sábado, 6 de novembro de 2021

NÓS NÃO SEREMOS ESQUECIDOS... NOS LIVROS DO CÉU

Jefferson Magno Costa     


      Nós não seremos esquecidos... na eternidade. Nos registros de Deus. Nos livros que estão sendo escritos no Céu, em cujas páginas o relato da nossa vida, todas as nossas ações, ficarão registrados para sempre. 
     Uma das coisas que mais felicita o meu coração quando penso nas surpresas que a eternidade nos aguarda, é saber que existem livros no Céu! "E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras", Ap 20.12. 
     A imensa paixão pelos livros antigos ainda não me fez delirar. Sei que tudo no Céu será diferente. Mas se Jesus fosse satisfazer o desejo de muitos dos seus filhos que são apaixonados por livros, teria que construir no Céu bibliotecas maiores que a do Congresso,    nos Estados Unidos (a maior do mundo, com os seus 130 milhões de livros e outros documentos. A nossa, a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, é a oitava maior do mundo, com seus mais de 10 milhões). 
         E nem quero discutir aqui que tipo de suporte têm os livros no Céu, se o suporte papel, se o suporte eletrônico, virtual, ou outro suporte ainda desconhecido aqui na terra. Mas o fato é que, no Céu, existem livros. E os nossos nomes e histórias estão escritos neles. Para sempre. 
     Já aqui na terra... é outra conversa. Um rápido cálculo sobre os escritores que desapareceram ou hoje não são mais lidos ou lembrados, mostra o quanto é efêmera, fugaz, nuvem passageira, a fama, a glória literária humana. 
     Centenas de pregadores portugueses tão geniais quanto o padre Antônio Vieira estão hoje esquecidos nas velhas bibliotecas de Portugal. Shakespeare teve em sua época dezenas de dramaturgos geniais e rivais, que hoje estão esquecidos.

 Todas as literaturas do mundo têm hoje milhares e milhares de nomes de escritores que desapareceram. São milhões de livros preciosíssimos que não chegaram até nós. O incêndio da biblioteca de Alexandria, só para citar uma das muitas bibliotecas na história da humanidade, que desapareceram pelo fogo, pelo saque, por terremotos, por inundações, destruiu milhares de obras, exemplares que eram únicos no mundo, e lançou no abismo do esquecimento eterno o nome de seus autores. 
           
















Milhares e milhares de livros escritos por homens tão geniais quanto Sócrates, Platão e Aristóteles, ou mais geniais que os três mais famosos trágicos gregos Sófocles, Ésquilo e Eurípides, viraram pó, não chegaram até nós. Foram devorados pelos dentes implacáveis do tempo. 

     E isto ocorreu em Roma, no Egito, na China, na Assíria, na Babilônia (onde estão hoje os milhares de outros livros que não foram reunidos por  Assurbanipal, e ficaram fora de sua biblioteca de milhares de tabletes de barro?), e em muitos outros países.
      Paul Migne foi o homem que gastou a vida inteira reunindo todas as obras teológicas e inspiracionais possíveis de ser encontradas, escritas em grego ou em latim pelos Pais da Igreja (os escritores que escreveram suas obras nos seis primeiros séculos do cristianismo). Após mais de 60 anos de pesquisa, Migne conseguiu elencar pouco mais de 500 autores, totalizando umas 20 mil obras, e publicou-as como uma imensa coleção em 1800 e alguma coisa. Esse imenso e riquíssimo acervo é apreciado na atualidade pelo próprio erudito italiano Umberto Eco, entre outros. 
    















 Mas isso, nas contas de Migne, representou só vinte por cento de tudo o que os Pais da Igreja escreveram. E os 80 por cento restantes, onde estão? Viravam pó, junto com os seus autores. Tesouros grandiosos, sublimes, obras teológicas, inspiracionais e históricas que jamais conheceremos. Esses autores estão hoje totalmente esquecidos na história de todas as literaturas. Sabemos que existiram por que um trecho ou outro de seus livros foi citado por Eusébio de Cesareia ou outro escritor cristão do terceiro ou quarto século. No mais, estão esquecidos. 
     Chega, abusei de sua paciência, prezado leitor. Isto já está virando lamúria ou cantilena de velório. Podemos continuar o assunto em outra ocasião.

Jefferson Magno Costa 

2 comentários:

  1. Lamúria? Eu é que sei a emoção que senti quando, aos 13 anos encontrei um livro na minha casa. Simmm 1 livro era uma coisa rara na casa dos meus pais! Eu, sem saber do que se tratava, li devorando e surtando (por não entender a linguagem) cada palavrinha do exemplar de 1982 de Dom Casmurro. Obra que tenho guardada com apreço e capa plástica especial que mandei pôr. Não por raridade e data do exemplar, mas pela importância da obra em minha vida, que me abriu caminho pras demais... Parece bobo diante do seu acervo... Mas a graça é que li 5 vezes por que me recusava não entender o que estava ali (teimosa não?)... Sorrio até hoje de lembrar disso! E foi com Machado de Assis que começou essa história de amor pelas páginas empoeiradas dos livros. Se temos (vc tambem, creio eu) o Machado no começo de tudo, o que haveremos de ter no fim de nossa caminhada leiturística??? O céu é o limite, literalmente... Me imagino ouvindo pessoalmente cada um dos autores das raridades que nunca pude tocar, nem conhecer, me imagino mergulhada no Chokmah do Senhor!!!
    E agora é a minha vez de dizer chega de ladainha! pq fui do meu passado à eternidade em poucas linhas, estou com nostalgia e querendo ir já pro céu.. mas ainda não é hora, ainda tenho muitas páginas do grande livro pra viver, um roteiro incrível escrito pelas próprias mãos do Autor da vida! E olha, Ele sabe como escrever boas histórias!!!! Fico cada vez mais apaixonada pelo Seu estilo único e incomum!!!
    ; )

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  2. Susana, também tive o privilégio de descobrir Machado de Assis na adolescência. Morei durante alguns anos em companhia de minha avó e minha tia, Maria da Glória Costa, que era professora de português e literatura na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. E olha só a felicíssima coincidência: a casa de minha avó ficava na rua Machado de Assis, no bairro do Alecrim, em Natal.
    Minha tia era dona de uma grande biblioteca, e eu, com os meus 14 anos de idade, apropriei-me de todos aqueles livros, a ponto de ela vir muitas vezes me perguntar se nas estantes havia ou não determinado livro, determinado autor. Tornei-me um leitor assíduo, voraz, ininterrupto, lendo todos os dias livros e livros dos melhores autores nacionais e estrangeiros.
    Aos 15 anos de idade li todo o Machado de Assis, cuja obra completa havia sido publicada pela Clássicos de Jackson, em capa dura verde, em 31 volumes. Embarquei também no universo de José de Alencar, de Monteiro Lobato, de Graciliano Ramos, de Eça de queiroz, de muitos e muitos poetas, de muitos grandes autores teológicos. Lia comentários, estudos bíblicos, tudo o que eu encontrasse nas estantes da biblioteca de minha tia.
    Eu lia tanto que certa vez foi preciso minha avó chamar o meu pai, que morava em outro endereço, para vir me obrigar a sair de casa, pois estávamos no período de férias escolares, e há 10 dias que eu não via o "olho da rua", só lendo, lendo, lendo. Nem à igreja eu estava indo mais. Um sacrilégio. Meu pai deu-me dinheiro e obigou-me a sair, a respirar outros ares, a assistir um filme, a procurar uma namorada. Saí, mas levei comigo um livro escondido dentro da camisa.
    A casa de minha avó ficava em uma esquina, e era cercada por um grande jardim. A casa tinha muros altos. Na rua havia um poste encostado no muro pelo lado de fora, cuja luz iluminava generosamente o jardim à noite. Pois eu esperava que todos na casa adormecessem, abria silenciosamente a porta da cozinha, e ia sentar-me com um livro em um banco que eu improvisara encostado ao muro, muito bem iluminado pela luz do poste da rua, protegido e oculto no canto do jardim, e lia, lia, lia mudrugada a dentro.
    Quando entrei no corpo de Fuzileiros Navais, chamei a atenção e fui "encarnado" pelos colegas devido à quantidade de livros que eu guardava dentro do armário. Quando fiz em 1981 uma viagem internacional de seis meses no navio Escola Custódio de Melo, fui chamado por um capitão-de-corveta, chefe do convés do navio, para explicar porque eu estava comprando tantos livros em cada país que chegávamos. "Vai pedir baixa da Marinha e abrir uma livraria?" perguntou o oficial? Alguém podia pensar que o meu caso era psiquiátrico, digno de chamarem a carrocinha, me amarrarem e me recolherem a um asilo de loucos. Mas não era loucura. Era paixão extrema, fascínio pelos livros, felicidade de poder entrar naquele universo infinito de outros países, outras culturas, outras épocas, de sonhos, romantismo e heroísmo que os livros me abriam. Uma doença incurável, que tem se agravado ao longo dos anos.
    O quê? Já escrevi tudo isso? Perdão. Chega. Ainda bem que inventaram o ponto final.

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