terça-feira, 5 de outubro de 2021

DE ONDE VEM O SENTIMENTO DE VAZIO QUE SE ABATE SOBRE O SER HUMANO?

PR. JEFFERSON MAGNO COSTA


      Há atualmente no mundo um mal aparentemente inexplicável, um fenômeno desconcertante que se tem manifestado agudamente desde o aparecimento das grandes cidades, em meio às super populações: a crise do vazio nos corações.
       Nunca as pessoas estiveram tão próximas umas das outras. Nunca dispuseram de tantos meios de aproximação fraterna, de ajuntamento para o trabalho, para os eventos sociais, para o esporte, para o entretenimento em massa, para o lazrf em amiliare para o lazer. Mas também nunca se sentiram tão solitárias e vazias.
    Por que essa doença espiritual tem-se apossado de milhões de pessoas, tolhendo-lhes os passos, deprimindo-as, invadindo-as com sentimentos de inutilidade e vazio interior?
     O apóstolo Paulo, na Segunda Carta aos Coríntios (7.10), fala de dois tipos de tristeza que se apossam do coração do ser humano: a tristeza segundo Deus, e a tristeza segundo o mundo.
      “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz a morte”.

A TRISTEZA SEGUNDO O MUNDO
    Esse sentimento de vazio que penetra as almas e anula todos os grandes motivos (ou incentivos) que impulsionam o ser humano à vida (clinicamente denominado de depressão), é produto do maior e mais antigo desastre existencial que já se abateu sobre a humanidade: o tropeço do primeiro homem no Éden, e a consequente perda de sua comunhão com Deus, seguidos do despertamento de sua consciência com relação ao pecado, e o inevitável e desastroso desvio de seu propósito e modo de vida.
       A crise existencial que a sociedade contemporânea enfrenta hoje é o ponto mais alto da escalada multimilenar do ser humano pelos caminhos vazios de Deus. É o somatório de todas as suas tentativas de encontrar a felicidade dentro ou fora de si – experiências que resultaram em fracasso e desilusão, restando-lhe tão-somente esse vazio do tamanho de Deus, segundo a conhecida frase do  escritor russo Fiódor Dostoievski.
       Fora do Éden, longe do seu Criador e em linha reta para o desespero, o homem adquiriu para si o perigoso direito de cumprir o seu próprio destino, e caminha na constante busca de uma felicidade que em parte alguma encontrará, a não ser em Deus, pois, como magistralmente reconheceu Agostinho de Hipona no seu muito citado mas lamentavelmente pouco lido livro Confissões: “Criaste-nos para Vós, e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Vós”.
       Mas há pessoas que não pensam como Agostinho. Há pessoas que pensam como “o profeta da liberdade sem Deus”, o filósofo francês Jean Paul Sartre, e afirmam que “o homem será aquilo que ele houver determinado ser”.
     E com isto a humanidade apresenta-se fatalmente dividida em dois grandes grupos: o dos que pensam como Agostinho, e o dos que pensam como Sartre.

O PROGRESSO TECNOLÓGICO COMO ORIGEM DA CRISE DO VAZIO
     Não resta dúvida que hoje as pessoas possuem mais motivos materiais para ser felizes do que as pessoas de outros séculos.
        A quantidade de possibilidades que se abrem diante da atual sociedade de consumo é ilimitada. Não é fácil imaginar um objeto que não esteja no mercado. Porém, mesmo possuindo melhores meios, mais conhecimento e mais recursos tecnológicos do que nunca em toda a sua história, a humanidade se entristece dia após dia.
      Longe de Deus, à procura de todas as formas tangíveis de felicidade, a humanidade dá sinais de estar cansada de sua peregrinação interminável e inútil.
      Os atentados, as crises e falências no sistema financeiro mundial, os terremotos, a fome, o descontrole climático, a violência, a imoralidade, o egoísmo, as greves, o terrorismo, as reivindicações de toda espécie – eis alguns dos frutos colhidos por quem atacou a natureza e revoltou-se contra Deus.
    À proporção que o conhecimento aumenta e multiplicam-se os poderosos recursos tecnológicos que resultam em mais riquezas e comodidades existenciais, recuam, lamentavelmente, para bem longe, as aspirações espirituais que têm levado o homem a se interessar por Deus e a tentar estabelecer um contato com ele.
      Grande parte da humanidade não tem qualquer interesse em assuntos espirituais. Eis as raízes da tristeza segundo o mundo.
     O ser humano dos dias atuais, imensamente rico, herdeiro de todas as conquistas que seus antepassados e seus contemporâneos realizaram, mas que não teve ainda um encontro de salvação com Jesus, que não sabe o que é entregar os seus caminhos ao Senhor, que ainda não aprendeu a confiar nele e caminhar com a convicção de que o mais Ele fará (Sl 37.5), é semelhante ao rei da França, Luis XV (1710-1774), que tinha todos os talentos, menos o talento que o tornasse capaz de fazer uso desses talentos.  
       É o que o grande ensaísta espanhol Miguel de Unamuno chamava de “a busca de uma justificativa existencial, de uma finalidade de vida, de um motivo para estar neste mundo”.

NÁUFRAGOS E SEM DEUS
        Desviados do caminho que conduz ao Céu, perdidos no caudal desse bravio e caudaloso rio das paixões humanas, milhões de seres humanos posicionam-se diante da vida com o mesmo sentimento trágico de amargura que sufocou um Albert Camus, encontrando na existência a mesma fatalidade da condição humana a que se referiu o romancista e ensaísta francês André Maurois (1885-1967. Procurem ler dele o ensaio De Proust a Camus, e Arte de Viver), e que encheu de pesadelos a vida do genial escritor judeu-theco Franz Kafka (1883-1924. O principal dele é A Metamorfose, que conta a história de um rapaz que um dia acorda transformado em um grande inseto -, O Castelo e Cartas ao Pai) e levou o filósofo francês existencialista Jean-Paul Sartre a divulgar a filosofia do nada existencial e a náusea de viver.
    Muitos se sentem, diante do mundo atual, como náufragos que não conseguem chegar à praia ou ao porto desejados. A velocidade do tempo em que as coisas acontecem hoje, a descomunal energia e o ímpeto vertiginoso com que na presente hora tudo é feito, desnorteiam e entristecem o indivíduo perdido nas pequenas e grandes cidades, que sente-se mais um rosto na multidão, uma individualidade dissolvida nesse turbilhão de vidas. 
     O magnífico filósofo e sociólogo espanhol José Ortega y Gassett (1883-1955. Procurem ler dele Espanha Invertebrada e O Expectador) declarou no seu magistral tratado de sociologia La Rebelion de las Massas, que "a angústia do homem de hoje “mede o desnível entre a altura do seu pulso (humanamente lento) e a altura da época atual – célere, insensível, indomável”.
     Por isso muitas pessoas, sentindo-se perdidas, vendo que o progresso também dispersou as famílias (porque o companheirismo, o diálogo e a ternura que uniam os seus membros têm sido destruídos por inúmeras influências externas e internas), desiludidas, sofrendo o peso da perplexidade do momento atual, e com medo de após um dia de trabalho, serem obrigadas a voltar a passar a noite em companhia do tédio e a solidão que as espreita e as persegue por toda parte, saem à procura de algo que preencha o seu vazio interior, e entregam-se à diversões que esgotam o pouco de energia moral que ainda lhes restava.
       Porém, fora de Deus não há felicidade ou solução para qualquer problema, seja ele de que natureza for.

A FRUSTRADA BUSCA DE FELICIDADE
      Sabendo-se habitantes de um mundo que lhes oferece inumeráveis opções de entretenimento, mas sentido que nenhum desses entretenimentos poderá preencher o vazio que tomou conta de suas almas, muitas pessoas, que ainda não conhecem Jesus como Salvador, como a única solução para todos os problemas da humanidade, desejam ardentemente encontrar uma razão para suas vidas, algo que as liberte das frustrações do mundo, e proporcione paz aos seus corações.
      Este é o mais antigo anseio do ser humano, e começou no Éden, a partir do momento em que ele perdeu a comunhão com Deus.
    Impulsionada por esse sentimento desde tempos imemoriais, a humanidade tem caminhado em busca da felicidade.
     A antiga civilização egípcia procurou-a no esplendor das dinastias faraônicas, na esperança de vida além-túmulo, e nos monumentos erguidos à morte.
    Os chineses procuraram-na nas sutilezas da filosofia e em um labirinto de meditações, esperando encontrá-la no Nirvana – que não é um lugar, e sim um estado de espírito, que leva à anulação da vontade e dos desejos, e à extinção da chama vital.
    Os gregos também procuraram a felicidade nas sutis reflexões filosóficas, na múltipla expressão da arte levada ao seu grau extremo, nas construções de monumentos de mármore, e no culto aos deuses do Olimpo.
     Os romanos procuram-na na força bélica, na grandeza de suas conquistas militares, e nos prazeres proporcionados pela carne.
      E igualmente as demais civilizações têm procurado a felicidade em fontes inumeráveis e diversas, porém não a têm encontrado, pois o amargor, a depressão e o vazio existencial que têm destruído milhões de vidas ao longo dos tempos provam que as grandiosas e inúmeras conquistas tecnológicas e materiais, os sistemas filosóficos e as falsas religiões são incapazes de tornar o ser humano feliz.
     Apesar de estudiosos dotados de uma visão enciclopédia dos problemas humanos terem previsto a decadência de tudo, como um Oswald Splenger na sua monumental obra O Declínio do Ocidente, e outros grandes estudiosos em outras visões panorâmicas e contemporâneas da situação em que se encontra a humanidade, nós acreditamos que Aquele que restaurou os caminhos tortuosos e antes intransitáveis que propunham reconduzir o homem a Deus. 
     Aquele que  apresentou-se como o único caminho que nos conduz ao Pai; Aquele que mudou a opinião da humanidade a respeito do Criador, da salvação, da eternidade, da vida, da morte, do mundo, do lar, do homem e do sofrimento humano, esse, que não é outro senão Jesus Cristo, pode solucionar a crise do vazio existencial do ser humano, e inundar a alma e o coração da humanidade de felicidade e paz!

A TRISTEZA SEGUNDO DEUS
Porém, desiludido e profundamente infeliz, o ser humano entristece. Sua alma tem sede do seu Criador. Mas essa tristeza é providencial e redundará em salvação, “porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar...” 2Coríntios 7.10, é necessário que os que apregoam as boas novas de salvação inundem de esperança esses corações sedentos de paz. Pois esse ardoroso ímpeto de libertação e altura inevitavelmente levará o ser humano que não conhece a Deus a interessar-se pelo sobrenatural, e a desejar a vida eterna.
     E caso nós não cheguemos antes com a mensagem evangélica de salvação, felicidade e vida eterna com Deus, o diabo se antecipará  e apresentará como alimento a essas almas sedentas e famintas, sua lama e seu lixo.
Os que anunciam Jesus, a Água da Vida; os que  oferecem às almas famintas o Pão Vivo que desceu do Céu; os que trabalham para purificar e dulcificar os corações pela aceitação do Evangelho de Cristo, somos aqueles a quem o profeta Isaías se referiu  ao dizer:
     “Vós com alegria tirareis águas das fontes de salvação" (Isaías 12.3), e como consequência “os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”, Is 35.40.
Nós, os que conhecemos a Cristo, temos a imensa responsabilidade de encorajar a todos com a nossa fé, o nosso otimismo e a nossa convicção de que alcançaremos a vida de eterna paz.
Um grande pregador disse certa vez que evangelizar não e nada mais do que "um mendigo ensinando a outro mendigo onde encontrar pão." Devemos repetir para todas as pessoas o Sermão da Montanha, e fazer com que ressoe, no mais profundo de suas almas sedentas de paz, o sublime convite de Jesus:
     “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, Mateus 11.28.   

ONDE ESTÁ A TUA ESPERANÇA DE FELICIDADE?
      Devemos falar a todos sobre Aquele que veio nos dar vida, e vida com abundância. Nas regiões celestiais onde Ele nos foi preparar lugar, não haverá terremotos, tsunamis, epidemias, atentados, secas ou inundações que destroem o trabalho de gerações, e semeiam a dor e a morte.
       o haverá políticos corruptos, nem escravização, nem violência, nem pornografia, nem a exaustiva e desgastante luta pela sobrevivência, nem doenças, nem o flagelo das guerras.
      Mas enquanto não herdarmos para sempre o Céu, e estivermos aqui na terra, devemos repetir as palavras do salmista: “Então irei ao altar de Deus, de Deus que é a minha grande alegria” (Salmo 43.4), e “tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra delícias perpetuamente”, Salmo 16.11.
       Desde há muito tempo está aberto o caminho para o Céu. Ser feliz depende da justa conscientização de que a verdadeira felicidade foi conquistada a preço de sofrimento e sangue, e só há um que a pode nos dar: Jesus Cristo. Toda e qualquer tentativa ou busca de felicidade fora de Jesus resultará em fracasso.
      Os que jazem no vazio existencial devem considerar que, além da grande bênção da salvação e da maravilhosa experiência com Cristo, a vida oferece outros motivos de felicidade – desde que essa felicidade não se apoie nos enganosos subterrâneos dos vícios, dos prazeres carnais, ou em muitos outros pecados que o mundo oferece.
    Devemos agradecer a Deus simplesmente por estarmos vivos e podermos encher plenamente os nossos pulmões de ar, sob o sol que ilumina a todos a cada manhã. Um grande poeta português (Fernando Pessoa) escreveu:

Outras vezes ouço passar o vento,
e acho que só para ouvir passar o vento
vale a pena ter nascido.

OLHANDO A VIDA PELOS OLHOS DE CRISTO
       Cristo nos ensinou a não gemer ou desanimar sob o peso das dificuldades e dos sofrimentos – mas pela fé e impulsionados por sua graça, enfrentá-los e vencê-los. Alguém pode argumentar que todos nós haveremos de morrer um dia. Sim.
       Com exceção dos que não provarão a morte por estarem vivos no grande Dia do Arrebatamento da Igreja, todos nós morreremos. “Mas para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho”, Fiplipenses 1.21, disse o maior teólogo do cristuanismo. Após a nossa morte, o sol continuará a nascer todos os dias, em todo o seu esplendor. A vida prosseguirá a renovar-se sempre, até que as dispensações de Deus para este mundo se completem.
     As crianças que brincam pelas manhãs e às tardes, a correrem, a empurrarem-se, a chamarem-se, ofegantes e incansáveis, radiantes de alegria, hão de crescer e amar, e conduzir a vida para um ponto mais adiante, conforme nós já o fizemos, até que seus filhos e netos as substituam, nessa maravilhosa e sempre renovada dádiva de Deus aos homens – a vida. Devemos agradecer a Deus por ela.         Estamos todos caminhando para a morte. Porém, a morte não será nada mais do que a infância da nossa eternidade com Cristo, o dia em que se inaugurará para nós nossa vida de plenitude ao lado do nosso Deus!
      A pessoa que nunca está contente com o que é, nem com o lugar onde está, não aprendeu ainda a olhar os lírios do campo, e a concluir com Jesus que, sob os cuidados que a providência divina faz descer do Céu sobre eles, “nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles”, Mateus 6.29.
     Muitas vezes nem é necessário alongarmos o nosso olhar para muito longe, a fim de reconhecermos os presentes que o Senhor nos dá todos os dias, quando abre diante de nós, de inúmeras maneiras, suas mãos dadivosas e cheias de tudo o que necessitamos.
      Mas o justo se alegrará, acima de tudo, na salvação que já recebeu do Senhor. “Portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força”, Neemias  8.10.

PR. JEFFERSON MAGNO COSTA

Um comentário:

  1. PAZ e Graça meu irmão:

    Gostei muito desta sua reflexão. É uma bagagem para desenvolver várias mensagens.
    Estes dias eu estava relendo seu livro: "PORQUE DEUS CONDENA O ESPIRITISMO"...É realmente uma obra fantástica. Eu aprendi muito ali.
    Que Deus continue usando sua vida cada dia mais.
    Deixo-lhe meu abraço fraterno...

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