sexta-feira, 29 de abril de 2011

A “TROPA DE ELITE” EVANGÉLICA QUE ENFRENTOU A IGREJA CATÓLICA ROMANA E REALIZOU A REFORMA PROTESTANTE


(Discurso proferido na sede da Academia Evangélica de Letras do Brasil, no Rio de Janeiro, em outubro de 2003)
     Excelentíssimo Sr. Presidente da Academia Evangélica de Letras do Brasil, acadêmico Josué Sylvestre; excelentíssimas demais autoridades presentes; ilustríssimos confrades, caríssimos irmãos e amigos convidados:
     Um padre contra a Igreja Católica Romana – eis a única idéia que muitas pessoas fazem da Reforma Protestante. Um monge contra o monopólio de poder e autoridade do Papa – eis como alguns estudiosos simplificam esse grande acontecimento do século XVI.
     Martinho Lutero protestando contra a venda de indulgências – eis o resumo que quase todos nós fazemos da grande revolução que tirou um imenso grupo de cristãos sinceros e fiéis de dentro do nevoeiro tenebroso que encobriu a Igreja Cristã Oficial durante a Idade Média, e trouxe-os para o claro sol da verdade que caracterizou a formação da Verdadeira Igreja Cristã na Idade Moderna.
     Sr. Presidente, minha opinião é que a bandeira que os turcos ergueram sobre as ruínas das muralhas de Constantinopla em 1453 não deveria ter sido considerado o ato que marcou o início da Idade Moderna.
      O acontecimento que verdadeiramente assinalou o início dessa idade ocorreu 64 anos depois, em 1517, precisamente no dia 31 de outubro, data em que Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, contra a venda de perdão que vinha sendo vergonhosamente praticada pela Igreja Católica Romana.
     Portanto, a Reforma Protestante não foi um ato isolado, a rebelião de um monge alemão que não queria mais obedecer ao Papa. Foi muito mais do que isto.
     Ela representou a confluência dos anseios de milhares de corações que serviam a Deus com sinceridade, espalhados em muitos países. Ela modificou profundamente os valores econômicos, culturais e religiosos da humanidade.
     Fui convidado pelo digníssimo Presidente desta academia a falar sobre a influência dessa grandiosa revolução de postura, de conduta e de ideias na literatura ocidental, e tecer alguns comentários sobre os personagens que a protagonizaram.
     O que eu poderia dizer sobre um acontecimento de tão vasta e múltipla repercussão histórica, nesses 15 ou 20 minutos que me foram concedidos? Como não entrar também para a galeria dos oradores de conclusões superficiais e apressadas, à semelhança desses aos quais me referi no início de minha fala?
     Sr. Presidente, em se tratando de um assunto tão amplo, ser-me-ia necessária uma semana de conferências para falar sobre um tema tão rico e de múltiplos ângulos de abordagem como este que vossa excelência me propôs.
     Porém, peço vênia aos senhores para avançar o sinal vermelho que assinala minhas limitações, e vejamos o que poderei dizer em um espaço de tempo tão curto sobre um assunto tão vasto.
     “A Reforma foi um movimento que nasceu no coração de Deus e de Martinho Lutero”, escreveu recente e excelentemente em um de seus ensaios um de nossos brilhantes confrades, o Rev. Guilhermino Cunha.
     Sim, e preparando a bênção da Reforma, Deus já havia inspirado o também o alemão Gutenberg a criar, em 1450, os tipos móveis que levariam a imprensa a dispor de meios para fazer circular rapidamente a informação escrita, facilitando deste modo a divulgação das idéias reformistas. “Gutenberg tornou Lutero possível”, observou o historiador norte-americano Will Durant.

A TROPA DE ELITE QUE REALIZOU A REFORMA PROTESTANTE
     Antes de tudo, não podemos esquecer que a Reforma, com a mesma intensidade que influenciou, também foi produto de influência. O interesse pelo estudo dos antigos autores da literatura grega e latina que lastreou o humanismo, também lastreou a Reforma.
      Não foram os camponeses famintos da França, nem os operários desdentados da Tchecoslováquia, nem os aldeões rudes da Grã-Bretanha ou os beberrões barulhentos da Alemanha que realizaram a Reforma Protestante.
     Assim como Deus convocou do meio da fina flor da intelectualidade rabínico-judaica o apóstolo Paulo e deu-lhe a missão de internacionalizar o cristianismo, da mesma forma Deus convocou do meio da fina flor da intelectualidade européia os homens que iriam realizar a Reforma Protestante.
     Algumas décadas antes da Reforma, além do interesse pelo estudo do grego e do latim, a presença marcante do judeu no cenário cultural da Europa havia levado os intelectuais europeus a se interessarem também pelo estudo do hebraico.
     E entre esses intelectuais estavam pré-reformadores e reformadores, como o nosso irmão italiano Jerônimo Savonarola, uma das mais eloquentes e corajosas vozes que já pregou o evangelho na língua de Dante Alighiere; nosso irmão inglês João Wycliffe, o maior erudito da Universidade de Oxford; nosso irmão suíço Zwinglio, o aluno mais brilhante das universidades de Basiléia e Viena; nosso irmão francês João Calvino, que com sua capacidade de argumentação teológica e sistematização de idéias, foi uma espécie de apóstolo Paulo da Reforma Protestante; nosso irmão tcheco João Huss, que apesar de só ter começado a estudar aos 13 anos de idade, 25 anos depois se tornaria reitor da Universidade de Praga; nosso irmão alemão Martinho Lutero, o mais veemente, polêmico e agitador de todos eles, uma espécie de apóstolo Pedro (sem negação a Cristo) da Reforma Protestante; e, finalmente, para citar só esses no meio de tantos outros, nosso irmão holandês Erasmo de Rotterdam, que apesar de ter divergido de Lutero com relação ao livre-arbítrio e ter sido acusado de manter uma postura ambígua com relação à Reforma, foi o mais erudito e de cultura mais refinada entre os pré-reformadores.
     Quem desejar se inteirar do imenso e silencioso trabalho que Erasmo realizou em favor da Reforma Protestante, e dos esforços desesperados e inúteis que a Igreja Católica Romana realizou através da Contra-Reforma, deve procurar ler os dois livros que melhor historiam e documentam esses assuntos, a esplêndida obra do francês Marcel Bataillon, Érasme Et l’Espagne (existe uma tradução dessa obra por uma editora mexicana, sob o título Erasmo en España), e a magistral e até hoje não superada obra do erudito espanhol Marcelino Menendez Pelayo, Historia de los Heterodoxos Españoles (sob a ótica católica apostólica romana).
     O estudo desses livros nos ajuda a entender, entre outros importantíssimos assuntos, o que levou os nossos irmãos espanhóis Casiodoro de Reyna e Cipriano de Valera, e o nosso irmão português João Ferreira de Almeida a traduzirem a Bíblia para o espanhol e o português, respectivamente.
     Entre inúmeras outras bênçãos que a Reforma Protestante nos trouxe, devemos agradecer ao Senhor por hoje termos liberdade de ler a Palavra de Deus em nossa língua sem corrermos o risco de ser punidos por esse ato. Porém, dessa liberdade não gozaram os nossos irmãos da época da Reforma Protestante, que foram torturados, queimados ou esquartejados por simplesmente terem praticado o “crime” de ler a Bíblia em “idioma vulgar”, ou seja, em uma língua que não fosse o grego, o hebraico ou o latim.
     O sonho de Martinho Lutero era colocar uma Bíblia na mão de cada homem comum. E ele construiu a base para a realização desse sonho – que só agora, em nossos dias, está próximo de se tornar realidade – após trabalhar de 1521 a 1546 (durante 25 anos!), traduzindo a Bíblia completa para o alemão.
     Portanto, as ferramentas para o estudo da Bíblia em seus idiomas originais – o grego, o hebraico e o aramaico – capacitaram os reformadores a estudarem os documentos que revelavam detalhes importantíssimos da cultura rabínico-judaica, como era a liturgia da Igreja que Jesus fundara com seus discípulos, e quais eram as doutrinas essenciais e básicas que seus apóstolos e pastores ensinavam.
     O pastor Eduardo Carlos Pereira, no seu livro O Problema Religioso da América Latina, um clássico publicado em São Paulo em 1920, hoje esgotado e quase totalmente desconhecido da maioria dos estudiosos evangélicos, observa que após terem sido “abertos os mananciais divinos pelo conhecimento dos idiomas originais, fez-se intensa luz sobre os erros e abusos do Catolicismo Romano”.
      Em suma: Todos os reformadores tiveram uma sólida cultura humanista, e traduziram ou escreveram grandes obras que influenciaram decisivamente a literatura ocidental. A Reforma Protestante beneficiou-se desses bons ares trazidos pelos estudos humanistas, estudos que iriam culminar no Renascimento.
     Porém, enquanto o Renascimento afastaria mais e mais os homens de Deus e os conduziria ao movimento ateísta-materialista que culminou na Revolução Francesa, a Reforma Protestante aproximaria mais e mais as pessoas de Jesus Cristo e de sua Palavra. Através da releitura da Bíblia, Lutero encontrou elementos fundamentais que serviram de espinha dorsal para a Reforma e para a Igreja que nasceu dela.
     O desejo de ler a Bíblia semeado pelos reformadores no meio do povo fez nascer a necessidade da criação de escolas nas quais todos pudessem aprender a ler e a escrever, já que a maior parte da população do mundo da época da Reforma Protestante era analfabeta. Lutero se empenhou em criar escolas populares na Alemanha. Desse movimento nasceu a bênção da educação popular universal. Nos países onde aconteceu a Reforma, a educação do povo recebeu grande impulso.
      Encerro este discurso com uma convicção final confirmando uma convicção inicial: não fui capaz de falar nem dez por cento sobre o assunto que o tema desta palestra me obrigava a falar. Porém, antes de encerrar em definitivo minhas palavras, tenho duas oportunas observações a fazer sobre dois reformadores que ao longo da história têm sido injustamente acusados de insubordinação, deslealdade e uso egocêntrico de sua cultura, acusações feitas a Martinho Lutero e a Erasmo de Roterdam.

O NOSSO BOM IRMÃO LUTERO
     Lutero foi o homem mais ordeiro e leal em toda a história da Reforma Protestante. Se sua atitude mudou com relação à Igreja Católica Romana no decorrer do processo da Reforma, foi porque ele jamais compactuaria com a imoralidade, a tirania e a mentira daquela Igreja. Lendo as 95 teses, podemos confirmar sua lealdade ao Papa Leão X, que tempos depois daria ordem para que matassem Lutero.
     Enquanto a Igreja Oficial se esfacelava internamente comida pelo câncer do pecado, nosso bom irmão Lutero defendia, nas teses de número 50 e 51, a honestidade, a fidelidade a Cristo e a boa intenção do Papa para com suas ovelhas. Eis o que Lutero escreveu na tese 50:
      “Devemos ensinar aos cristãos que, se o Papa conhecesse os exageros praticados pelos pregadores de indulgências, ele preferiria que a basílica de São Pedro fosse reduzida a cinzas a ter de construí-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.”
     Que exemplo de confiança na conduta do Papa! Que exemplo de lealdade a ele! Porém, a história mostra que o que o nosso bom irmão Lutero disse que o Papa não seria capaz de fazer com suas ovelhas, foi exatamente o que o Papa fez. Ou pelo menos autorizou que o fizessem.
     Consultando, na Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, um livro escrito por Antônio Ancheu e publicado em 1880 em Portugal pela Biblioteca Republicana Democrática sob a título de Livro das Taxas da Igreja de Roma, descobri, estarrecido, que no Portugal do tempo de Martinho Lutero e de décadas depois de sua morte, qualquer pessoa podia cometer qualquer tipo de crime e depois ser perdoada, desde que pagasse a taxa estipulada pela Igreja Católica Romana para aquele crime.
      Por exemplo: o perdão por um estupro custava 408 réis. Quem matasse intencionalmente seu pai, ou sua mãe ou um irmão ou uma irmã, escaparia de ser preso pagando 2.096 réis. Porém, quem desse uma boa e merecida surra em um padre, só escaparia da cadeia se pagasse 4.571 réis. Portanto, era muito mais barato cometer um estupro, um parricídio, um matricídio ou um fratricídio do que surrar um padre.

O GRANDE EXEMPLO DO NOSSO IRMÃO ERASMO DE ROTTERDAM
     E, finalmente, faço minhas as palavras de Erasmo de Rotterdam, o homem que soube como poucos colocar sua inteligência e imensa cultura à serviço do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e cujo sonho, como o de Lutero, era também colocar uma Bíblia na mão das pessoas menos favorecidas. Eis o que Erasmo escreveu na introdução de sua tradução do Novo Testamento:
      “Gostaria que a mulher mais simples pudesse ler os evangelhos e as epístolas do apóstolo Paulo. Gostaria que essas palavras fossem traduzidas para todas as línguas, a fim de que não só os escoceses e os irlandeses, mas também os turcos e os sarracenos pudessem lê-las. Desejo que o lavrador as cante para si mesmo enquanto trabalha com seu arado, e o viajante preencha com elas a monotonia de sua viagem.”
     Que a comemoração dos 41 anos de existência da Academia Evangélica de Letras do Brasil, a nossa academia, e os 486 anos da Reforma Protestante levem essa academia a envidar, através de todos os ilustres intelectuais que a compõem, esforços cada vez maiores para tornar mais e mais realidade o sonho desses nossos corajosos e competentes irmãos reformadores.
    Sola Gratia
    Sola Fide
    Sola Scriptura
    Solo Cristo
    Solo a Dei Glória.

    Somente a Graça
    Somente a Fé
    Somente a Escritura
    Somente Cristo
    Só a Deus toda a Glória.

    Amém. Tenho dito.

Acadêmico Jefferson Magno Costa

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ADÃO: PORQUE ELE PERDEU A POSIÇÃO DE REI DA TERRA


Jefferson Magno Costa
     Por que Adão perdeu, com o Paraíso, sua posição de rei sobre a Terra? Porque não se contentou em ter sido criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Adão quis ser como o próprio Deus, que o criara à Sua imagem e semelhança.
     A tentação com a qual o diabo o levou à derrota foi prometer-lhe que ele seria como Deus: “...e sereis como Deus”, Gn 3.5. Todos nós sabemos que antes de Adão, essa tinha sido a pretensão de Lúcifer, e que isso culminara em sua expulsão do Céu.
     Ora, considerando a posição de destaque e autoridade que Adão recebera ao ser criado (foi-lhe dado o domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre os animais da terra, e sobre toda a terra, Gn 1.28), ele já era como Deus. Isto torna-se mais evidente ainda quando reconsideramos que Adão havia sido criado à imagem e semelhança de Deus.
     Então, se ele já era como Deus, o que de diferente o diabo lhe prometeu com aquele “e sereis como Deus”?
     Adão era como Deus na representação, mas não era como Deus na soberania. E foi exatamente na soberania que o diabo prometeu a Adão que ele seria como Deus. Prometeu-lhe a soberania do conhecimento: Adão conheceria o bem e mal.
     Na verdade, foi uma promessa verdadeiramente diabólica, porque o bem Adão já conhecia. Que vantagem Adão obteria em conhecer o mal? Nenhuma. Só desgraça, que é a única coisa que o diabo tem para oferecer.
     Os únicos impedimentos que lhe mantinham distante da árvore da ciência do bem e do mal (Gn 2.16,17) era o mandamento que lhe proibia de comer do seu fruto, e a obediência que Adão deveria ter para com Deus em observar aquele mandamento.
     Mas Adão quebrou o mandamento e negou obediência a Deus. E imediatamente os animais também lhe negaram obediência. Adão perdeu a imagem através da qual representava a Deus politicamente diante de toda a natureza.
     Comentando essa passagem, o grande pregador grego Crisóstomo (349-407) construiu o seguinte paralelo:
     "Você já observou a sujeição com que o seu cão lhe reconhece, a prontidão com que atende ao seu chamado, o amor com que lhe segue, e o alvoroço com que lhe recebe quando você chega da rua, e dando saltos, faz festa diante de você? Porém, experimente disfarçar o rosto, e verá que esse mesmo cão, latindo furiosamente, virá ao seu encontro como se você fosse um estranho ou uma pessoa inimiga, e lhe atacará, não deixando você entrar em sua própria casa. Pois foi isso mesmo o que aconteceu entre Adão e todos os animais, depois que ele mudou de semblante e perdeu a imagem de Deus, que era a autoridade visível do domínio do mundo que Deus tinha delegado a ele".     
     Isto lhe aconteceu porque Adão não quis continuar sendo imagem e semelhança de Deus, mas ser como o próprio Deus.
     Porém, e infelizmente, ao comer do fruto proibido, Adão passou a conhecer o bem e o mal, mas não conquistou a soberania que o diabo lhe prometera, pois não adquiriu o poder de controlar o bem e o mal.
    E o resultado é o que vemos hoje: uma crescente onda de maldade que avança como um tisunami, ameaçando engolir o mundo.
Jefferson Magno Costa

sexta-feira, 1 de abril de 2011

PASTOR JOSÉ LEÔNCIO DA SILVA, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO ESTADO DE PERNAMBUCO: “ISSO NÃO É OBRA DE HOMEM, E SIM DO ESPÍRITO SANTO”

Jefferson Magno Costa    
     (Entrevista realizada em maio 1984 para o jornal MENSAGEIRO DA PAZ, e republicada neste blog como contribuição histórica ao Centenário das Assembleias de Deus no Brasil).   
     O pastor José Leôncio da Silva, natural do Estado de Pernambuco (03/01/1924), aceitou Jesus Cristo como salvador com menos de 20 anos de idade. Foi batizado com o Espírito Santo em 23 de abril de 1941, sendo batizado em águas cinco meses depois. Foi ordenado diácono sob o pastorado do irmão José Bezerra da Silva.
     Durante o pastorado do irmão José Amaro, já como presbítero, serviu ao Senhor como tesoureiro da igreja durante muitos anos. Em 24 de outubro de 1969 foi separado para o ministério da Palavra, vindo a assumir o pastorado da igreja Assembleia de Deus em Recife, PE, logo após o Senhor haver recolhido para si o seu servo José Amaro da Silva, em 1977. Humilde e extremamente simples, tratando a todos com gestos largos, acolhedores e paternais, o pastor José Leôncio da Silva lidera uma igreja que conta atualmente 120 mil membros em todo o Estado de Pernambuco (excetuando o campo de Abreu e Lima, PE).

JMC – Pastor José Leôncio, apesar da crise que se abateu sobre o Nordeste, a igreja Assembléia de Deus no Estado de Pernambuco é uma das que mais crescem no Brasil. A que se deve esse crescimento?


JLS – Nós trabalhamos com a nossa mente voltada para Deus, pois Ele é o Senhor da Seara. Temos procurado ser fiéis a Ele, trabalhando de dia e de noite para que o seu Reino se propague entre os homens. Todaia, se o Evangelho tem prosperado no Estado de Pernambuco, devemos dar graças a Deus por isso, pois não considero que em nós mesmos haja capacidade. É Deus quem nos capacita, e é a Ele que devemos esse progresso, assim como a Ele somos devedores da nossa salvação e da nossa incansável disposição para o trabalho. Portanto, como nos ensinou João Batista, convém que Jesus Cristo cresça, e que nós a cada dia nos tornemos mais humildes e menores em sua presença.


JMC – O sistema de obreiros itinerantes na direção dos cultos, como se usa em Recife, tem contribuído para a boa administração da igreja?


JLS – Tem sido uma grande bênção. Nós temos 230 auxiliares, que pregam o evangelho nos pontos da pregação, nas favelas e em outros lugares. Os obreiros são muito dinâmicos, muito esforçados na Obra do Senhor. Creio que essa operosidade é uma das causas de Deus estar fazendo esta obra entre nós. Esse progresso é fruto também do que foi semeado pelos pastores que me antecederam, e é também resultado da nossa dedicação, e da dedicação do pastor Severino Alves de Almeida, vice-presidente da igreja; do primeiro secretário, Dário Tavares de Araújo; de Adílio Nogueira, o segundo secretário; do irmão Lamartine, que trabalha como tesoureiro; e da atividade de centenas de outros obreiros que trabalham para a glória de Deus, e sobretudo da poderosa atuação do Espírito Santo em nosso meio.


JMC – Então esse sistema de rodízio tem contribuído para o crescimento da obra?


JLS – Sim. A igreja não costuma deixar nenhum obreiro fixo na realização dos trabalhos. Nós temos uma escala que funciona semanalmente, de segunda a domingo. Portanto, um dos fatores de crescimento da igreja é a execução desse sistema de trabalho, que foi criado no tempo do missionário Joel Carlson, o iniciador da Assembleia de Deus aqui. Podemos afirmar que esse sistema une e consolida a igreja.


JMC – Os marcos doutrinários estabelecidos pelos pioneiros, como Joel Carlson, continuam norteando a Assembleia de Deus aqui no Estado de Pernambuco?


JLS – Sim, eles estão firmes, pela graça de Deus. Os marcos ainda não foram mudados até hoje. E nós acreditamos que Deus jamais permitirá que eles sejam mudados.


JMC – Qual é a sua opinião sobre a Assembleia de Deus brasileira na atualidade?


JLS – Eu acho que estamos crescendo consideravelmente. Deus está fazendo uma grandiosa obra não só aqui em Pernambuco, mas em todo o território brasileiro. Lendo o MENSAGEIRO DA PAZ, nós estamos vendo o crescimento da obra de Deus. Milhões de salvos, novos templos sendo contruídos. É evidente que não é nenhum homem que está fazendo a Igreja crescer; é Deus que está proporcionando esse crescimento; é a atuação do Espírito Santo. Nós somos simplesmente mordomos, encarregados de cuidar do que é alheio. A Deus cabe a direção, o avanço, o dinamismo, e a consumação da obra.


JMC – Apesar de todo esse crescimento, sabe-se que a igreja em Recife enfrenta algumas dificuldades. Que dificuldades o irmão considera como principais?


JLS – As dificuldades geradas pela crise econômica, que está em toda parte. Não somente em Pernambuco, mas em todo o mundo. No Rio de Janeiro, em São Paulo, no Amazonas, e em outras regiões do planeta os fiéis também sofrem as consequências dessa crise. No entanto, nós sabemos que a Igreja do Senhor sempre tem uma porta de escape. Deus sempre usa um meio para ajudar o seu povo. Além do mais, nós ensinamos aos crentes a não falar mal do Governo, e sim a orar pelas autoridades constituídas. A maioria dos governos do mundo não está encontrando solução para essa crise mundial. Então nós incentivamos toda a igreja a ajudar o nosso Governo, a orar pelo nosso Presidente e por todos os homens que estão no poder. Oramos por eles, para que Deus os dirija lá do Céu.


JMC – Pastor José Leôncio, fale-nos da obra social realizada pela Assembleia de Deus aqui em Recife.


JLS – Nós temos escolas primárias, e temos também um abrigo de velhos, muito precário ainda, mas que está sendo muito útil. Uma das nossas principais metas é termos brevemente em pleno funcionamento, com a ajuda de Deus, um orfanato para as crianças abandonadas. Estamos orando para que Deus envie meios, pois nós não recebemos verba do Governo. Tudo aqui é feito com o dinheiro do povo salvo e remido pelo sangue de Jesus. Estamos agradecendo a Deus pela conclusão do templo matriz, aqui no bairro de Santo Amaro, que praticamente já está terminado, e nós não devemos, pela graça de Deus, nenhum centavo e ninguém. Isto é a mão do Senhor nos ajudando.


JMC – A igreja em Recife mantém sua visão missionária?


JLS – Nós temos dois missionários na Argentina; um em Mar Del Plata e outro em Alexandria. Um deles é o irmão Airton José da Silva, que está em Mar Del Plata, e o outro é o irmão Pedro Nunes Figueiredo, que está em Alexandria. Estamos para inaugurar em Mar Del Plata o nosso primeiro templo.


JMC – E como vai a mocidade evangélica pernambucana?


JLS – A mocidade aqui vai maravilhosamente bem. Apesar da prostituição que ataca o mundo e quer atacar os que estão dentro da igreja, Jesus tem dado vitória à nossa mocidade. Temos um grupo de moças e rapazes muito ativos, empenhados em louvar e pregar a Palavra de Deus. Eu sempre digo que esta é uma obra do Espírito Santo, porque não há homem que possa deter tantos jovens dentro de uma igreja, louvando a Deus, cantando, orando, sem ir para o mundo. Acredito que isso não é obra de homem, e sim do Espírito Santo.


JMC – De todas as igrejas brasileiras, a Assembléia de Deus no Recife é a que mais distribui o MENSAGEIRO DA PAZ. Qual é o sistema adotado nessa distribuição?


JLS – Nós costumamos divulgar o Órgão Oficial da Assembléia de Deus no Brasil em todos os cultos. Ao recebermos os 12 mil exemplares que a CPAD nos envia, fazemos a imediata distribuição entre as igrejas na capital e no Estado. Incentivamos os crentes a comprar o MENSAGEIRO DA PAZ, a ler, e, após a leitura, doar o seu exemplar a um pecador, pois isto é também uma forma de evangelização. O MENSAGEIRO DA PAZ tem influenciado muita gente em Recife e em todo o Estado de Pernambuco. Aqui as autoridades, os quartéis e outros órgãos estaduais e federais recebem mensalmente o “evangelista silencioso”. Nós o distribuímos também nas principais comunidades daqui. Tudo está muito difícil agora, pois a crise fez subir o preço de tudo, mas mesmo assim estamos andando, prosseguindo a nossa caminhada em prol da expansão do Evangelho.


JMC – E quanto ao trabalho do Círculo de Oração, que lugar ele ocupa no contexto geral da igreja?


JLS – Nós consideramos o Círculo de Oração como o principal trabalho de apoio ao crescimento da igreja e da evangelização. Temos cerca de 124 Círculos de Oração em constante atividade na cidade do Recife. Eles funcionam das 8 hs às 16 hs, de segunda a sexta-feira. Esse trabalho tem sido uma bênção, pois através dele tem havido salvação, batismo com o Espírito Santo e cura divina, e o Senhor tem resolvido inúmeros problemas considerados impossíveis de ser resolvidos pelo homem. Em cada Círculo de Oração temos uma comissão de louvor a Deus, um coral. Os trabalhos de Círculo de Oração que hoje funcionam nas Assembleias de Deus de todo o Brasil foram iniciados no dia 6 de março de 1942, no bairro de Casa Amarela, quando a irmã Albertina Barreto reuniu-se com outras irmãs para orar pela saúde de sua filha. O Senhor curou a menina Zuleide, e os Círculos de Oração continuam até hoje, para glória do santo nome de Jesus.


JMC – Estamos encerrando esta entrevista. Deixe aos leitores sua mensagem final.


JLS – Quero mais uma vez lembrar a todos que nós estamos nos últimos dias. Não temos mais tempo a perder. Nossa obrigação é ler a santa Palavra de Deus e pô-la em prática. Porque se a lermos, e a pregarmos e a ensinarmos a outros e não a pusermos em prática, não estamos fazendo nada. O Senhor Jesus nos fala nessa mesma Palavra que: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelha-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correm os rios, e assopram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”, Mateus 7.24,25. Portanto, a única solução para o mundo é firmar-se nos ensinamentos da Palavra de Deus.
Jefferson Magno Costa

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