terça-feira, 28 de setembro de 2010

VOZES DA POESIA EVANGÉLICA 1

     O nascimento, o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo representam o alicerce do cristianismo. Cristo não foi uma pessoa a mais a fundar uma religião, mas o Único que, com o seu sangue, abriu para os povos o verdadeiro caminho de salvação que conduz ao Céu. No decorrer de quase dois mil anos, o cristianismo tem inspirado inumeráveis obras entre os seres humanos.
     Com o intuito de dar um toque poético a este blog, reunimos alguns poemas sobre a crucificação de Jesus. São de autoria de poetas que enriqueceram a poesia de temática cristã-evangélica de língua portuguesa: meus saudosos amigos Joanyr de Oliveira (1933-2009) e Gióia Júnior (1931-1996), e o genial e (injustamente) esquecido poeta cearense José de Abreu Albano (1882-1923). Entre eles, inclui um soneto de tendência modernista que escrevi em 1983 (vez ou outra, eu também cometo esses delitos).

SENHOR, EU VEJO
Joanyr de Oliveira

Com alguns pregos
trêmulos e um madeiro
pesado de angústias
e remorsos futuros
feriram-te, Cristo.
Hoje, Senhor, eu vejo.

Todo o peso do inferno
e a humana culpa
sobre ti desabaram
na extrema hora
da amarga colheita,
(mas de plena vitória
sobre os braços da morte.)
Hoje, Senhor, eu vejo.

E eu lá estava, Jesus,
nessa carga de fel
e de agudo silêncio.
Teus olhos em sangue
sobre mim pousaram.
As gotas da fronte
apagaram abismos
de minhas trevas.
Hoje, Senhor, eu vejo.

Vera vida brotou
De tua morte, Cristo.
E as colunas da noite
mergulhadas em pânico
gotejaram seu medo.

Mesmo os céus rasgaram
As cortinas do azul.
Em teu corpo moído,
as máguas e as dores
deste mundo insano,
deste mundo em pântanos,
deste mundo infame.
Hoje, Senhor, eu vejo.

RECONQUISTA UNIVERSAL NO GÓLGOTA
Jefferson Magno Costa

Prego e carne,
têmpora e espinho,
lábios, sede
e sangue

soerguidos em cruz:
por entre pedras,
trapos de véu,
tremores

e túmulos iluminados,
rasgam um caminho,
vertical e límpido.

Equilibram, pesam
e compram
horizontes reencontrados
.
A GRANDEZA DO AMOR DIVINO
José Albano

Amar é desejar o sofrimento,
E contentar-se só de ter sofrido,
Sem um suspiro vão, sem um gemido,
No mal mais doloroso e mais cruento.

É viver desta vida tão isento
E neste mundo enfim tão esquecido,
É por o seu cuidar num só sentido,
E todo o seu sentir, num só tormento.

É viver qual humilde carpinteiro,
De rudes pescadores rodeado,
Caminhando ao suplício derradeiro.

É viver sem carinho nem agrado,
E ser enfim vendido por dinheiro,
E entre ladrões, morrer crucificado.

ENCONTRO
Gióia Júnior

No espaço
sem luz
um traço
seduz –

Reduz
cansaço,
conduz
meus passos

E avisto
o espaço
em luz:

– É Cristo
nos braços
da cruz!

3 comentários:

  1. Pastor Jefferson
    Não há como deixar de comentar. Não há como deixar de se inspirar. Lindos poemas. Os sonetos refletem as almas dos poetas em Cristo. Como é bom saber que Seus braços na horizontal podem nos abraçar. Reduzir nossos cansaços em Seus afáveis braços.

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  2. Este é um dos três temas basilares do cristianismo, irmã Inajá.

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  3. Que lindo seu poema, fica implícito em cada espaço, em cada palavra a profundidade e a imensidão dessas palavras. Deus o abençoe sempre!

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