naufragaram embaixo do tsunami de palavras provocativas, injustas e insensatas daqueles três amigos.
Levaram Jó a dizer coisas tão indignas de sua santidade e de sua sabedoria, a fazer questionamentos tão atrevidos sobre aspectos da Providência e da Justiça divinas, que levou Deus a repreendê-lo asperamente.
O próprio Jó reconheceu depois essa fraqueza, e declarou ter-se arrependido (Jo 42.3,6). E quase que o Senhor libera um severo castigo sobre aqueles três homens loucos. Só não o fez por ser Deus misericordioso (Jó 42.7,8).
O versículo 8 do capítulo 42 revela como Jó e os seus amigos ficaram nessa história toda diante da justiça de Deus:
"... e oferecei holocausto por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó".
Aquilo que o diabo havia tentado com todos os seus mais eficazes meios e não conseguira (usou, inclusive, a boca da mulher de Jó como última tentativa de levar o patriarca a blasfemar contra Deus, Jó 2.9), os três amigos, sentados tranquilamente diante do patriarca, quase conseguiram.
Jó, que saíra vencedor, glorioso, triunfante de dentro da nuvem de poeira dos ataques do diabo, quase foi transformado em um monte de pó e cinzas debaixo do ataque daqueles três amigos.
O demônio era demônio e inimigo; os homens eram amigos, mas homens. E só o fato de serem homens foi suficiente para tentarem a Jó com mais eficácia do que o próprio demônio.
As tentações do demônio foram para Jó triunfo, exemplo e coroa; e as "consolações" dos amigos quase foram para o patriarca derrota, mau-exemplo e caixão.
E se isto fizeram a Jó amigos tão sábios e preocupados com a situação financeira, a família, a saúde, alma e a salvação do amigo, o que não poderão fazer amigos néscios, que só pensam em si mesmos, no próprio sucesso, na própria riqueza, na própria felicidade, que não se importam com a alma, a honra e a salvação do amigo tanto quanto não se importam com a alma, a honra e a salvação deles mesmos?
Que Deus nos guarde de tais amigos tanto quanto nos guarda do diabo.
(Adapt. do serm. do Sáb. Quart. da Qua. de A.V. Lisb. 1652)
Jefferson Magno Costa
Pastor e amigo Jefferson, irmão em Cristo
ResponderExcluirJó é um dos textos que mais aprecio. Seu clamor para que suas palavras fossem escritas e gravadas num livro, com pena de ferro e chumbo para sempre esculpidas na rocha, encontram-se encravadas em meu interior e registradas em meus blogs. Incrível mesmo, como nos atemos a palavras de "amigos" e muitas vezes nos apartamos da verdadeira Palavra. Quantas vezes nos apartamos do nosso verdadeiro "Amigo" para seguir falsos amigos. Belíssimo texto. Belíssimos alerta. O andar com Deus nos encaminha de forma seletiva e natural aos amigos e, ainda que nossos olhos possam nos enganar por um tempo, como o fizera a Jó, não pode enganar o tempo todo. Estou feliz por tê-lo encontrado. Sou feliz por Deus ter me aproximado de um amigo que em muito está elucidando meu caminhar com Cristo.
Irmã Inajá, também digo o mesmo. Ter conhecido a irmã tem sido uma bênção e um grande incentivo à minha (difícil, devido aos meus outros inúmeros afazeres) atividade no blog Sublime Leitura. Muito obrigado pelas palavras de reconhecimento e encorajamento.
ResponderExcluirvou estudar o livro para pregar tambem sobre esse testo. muito legal. esse estudo e visão de Deus pra vc querido Pastor.
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