Jefferson Magno Costa
O fato que mencionaremos a seguir não ocorre com relação a nenhum livro secular antigo; só com os livros que compõem o Novo Testamento.
Graças à quantidade de cópias manuscritas, escritas a partir do II século da Era Cristã (existem quase 5.000 manuscritos gregos do NT, aproximadamente 8.000 da Vulgata Latina – tradução do NT do grego para o latim -, e uns 1.000 manuscritos compondo a coleção das versões primitivas, perfazendo assim cerca de 14.000 cópias manuscritas do Novo Testamento); graças às citações que os mais antigos escritores da Igreja Primitiva fizeram dos 27 livros neotestamentarios, seria possível reconstruirmos hoje integralmente o texto do Novo Testamento a partir dos versículos e passagens inteiras citados pelos primeiros escritores da Igreja Primitiva. Diante desses dois fatores - existem muitos outros – podemos ter absoluta certeza de que os livros do Novo Testamento lidos por nós hoje correspondem fielmente àqueles que foram escritos pelos apóstolos e discípulos de Jesus.A SUPERIORIDADE DOS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO COM RELAÇÃO AOS MANUSCRITOS DOS LIVROS DE AUTORES CLÁSSICOS
Se compararmos hoje o grau de confiabilidade que os manuscritos do Novo Testamento oferecem em relação aos manuscritos da chamada Literatura Clássica da Antiguidade, veremos o quanto o Novo Testamento é superior. Os eruditos e críticos literários aceitam como verdadeiros os textos de obras de autores gregos e romanos, como Heródoto, Demóstenes, Sófocles (escritores gregos), Virgílio, Tácito e Suetônio (escritores romanos), e muitos outros. Ora, o fato é que hoje muitos desses eruditos e críticos são capazes de colocar em dúvida a autenticidade do Novo Testamento, mas eles ficariam envergonhados se soubessem que nenhuma obra da literatura clássica greco-romana tem a mínima condição de competir em número de provas de sua autenticidade interna (ou externa) com o Novo Testamento!
Enquanto existem cerca de 14 mil cópias manuscritas, reproduzindo fielmente o texto original do Novo Testamento, dos livros seculares da Antiguidade só existem 10, 20, 100 e no máximo 200 cópias, como ocorre com os discursos do maior de todos os oradores gregos, Demóstenes (384-322 a.C.).
Além do mais, temos de considerar as datas em que essas cópias foram feitas. No caso de Demóstenes, por exemplo, seus discursos foram escritos entre os anos 350 a 322 antes de Cristo. A cópia mais antiga que temos hoje de um desses discursos data do ano 1.100 d.C. Portanto, entre o manuscrito original e a cópia mais próxima que temos dele, hoje existe um espaço de tempo de 1.400 anos – um verdadeiro abismo! Mas nenhum crítico põe em dúvida a autenticidade de Demóstenes. Vejamos ainda a situação das obras de outros escritores.
ARISTÓTELES (384–322 A.C.)
Não sabemos exatamente quando o filósofo grego Aristóteles começou a escrever suas obras. Portanto, os pontos de referência a que nos reportamos são as datas do seu nascimento e de sua morte. Hoje, são conhecidas cinco cópias manuscritas, em grego, de algumas obras daquele que teve, entre os seus discípulos, Alexandre, o Grande. Elas datam do ano 1.100 depois de Cristo, existindo, portanto, o mesmo abismo de separação de 1.400 anos entre as cópias e o manuscrito original, conforme ocorre com Demóstenes. E também no caso de Aristóteles, os eruditos e críticos não vêem nenhuma dificuldade em aceitar suas obras como autênticas.
TÁCITO (55–120 D.C.)
O famoso livro de história de autoria do escritor romano Cornélio Tácito, intitulado Anais, foi escrito por volta do ano 100 d.C. A mais antiga cópia que temos do manuscrito original desse livro (ao todo existem 20 cópias manuscritas) é do ano 1.000 d.C. Portanto, 1.000 anos a separa do manuscrito sobre o qual Tácito deslizou suas mãos. E todos os historiadores hoje leem confiadamente os Anais de Tácito.
SUETÔNIO (69–141 d.C.)
A cópia mais antiga que temos hoje da Vida dos Doze Césares foi escrita no ano 950 d.C. Entre essa cópia e a época em que a obra foi escrita, há um espaço de 800 anos. Mas ninguém põe dúvida sobre a autenticidade do livro de Suetônio.
TEMPO QUE SEPARA OS MANUSCRITOS ORIGINAIS DO NT DE SUAS PRIMEIRAS CÓPIAS
E quanto ao Novo Testamento, que espaço de tempo separa os manuscritos originais de suas cópias mais antigas? Para respondermos a esta pergunta, e demonstrarmos o quanto as cópias manuscritas neotestamentárias superam em número e antiguidade as cópias dos livros de literatura clássica greco-romana, é necessário tecermos um breve comentário sobre os mais famosos documentos do Novo Testamento, guardados atualmente nos grandes museus e bibliotecas do mundo.
UM FRAGMENTO DO EVANGELHO DE JOÃO
A mais antiga cópia manuscrita do Novo Testamento data do ano 130 d.C. Incompleta, ela contém parte do Evangelho de João, e sua descoberta no início deste século foi de importância capital para se desmentir a teoria do professor de Tubingen, na Alemanha, Ferdinand Cristian Baur, que dizia que o Quarto Evangelho tinha sido composto por volta do ano 200 d.C. Porém, está confirmado hoje que João concluiu seu Evangelho antes do ano 1000 d.C. Esse fragmento do Quarto Evangelho é conhecido como Manuscrito John Ryland, por se encontrar guardado na Biblioteca John Ryland, em Manchester, Inglaterra. A partir desse documento é possível verificar o quanto o Novo Testamento lido hoje por nós é fiel.
O PAPIRO CHESTER BEATTY
A autenticidade e confiabilidade do Novo Testamento pode ser também confirmadas comparando-se o texto que lemos hoje em nossas Bíblias, com o Papiro Chester Beatty – uma cópia incompleta do NT, datada do ano 200 d.C. Nenhum livro secular dispõe de cópias escritas em cima da época tão próxima a do ano em que foi escrito o seu manuscrito original. O erudito cristão Sir Frederic Kenyon afirmou que “nenhum outro livro antigo dispõe do testemunho da autenticidade do seu texto, tão abundante e tão próximo ao original, conforme dispõe o Novo Testamento. Nenhum estudioso honesto negará que o texto do NT chegou até nós substancialmente íntegro e fiel aos manuscritos originais”.
O Papiro Chester encontra-se hoje guardado na Universidade Chester Beatty, em Dublin, capital da Irlanda.
DIATESARÃO, OU HARMONIA DOS QUATRO EVANGELHOS
Por volta do ano 160 d.C., o escritor Taciano, um assírio convertido ao Cristianismo, escreveu uma obra intitulada Diatesarão, que em grego significa “uma harmonia de quatro partes”. Hoje, essa obra é conhecida como “harmonia dos Quatro Evangelhos”. Através dela também podemos comprovar a fidelidade dos Evangelhos.
O CÓDICE SINAÍTICO
Em 1844, o pesquisador alemão Tischendorf estava manuseando alguns velhos papéis que ele encontrara junto com outros destinados ao lixo, no Mosteiro de Santa Catarina do Monte Sinai, quando de repente deparou-se com uma relíquia: ele encontrara o Códice Sinaítico! Esse manuscrito contém quase todo o Novo Testamento (falta apenas Mc 16.9-20 e Jo 7.53-8.11), e foi escrito por volta do ano 350 d.C. O responsável pelo Mosteiro doou esse documento ao Czar da Rússia em 1859, mas no Natal de 1953, a Inglaterra o comprou por 100.000 libras. Atualmente, ele se encontra guardado no Museu Britânico. O Códice Sinaítico constitui-se em mais um instrumento através do qual é possível hoje verificar-se a fidelidade do texto do Novo Testamento.
OUTROS DOCUMENTOS PRECIOSOS
Além dos documentos citados até aqui, existem outros que fazem parte dos pontos de referência de que lançamos mão como evidências internas da confiabilidade do Novo Testamento. Eles são o Códice Vaticano, escrito por volta do ano 350 d.C., e que contem quase toda a Bíblia em grego (está guardado na Biblioteca do Vaticano); o Códice Alexandrino (escrito em 400 d.C.), guardado no Museu Britânico, contendo também quase toda a Bíblia; e outros.
O que se conclui diante de tudo isso, é que nenhum outro livro está tão bem respaldado bibliograficamente como o Novo Testamento. Isto se deve ao zelo e à reverência com que os antigos copistas (ou escribas) trabalhavam na preparação das cópias, e principalmente à providência de Deus em reservar para a sua Igreja um texto fiel e exato das Escrituras. A abundância de testemunhos dessa fidelidade chegados até nós colocam o Novo Testamento acima de qualquer outro livro no mundo.
Os eruditos e críticos aceitam como dignos de confiança os livros da literatura clássica, mesmo sabendo que as cópias manuscritas mais antigas desses livros estão mais de mil anos distantes da época em que foram escritos originalmente por seus autores. E em muitos casos, o número de manuscritos existentes é muito pequeno. Diante disto, podemos ver o quanto o Novo Testamento, com suas quase 14.000 cópias manuscritas, muitas delas escritas em épocas bem próximas aos manuscritos originais, é digno de confiança!
Jefferson Magno Costa
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