Aurélio
Agostinho (Numídia, Argélia,354-430,Hipona, Argélia), autor
cristão extraordinário em todos os assuntos, utilizando doutrina tirada
da escola do rei Davi, ensina que há dois tipos de inimigos: uns que
perseguem, outros que bajulam. Agostinho disse que devemos temer mais a
língua do bajulador que a mão do perseguidor.
A mão do perseguidor arma-se com a espada, com a lança, com a seta, com o veneno, e com todos os demais instrumentos de ferir e matar. Porém, temos que temer muito mais a língua aparentemente desarmada do bajulador, pois é muito mais perigosa que todas essas armas do perseguidor juntas.
A mão do perseguidor arma-se com a espada, com a lança, com a seta, com o veneno, e com todos os demais instrumentos de ferir e matar. Porém, temos que temer muito mais a língua aparentemente desarmada do bajulador, pois é muito mais perigosa que todas essas armas do perseguidor juntas.
Alguns autores comparam o bajulador ao camaleão, que não tendo cor
própria nem definida, reveste-se e pinta-se de todas as cores, quaisquer
que sejam as do objeto vizinho. Outros o comparam à sombra, que não tem
outro movimento que não seja imitar o corpo interposto à luz, do qual
nunca se separa, e sempre e para qualquer parte o segue.
Outros comparam o bajulador ao espelho, retrato natural e recíproco de quem nele se vê. Por que se tu o olhares, ele olhará para ti. Se tu rires, ele rirá. Se chorares, ele chorará. Porém, serão lágrimas sem dor e riso sem alegria. Todavia, como o camaleão, a sombra e o espelho são imitadores mudos, a comparação que Agostinho fez do bajulador é a mais adequada e melhor de todas. Ele o comparou ao eco.
Outros comparam o bajulador ao espelho, retrato natural e recíproco de quem nele se vê. Por que se tu o olhares, ele olhará para ti. Se tu rires, ele rirá. Se chorares, ele chorará. Porém, serão lágrimas sem dor e riso sem alegria. Todavia, como o camaleão, a sombra e o espelho são imitadores mudos, a comparação que Agostinho fez do bajulador é a mais adequada e melhor de todas. Ele o comparou ao eco.
O eco sempre repete o que diz a voz, e não sabe dizer outra coisa. Onde
as concavidades são muitas, é cena verdadeiramente divertida ver como
os ecos vão se respondendo sucessivamente uns aos outros, e todos sem
variação, dizendo a mesma coisa. É assim que agem os bajuladores. O que
disse a primeira voz, é o que todos repetem uniformemente.
Se o rei disser que quer iniciar uma guerra, mesmo que essa guerra seja
de consequências perigosas, o que os ecos respondem? Guerra! guerra!
guerra! Mas se o rei disser que quer declarar paz, mesmo que a ocasião
seja desaconselhável e as condições impostas pelo inimigo sejam
indecorosas, o que os ecos respondem? Paz! paz! paz! Se o rei disser que
quer enriquecer os cofres públicos, mas para isso terá de aumentar
consideravelmente os impostos, ainda que seus pretextos tenham mais de
egoísmo e vaidade que de utilidade, o que os ecos respondem? Impostos!
impostos! impostos! Da mesma forma agem os bajuladores.
Sêneca dizia que preferia muito mais ofender o rei com a verdade, do que agradá-lo com a bajulação. Mas quem era Sêneca? Um grande filósofo estóico. Ele ensinava que a pessoa que possuía a maior riqueza era aquela que sabia viver sem depender de nenhuma. E ele mesmo praticou isso, pois sendo um homem riquíssimo, renunciou a todas as suas riquezas e entregou-as ao Estado romano. Ora, um homem que foi capaz de aumentar os tesouros do rei com a doação dos seus bens, tinha coragem e autoridade suficientes para correr o risco de ofender o rei com a verdade do que agradá-lo com a adulação.
Porém, aqueles que querem remediar a sua pobreza, melhorar a sua casa ou alimentar a sua vaidade com os tesouros do rei, que podemos esperar deles? Que digam cinquenta adulações para conseguir um cargo, e que não se atrevam a dizer meia verdade, para não perdê-lo.
Sêneca dizia que preferia muito mais ofender o rei com a verdade, do que agradá-lo com a bajulação. Mas quem era Sêneca? Um grande filósofo estóico. Ele ensinava que a pessoa que possuía a maior riqueza era aquela que sabia viver sem depender de nenhuma. E ele mesmo praticou isso, pois sendo um homem riquíssimo, renunciou a todas as suas riquezas e entregou-as ao Estado romano. Ora, um homem que foi capaz de aumentar os tesouros do rei com a doação dos seus bens, tinha coragem e autoridade suficientes para correr o risco de ofender o rei com a verdade do que agradá-lo com a adulação.
Porém, aqueles que querem remediar a sua pobreza, melhorar a sua casa ou alimentar a sua vaidade com os tesouros do rei, que podemos esperar deles? Que digam cinquenta adulações para conseguir um cargo, e que não se atrevam a dizer meia verdade, para não perdê-lo.
Diógenes, outro grande filósofo da antiguidade, que jamais concordou em
adular os reis em troca de riquezas ou cargos, era tão pobre que não
tinha sequer uma choupana para morar, e vivia dentro de um barril. O
imperador Alexandre o Grande ouviu falar de Diógenes e quis conhecê-lo.
Encontrou-o em uma planície perto de um bosque, com o semblante sereno e
feliz, calmamente sentado dentro do seu barril, apreciando a natureza
enquanto meditava.
Alexandre o Grande ficou impressionado ao ver um homem tão desprendido
dos bens materiais, exatamente o oposto dele e de todos os bajuladores
que o cercavam. Como era o rei mais poderoso do mundo naquela época,
Alexandre disse a Diógenes que lhe pedisse o que quisesse. Diógenes
respondeu: “Peço-te que não me tires o que não me podes dar.” Diógenes
disse isto porque era Inverno, e Alexandre, ao parar diante do filósofo,
estava impedindo, com a sombra do seu corpo, que Diógenes continuasse
tomando o seu banho de sol. Alexandre virou-se para os ministros e
generais que o acompanhavam e comentou: “Se eu não fosse Alexandre, o
único homem que eu gostaria de ser nesse mundo era Diógenes.”
Durante todo o tempo em que o rei Dionísio dominou a Sicília, não
conseguiu subornar o grande filósofo Diógenes para fazê-lo parar de
dizer-lhe algumas verdades. Diógenes, que era admirado por todos por sua
coragem, sinceridade, e porque jamais aceitara vender sua consciência,
estava certa vez lavando algumas ervas para comer, quando um dos
bajuladores do rei aproximou-se e disse-lhe: “Se tu adulasses ao rei
Dionísio não comerias ervas.” Imediatamente, Diógenes respondeu: “E se
tu te contentasses em comer ervas, não precisarias adular a Dionísio.”
Perguntaram certa vez a Biantes, um dos sete Sábios da Grécia, qual era o animal mais venenoso do mundo, e ele respondeu: “Dos bravos o tirano, dos mansos o bajulador.” Ao chamar a adulação de veneno, Biantes acertou em cheio; porém, ao distinguir o tirano do adulador, Biantes não foi muito feliz, porque todo adulador é um tirano.
O maior tirano que houve no tempo do nosso Salvador Jesus Cristo foi Herodes. Porém, os seus bajuladores ainda foram maiores tiranos que ele, porque o rei foi o tirano dos seus vassalos, e os bajuladores foram os tiranos do rei.
Perguntaram certa vez a Biantes, um dos sete Sábios da Grécia, qual era o animal mais venenoso do mundo, e ele respondeu: “Dos bravos o tirano, dos mansos o bajulador.” Ao chamar a adulação de veneno, Biantes acertou em cheio; porém, ao distinguir o tirano do adulador, Biantes não foi muito feliz, porque todo adulador é um tirano.
O maior tirano que houve no tempo do nosso Salvador Jesus Cristo foi Herodes. Porém, os seus bajuladores ainda foram maiores tiranos que ele, porque o rei foi o tirano dos seus vassalos, e os bajuladores foram os tiranos do rei.
O texto do profeta Miquéias que os bajuladores explicaram a Herodes
sobre o nascimento do novo Rei, fala expressamente de dois nascimentos
do Messias, um temporal, como homem, e outro eterno, como Deus. O
temporal como homem: “...de ti me sairá o que será Senhor em Israel” (Mq
5.2a), e o eterno como Deus: “e cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2b).
O que os escribas e os príncipes dos sacerdotes, os maiores bajuladores de Herodes, fizeram na tentativa de dar pistas sobre o nascimento do Messias àquele rei que se perturbara e deixara todos perturbados ao saber que um rei ameaçador do seu trono havia nascido? (Mt 2.3,4). Na tentativa de ajudar aquela raposa traiçoeira, os bajuladores citaram a passagem profética de Miquéias. Mas só citaram a primeira parte, que fala sobre a natureza humana de Jesus, silenciando totalmente sobre a segunda natureza, a divina: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.” (Mt 2.6).
O que os escribas e os príncipes dos sacerdotes, os maiores bajuladores de Herodes, fizeram na tentativa de dar pistas sobre o nascimento do Messias àquele rei que se perturbara e deixara todos perturbados ao saber que um rei ameaçador do seu trono havia nascido? (Mt 2.3,4). Na tentativa de ajudar aquela raposa traiçoeira, os bajuladores citaram a passagem profética de Miquéias. Mas só citaram a primeira parte, que fala sobre a natureza humana de Jesus, silenciando totalmente sobre a segunda natureza, a divina: “E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.” (Mt 2.6).
Tendo sido enganado por seus bajuladores, Herodes supôs que aquele que
havia nascido em Belém era tão-somente homem e não Deus, e que podia
matá-lo. E a consequência dele pensar assim foi o decreto da morte dos
inocentes (Mt 2.16). Sendo um assunto tão grave, o mais grave que
poderia haver naquela corte, pois envolvia a coroa e a salvação de
Israel, aqueles enganadores citaram a profecia de Miquéias pela metade,
com o intuito de, através de uma meia-mentira e uma bajulação,
traquilizarem o coração amedrontado daquele tirano. Vejam em que pode
resultar a bajulação! Muitas crianças inocentes foram mortas graças à
atitude dissimulada e falsa de um bando de bajuladores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário