(Resposta a um comentário sobre a matéria SARAMAGO FOI AO ENCONTRO DO SEU IRMÃO CAIM, enviado ao nosso blog por Oséias Balzaretti, e publicado por nós no final da referida matéria. Sugerimos que os leitores leiam esse importante comentário. A seguir, nossa resposta ao comentário do Oséias):
Prezado irmão Oséias:
Achei bela e louvável sua atitude de defender a situação de Saramago na eternidade. Porém, lamento ter de lhe informar que o que aconteceu entre Saramago e Deus não foram meras “desavenças”, conforme o irmão classificou. Tampouco Saramago, ao proferir suas blasfêmias e impropérios contra Deus, estava dirigindo-se a um deus com “d” minúsculo, conforme o próprio irmão distinguiu, mas sim atacando o Deus Eterno, Criador dos céus e da terra, que nos enviou o seu Filho Jesus Cristo para morrer por nós e nos proporcionar a salvação.
Lamento também ter de lhe lembrar que, agora, nenhum ser humano poderá fazer qualquer coisa em favor do ilustre escritor português, algo que mude a situação desconfortável em que ele se encontra na eternidade diante de Deus, o Deus cuja existência ele sempre negou, e contra quem proferiu impropérios e palavrões.
O destino de Saramago está selado, amigo Oséias. A Bíblia é muito clara quanto a isto: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27).
Não sei se o irmão sabe, mas nesse juízo, todos os seres humanos que morreram sem aproveitar a salvação oferecida por Jesus Cristo serão julgados pelas obras que praticaram aqui na terra. Não estou inventando isso; está na Bíblia: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”, Apocalipse 20.12.
Portanto, prezado irmão Oséias, lamento ter de lhe informar também que as blasfêmias, os insultos, os palavrões, as ironias, os deboches e impropérios que o senhor Saramago escreveu ou proferiu contra Deus serão julgados nesse Tribunal, e estão enquadrados na lei da semeadura e da colheita, que também não fui eu quem criou; foi Deus: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; por que tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7).
E o que o nosso ilustre escritor português semeou? Vejamos uma pequena amostra de sua “semeadura”, durante uma entrevista a um jornalista do jornal Folha de São Paulo (está no Youtube; é só acessar).
O jornalista pergunta: “Após ser curado de uma doença, o senhor mudou de opinião quanto à existência de Deus?”
Saramago responde: “Por que haveria de mudar? Por que me salvou a vida, supostamente? Quem me salvou a vida foram os médicos... e esta que está sentada ali [diz o escritor, apontando para a esposa]. Deus simplesmente não existe. Existe na cabeça das pessoas. Inventamos Deus porque precisamos de Deus em um certo momento. Inventamos essa coisa absurdamente satânica que é o pecado. Quando a Igreja inventou o pecado, inventou um instrumento de controle dos corpos. Precisamos de Deus para quê? Nunca o vimos. Tudo aquilo que se diz que é Deus foi escrito por pessoas. A Bíblia foi escrita ao longo de dois mil anos. E a Bíblia não é um livro que se possa deixar nas mãos de um adolescente. Só tem maus conselhos, assassínios, incestos. É um desastre.”
Caro irmão Oséias, não cabe a mim julgar aqui Saramago; isto é da competência de Deus. Porém, não imagino Deus como talvez, devido à maneira como o irmão concluiu o seu comentário, o senhor o imagina: um velhinho bonachão, incapaz de pronunciar qualquer palavra de reprimenda ou praticar qualquer ato de justiça. Segundo seu comentário, Deus deve ter recebido Saramago na eternidade de braços abertos, e, depois de o sentar no colo, bateu um papo com ele, rindo das mal-criações daquele garotinho peralta. Após colocá-lo de novo no chão, Deus deve ter-lhe perdoado tudo, e dando um tapinha nas costas do escritor, o empurrou carinhosamente para dentro do Céu.
Meu prezado irmão Oséias, lamento ter de lhe informar que, baseado no tipo de semente que o Prêmio Nobel português semeou, é impossível imaginá-lo entrando no Céu e sendo em seguida recepcionado pelos anjos e pela multidão dos salvos e remidos pelo sangue de Jesus, o Jesus que Saramago ultrajou no livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Fica também muito difícil, irmão Oséias, imaginar que uma pessoa que espalhou, aos quatro ventos do mundo, blasfêmias, palavrões e insultos contra Deus, vai estar sentada ao seu ou ao meu lado, participando conosco das Bodas do Cordeiro.
O irmão acha que essa minha afirmação é fruto de exageros fundamentalistas? Pois para lhe provar que estou sendo até muito brando em minhas considerações sobre a conduta do senhor Saramago, apresentarei a seguir uma pequena amostra (entre muitas outras que tenho aqui) do tipo de "semente" que Saramago espalhou pelo mundo. (Vale lembrar que, após Saramago ter recebido o Prêmio Nobel de Literatura, seus livros foram traduzidos para dezenas de idiomas). Pena que eu não disponha ainda de tempo para expor e analisar, cuidadosa e pacientemente, outros trechos dos livros do ilustre escritor.
Porém, consideremos por enquanto o seu último romance, Caim. Segundo a narração de Saramago, após peregrinar longamente, Caim fez uma parada a fim de recuperar as energias. Deitou-se nas proximidades do monte Moriá, exatamente no lugar por onde passariam, dentro de instantes, Abraão e o seu filho Isaque a caminho do local do sacrifício. Eis como Saramago reconstruiu a cena (não estranhe o leitor no texto de Saramago a ausência de pontuação convencional e outros padrões e marcas que constituem a maneira como nós, simples mortais, escrevemos a língua portuguesa. Saramago, que não se considerava um simples mortal, inventou sua própria maneira de escrever. Além do mais, do auto de sua soberba, Saramago tratava Deus como "o senhor", com "s" minúsculo, e não como "o Senhor"; além de outras demonstrações de falta de respeito pela Altíssima, Santa e Soberana pessoa de Deus). Eis um pequeno trecho do Caim:
“Já as pálpebras tinham começado a pesar-lhe quando uma voz juvenil, de rapaz, o fez sobressaltar, Ó pai, chamou o moço, e logo uma outra voz, de adulto de certa idade, perguntou, Que queres tu, isaac, Levamos aqui o fogo e a lenha, mas onde está a vítima para o sacrifício, e o pai respondeu, O senhor há-de prover, o senhor há-de encontrar a vítima para o sacrifício. E continuaram a subir a encosta. Ora, enquanto sobem e não sobem, convém saber como isto começou para comprovar uma vez mais que o senhor não é pessoa em quem se possa confiar.
“Há uns três dias, não mais tarde, tinha ele dito a abraão, pai do rapazito que carrega às costas o molho de lenha, Leva contigo o teu único filho, isaac, a quem tanto queres, vai à região do monte mória e oferece-o em sacrifício a mim sobre um dos montes que eu te indicar. O leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôr os arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac. No terceiro dia da viagem, abraão viu ao longe o lugar referido. Disse então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês.
Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes.”
Caro irmão Oséias, minha indignação trava a minha mão e me impede de continuar escrevendo. Porém, não posso concluir essa comentário sem antes lembrar ao irmão que, quanto àquela “luz irradiante e plena de amor, o qual o abraçou e perdoou”, frase com a qual o irmão concluiu o seu comentário, não se esqueça de que essa luz pode muito bem não ser Jesus vindo ao encontro de Saramago, conforme o irmão sugere. Pode ser outra pessoa vindo ao encontro do escritor português, não para perdoá-lo, e sim para dar-lhe as “boas-vindas” pelos “bons serviços prestados” ao reino que não foi o de Deus. Não se esqueça do que a própria Bíblia nos avisa: para enganar os incautos e recepcionar os que estão a serviço dele, “o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz”, 2Coríntios 11.14.
Jefferson Magno Costa
Pastor Jefferson Magno,
ResponderExcluirPeço, por favor, que o senhor desconsidere a postagem que lhe enviei a pouco, pois a mesma não estava devidamente pronta para que fosse enviada. Segue, portanto, o outro texto no qual reescrevi com mais clareza:
Pastor Jefferson,
Ainda insisto no fato de que Saramago não "atacou" o nosso Senhor, antes desafiou o conceito que ele teve com relação a Deus. Penso que o famoso escritor fora uma criatura traumatizada pelo que deste deus o "forçaram" conhecer; ou seja, um deus cujo conceito que fortemente se enraizara em seu coração, tornando-o um ser amargo pelo resto de sua vida. Porém, diante disso, Deus, de maneira misericordiosa o contemplava, quem sabe pensando: Eu o perdôo, pois este não sabe o que faz. Deus jamais se ofenderia pelos "impropérios" amargos e dissolutos de uma alma angustiosa e aflita, pois se assim fosse não seria Deus, seria um "deus", parecido com aquelas divindades mitológicas iradas da antiguidade.
Caro Pastor Jefferson, compreendo bem o que quer dizer na Carta aos Hebreus (9.27), porém ainda prefiro pensar com as categorias do Amor e da Misericórdia de nosso Senhor, as quais ultrapassam os nossos desejos de justiça e entendimento hermenêutico também. Amigo Pastor, as categorias doutrinárias sobre a "salvação", nas quais laboram os teólogos, não exprime de maneira satisfatória a redenção, aquela que se deu na eternidade, onde voluntariamente o Cordeiro era imolado antes da fundação do mundo, em favor de toda a humanidade, e onde o sacerdócio eterno de Cristo Jesus se estabelece em Melquisedeque, cujo evento na história se deu na Cruz, fora dos portões de Jerusalém.
Portanto, não leio a Bíblia com as lentes da hermenêutica, pois uma vez que a Palavra se tornou carne em Jesus, então Ele mesmo interpreta a Bíblia toda em seus atos, modos, palavras, gestos, amor e perdão. E se o Verbo é a Palavra, logo a Bíblia toda está sujeita ao Verbo, cuja própria Bíblia diz dEle: É AMOR.
O que José Saramago escreveu em seu último livro sobre Caim, o fez de um modo sarcástico às interpretações "ortodoxas" e "categorizadas" da teologia cristã, a qual se propõe “ortodoxa”. Talvez o que tenha estimulado Saramago a escrever daquela maneira fosse a rude intelectualidade do catolicismo romano, o qual é, por vezes, desprovido de inteligência em suas interpretações teológicas da Bíblia e da vida. Ora, qualquer sujeito que ler a Bíblia - principalmente o Antigo Testamento - poderá tirar horríveis conclusões, desde que o faça desprovido da Palavra Eterna, o Verbo de Deus, cuja mente somente o compreenderá se for iluminada pela fé, pelo amor e, sobretudo, pela Graça.
Oséias