Conforme argumentou o genial e inspiradíssimo teólogo africano Aurélio Agostinho, dormindo ou acordados, os guardas seriam condenados à morte por terem deixado o corpo de Cristo ser roubado; teriam sido presos e executados caso as autoridades judaicas não tivessem intercedido por eles. “Se estavam acordados, por que deixaram alguém roubar o corpo de Jesus? E se estavam dormindo, como poderiam declarar que foram os discípulos que furtaram o corpo de Jesus?”, pergunta Agostinho. Ninguém sabe o que está acontecendo quando se está dormindo.
Adormecidos, como os guardas poderiam afirmar que o corpo de Cristo havia sido roubado, se eles nada estavam vendo, e que provas poderiam apresentar contra os apóstolos, quando se sabe que quem está dormindo nenhum conhecimento tem do que sucede ao seu redor?O apologistra norte-americano Paul Little, destacando a falsidade dessa história, pergunta: “Que delegado ou juiz lhe daria ouvidos se o leitor dissesse a ele que durante o seu sono o vizinho tinha entrado na sua casa e roubado o seu televisor? Um testemunho desta espécie seria alvo de galhofa em qualquer tribunal.”
O CARÁTER DOS APÓSTOLOS
O segundo argumento que esmaga a teoria do roubo do corpo de Jesus está alicerçado no caráter dos apóstolos. Nem os mais violentos críticos racionalistas duvidam hoje da honestidade daqueles homens. Violar a sepultura do Mestre e roubar o seu corpo era algo que se chocava violentamente com tudo o que eles haviam aprendido com o próprio Jesus.
Os discípulos eram incapazes de praticar tal coisa. Diante deles existiam duas barreiras: a ética e a psicológica. Violar sepulturas era um crime entre os judeus e entre os romanos. As leis romanas condenavam à morte os ladrões de sepulcros.
Além do mais, com que finalidade os discípulos roubariam o corpo de Jesus? Com o propósito de saírem pregando que Cristo ressuscitara? Que vantagem eles tirariam disso? Nenhuma; só desvantagens, tanto nesta vida (as perseguições e mortes sofridas pelas discípulos e pela Igreja nos três primeiros séculos do cristianismo), como na outra: o castigo eterno reservado a todos os mentirosos.
Aliás, se Cristo não tivesse ressuscitado, os discípulos teriam se considerados enganados pelas muitas afirmações de Jesus quanto à sua ressurreição, e esperado inutilmente que Ele ressurgisse dentre os mortos. Caberia a eles colaborar com quem os enganara? De forma nenhuma!
Devemos atentar também para o fato de que a afirmação: “Cristo venceu a morte e está vivo outra vez!” custou a vida de milhões de pessoas, a começar pelos discípulos, desdobrando-se na execução de milhares de pessoas convertidas ao Evangelho nos primeiros séculos da história da Igreja, mediante essa pregação.
Seriam os discípulos destituídos de sentimentos a ponto de, com indiferença, verem morrer tantas pessoas inocentes (inclusive muitos parentes deles mesmos), pelo simples fato de elas terem confessado sua fé na pregação deles sobre um homem que fora crucificado, mas que na verdade não ressuscitara? Não! Eles jamais fariam tal coisa.
E lembremo-nos de que os próprios discípulos também sofreram na pele as consequências da afirmação de que Cristo ressuscitara: foram perseguidos, castigados e mortos. Se o que pregavam sobre o Cristo ressurreto fosse mentira, eles não teriam persistido nessa mentira até à última consequência, a morte.
Sobre este aspecto da questão, assim comentou um historiador norte-americano: “Cada um dos discípulos enfrentou a prova da tortura e do martírio pelas suas afirmações e suas crenças. Os homens morrerão por aquilo que eles creem ser verdadeiro, ainda que isso seja efetivamente falso. Não morrem, contudo, pelo que sabem ser uma mentira. Se alguma vez um homem falará a verdade, será na hora da sua morte.”
O filósofo francês Blaise Pascal costumava dizer: “Eu acredito em testemunhas que se deixam matar.” Ou seja: ele acreditava em testemunhas que morrem afirmando aquilo em que creem. E tanto os discípulos de Jesus como milhões de crentes, durante principalmente os três primeiros séculos do cristianismo, foram duramente perseguidos e mortos, mas partiram para a eternidade afirmando uma coisa: Que Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morrera, mas ao terceiro dia ressuscitara dentre os mortos!
E esta esperança está dentro de todos nós, os que O aceitamos como Salvador: Os que morrerem fiéis ao que Ele ensinou, e convictos da salvação que Ele nos trouxe, ressuscitarão um dia para reinar com Ele no Céu!
Portanto, os discípulos jamais poderiam ter roubado o corpo de Jesus para depois se tornarem testemunhas de uma mentira. Não! Eles eram testemunhas oculares de uma verdade (At 1.22;3.15;13.30,31; 1 Co 9.1;15.11).
AS IMPOSSIBILIDADES FÍSICAS QUE IMPEDIAM DE OS DISCÍPULOS ROUBAREM O CORPO DE JESUS
Além das barreiras psicológica e ética que impediam os discípulos de roubarem o corpo de Jesus, existiam também as impossibilidades físicas. Ei-las:
a) Os discípulos teriam de se aproximar do túmulo sem serem vistos pelos guardas, e isto era praticamente impossível, pois durante aqueles três dias, nada em toda a Palestina estava sendo tão bem guardado como o túmulo de Cristo;
b) A hipótese de que para roubarem o corpo de Jesus os discípulos tiveram de enfrentar e vencer os guardas é ridícula: como simples homens, sem preparo militar ou habilidade no uso de armas, poderiam enfrentar e vencer soldados romanos bem armados, atentos e experientes?
c) A hipótese de corrupção também é outra que deve ser descartada. Os guardas jamais concordariam em se deixar subornar pelos discípulos, pois teriam em seguida de dar explicações às autoridades sobre o desaparecimento do corpo de Jesus. Receber dinheiro dos discípulos e deixá-los violar a sepultura e roubar algo que estava sob o cuidado deles é de todo inadmissível, quando consideramos a rigorosa disciplina romana com relação às sentinelas.
A guarda que Pilatos entregara aos principais sacerdotes e fariseus para vigiar o túmulo de Jesus sabia que qualquer negligência naquele serviço resultaria em pena de morte. A sentinela que fosse encontrada dormindo no posto de vigilância era condenada à morte pelas leis romanas. Comandando os soldados estava um centurião.
Segundo antigos escritores, esse homem chamava-se Petrônio. Certamente ele era o mesmo que reconhecera a divindade de Jesus, quando o Salvador expirou no Calvário (Mt 27.34).
Como soldados do Império Romano, treinados sob rigorosa disciplina, o centurião e os seus comandados tinham todas as condições de cumprir as ordens do Governador. Todos eles haviam jurado lealdade ao César, e Pilatos representava naquele caso a pessoa do Imperador.
Segundo comentário de um erudito católico, nunca um “criminoso” havia causado tanta preocupação, mesmo depois de ter sido executado. A preocupação em evitar que o corpo de Jesus fosse roubado era tanta, que eles selaram a grande pedra que fechava a entrada da sepultura com o selo imperial de Roma (Mt 27.66).
Mostrando ser impossível a hipótese do suborno dos soldados romanos pelos discípulos, e destacando a importância que o selo sobre a pedra do túmulo tinha para os soldados, assim comentou o professor Alberto Roper:
“O selo romano, fixado à pedra que tapava o túmulo, era para eles muito mais sagrado que toda a filosofia de Israel ou a santidade de seu antigo credo. Soldados que tinham suficiente sangue frio para lançar sorte sobre a túnica de uma vítima agonizante, não são a classe de homens que se deixa enganar por tímidos galileus, nem tampouco arriscam seus pescoços romanos dormindo no posto.”
A IMPOSSIBILIDADE DE OS DISCÍPULOS TEREM CAVADO UM TÚNEL ATÉ O CORPO DE JESUS
Sendo impossível os discípulos se aproximarem do sepulcro de Cristo sem serem vistos pelos guardas, temos que considerar também a impossibilidade de eles terem cavado um túnel na rocha em tão pouco tempo e sem serem ouvidos.
Porém, caso isso tivesse acontecido, teriam ficado os sinais: o túnel aberto pelos discípulos teria sido apresentado pelas autoridades judaicas como prova de que os discípulos haviam roubado o corpo de Cristo, e em seguida passado a pregar uma ressurreição forjada, falsa.
Mas as autoridades nada puderam apresentar, pois não havia nada que levasse qualquer pessoa em Jerusalém a aceitar a absurda teoria do roubo do corpo de Jesus. O nosso Salvador, acima de qualquer dúvida, havia ressuscitado!
Jefferson Magno Costa