O nascimento, o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo representam o alicerce do cristianismo. Cristo não foi uma pessoa a mais a fundar uma religião, mas o Único que, com o seu sangue, abriu para os povos o verdadeiro caminho de salvação que conduz ao Céu. No decorrer de quase dois mil anos, o cristianismo tem inspirado inumeráveis obras entre os seres humanos.
Com o intuito de dar um toque poético a este blog, reunimos alguns poemas sobre a crucificação de Jesus. São de autoria de poetas que enriqueceram a poesia de temática cristã-evangélica de língua portuguesa: meus saudosos amigos Joanyr de Oliveira (1933-2009) e Gióia Júnior (1931-1996), e o genial e (injustamente) esquecido poeta cearense José de Abreu Albano (1882-1923). Entre eles, inclui um soneto de tendência modernista que escrevi em 1983 (vez ou outra, eu também cometo esses delitos).
SENHOR, EU VEJO
Joanyr de Oliveira
Com alguns pregos
trêmulos e um madeiro
pesado de angústias
e remorsos futuros
feriram-te, Cristo.
Hoje, Senhor, eu vejo.
Todo o peso do inferno
e a humana culpa
sobre ti desabaram
na extrema hora
da amarga colheita,
(mas de plena vitória
sobre os braços da morte.)
Hoje, Senhor, eu vejo.
E eu lá estava, Jesus,
nessa carga de fel
e de agudo silêncio.
Teus olhos em sangue
sobre mim pousaram.
As gotas da fronte
apagaram abismos
de minhas trevas.
Hoje, Senhor, eu vejo.
Vera vida brotou
De tua morte, Cristo.
E as colunas da noite
mergulhadas em pânico
gotejaram seu medo.
Mesmo os céus rasgaram
As cortinas do azul.
Em teu corpo moído,
as máguas e as dores
deste mundo insano,
deste mundo em pântanos,
deste mundo infame.
Hoje, Senhor, eu vejo.
RECONQUISTA UNIVERSAL NO GÓLGOTA
Jefferson Magno Costa
Prego e carne,
têmpora e espinho,
lábios, sede
e sangue
soerguidos em cruz:
por entre pedras,
trapos de véu,
tremores
e túmulos iluminados,
rasgam um caminho,
vertical e límpido.
Equilibram, pesam
e compram
horizontes reencontrados
.
A GRANDEZA DO AMOR DIVINO
José Albano
Amar é desejar o sofrimento,
E contentar-se só de ter sofrido,
Sem um suspiro vão, sem um gemido,
No mal mais doloroso e mais cruento.
É viver desta vida tão isento
E neste mundo enfim tão esquecido,
É por o seu cuidar num só sentido,
E todo o seu sentir, num só tormento.
É viver qual humilde carpinteiro,
De rudes pescadores rodeado,
Caminhando ao suplício derradeiro.
É viver sem carinho nem agrado,
E ser enfim vendido por dinheiro,
E entre ladrões, morrer crucificado.
ENCONTRO
Gióia Júnior
No espaço
sem luz
um traço
seduz –
Reduz
cansaço,
conduz
meus passos
E avisto
o espaço
em luz:
– É Cristo
nos braços
da cruz!
Pastor Jefferson
ResponderExcluirNão há como deixar de comentar. Não há como deixar de se inspirar. Lindos poemas. Os sonetos refletem as almas dos poetas em Cristo. Como é bom saber que Seus braços na horizontal podem nos abraçar. Reduzir nossos cansaços em Seus afáveis braços.
Este é um dos três temas basilares do cristianismo, irmã Inajá.
ResponderExcluirQue lindo seu poema, fica implícito em cada espaço, em cada palavra a profundidade e a imensidão dessas palavras. Deus o abençoe sempre!
ResponderExcluir