Jefferson Magno Costa
Pregadores, vocês sabem por que as nossas pregações produzem tão pouco efeito nos ouvintes? Porque não pregamos aos olhos dos que nos ouvem, pregamos só aos ouvidos.
Por que João Batista convertia tantos pecadores? Por que da mesma forma que suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos.
As palavras de João Batista pregavam arrependimento: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" (Mt 3.2). Porém, enquanto os lábios de João Batista pregavam essas palavras, os ouvintes olhavam para o pregador e ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que é o retrato do arrependimento e da vida austera e consagrada a Deus".
Os lábios de João Batista pregavam o jejum e repreendiam o pecado da gula. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que se sustenta de gafanhotos e mel silvestre".
Os lábios de João Batista pregavam a modéstia e condenavam a vaidade. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que se veste de roupa feita de pelos de camelo, e usa um simples cinto de couro em torno da cintura".
Os lábios de João Batista pregavam o desapego do mundo e a fuga do convívio das pessoas materialistas, soberbas e corrompidas. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar:
"Eis aqui o homem que deixou o conforto da corte e as tentações da cidade, e foi morar no deserto para consagrar-se a Deus e preparar-se para servi-lo melhor".
Porém, se os ouvintes ouvem uma coisa e veem outra, como hão de abrir o coração para a nossa mensagem e se converter?
Jacó colocava as varas manchadas diante das ovelhas quando estas concebiam, e o resultado disso era que os cordeiros nasciam manchados, ou malhados (Gn 30.37-39). Se enquanto os ouvintes ouvem a nossa pregação têm diante dos seus olhos as nossas manchas, como hão de conceber virtudes?
Se a minha vida é o contrário da minha doutrina; se as minhas palavras soam desmentidas por minhas obras; se uma coisa é a maneira como o pregador se conduz no mundo, e outra a semente que ele semeia, como podemos esperar que essa semeadura produza frutos?
(Trecho do Sermão da Sexagéssima, pregado em 1655 na Capela Real, em Lisboa, pelo maior pregador da língua portuguesa, Antônio Vieira. Adaptado e atualizado para o leitor do século 21).
Jefferson Magno Costa
Pregadores, vocês sabem por que as nossas pregações produzem tão pouco efeito nos ouvintes? Porque não pregamos aos olhos dos que nos ouvem, pregamos só aos ouvidos.
Por que João Batista convertia tantos pecadores? Por que da mesma forma que suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos.
As palavras de João Batista pregavam arrependimento: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" (Mt 3.2). Porém, enquanto os lábios de João Batista pregavam essas palavras, os ouvintes olhavam para o pregador e ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que é o retrato do arrependimento e da vida austera e consagrada a Deus".
Os lábios de João Batista pregavam o jejum e repreendiam o pecado da gula. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que se sustenta de gafanhotos e mel silvestre".
Os lábios de João Batista pregavam a modéstia e condenavam a vaidade. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar: "Eis aqui o homem que se veste de roupa feita de pelos de camelo, e usa um simples cinto de couro em torno da cintura".
Os lábios de João Batista pregavam o desapego do mundo e a fuga do convívio das pessoas materialistas, soberbas e corrompidas. E quando os ouvintes olhavam para o pregador, ouviam o seu exemplo pregar:
"Eis aqui o homem que deixou o conforto da corte e as tentações da cidade, e foi morar no deserto para consagrar-se a Deus e preparar-se para servi-lo melhor".
Porém, se os ouvintes ouvem uma coisa e veem outra, como hão de abrir o coração para a nossa mensagem e se converter?
Jacó colocava as varas manchadas diante das ovelhas quando estas concebiam, e o resultado disso era que os cordeiros nasciam manchados, ou malhados (Gn 30.37-39). Se enquanto os ouvintes ouvem a nossa pregação têm diante dos seus olhos as nossas manchas, como hão de conceber virtudes?
Se a minha vida é o contrário da minha doutrina; se as minhas palavras soam desmentidas por minhas obras; se uma coisa é a maneira como o pregador se conduz no mundo, e outra a semente que ele semeia, como podemos esperar que essa semeadura produza frutos?
(Trecho do Sermão da Sexagéssima, pregado em 1655 na Capela Real, em Lisboa, pelo maior pregador da língua portuguesa, Antônio Vieira. Adaptado e atualizado para o leitor do século 21).
Jefferson Magno Costa
Gostei muito. Precisamos realmente assim fazer.
ResponderExcluirMauro G.Gomes