Jefferson Magno Costa
Por que Adão perdeu, com o Paraíso, sua posição de rei sobre a Terra? Porque não se contentou em ter sido criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Ele quis ser como o próprio Deus, que o criara à Sua imagem e semelhança.
A tentação com a qual o diabo levou Adão à derrota tinha nascido muito tempo atrás no coração do próprio diabo: “...e sereis como Deus”, Gn 3.5. Todos nós sabemos que antes de Adão cair nesse conto do vigário, aliás, nesse conto do Rabudo, Lúcifer tinha se enrolado todinho com essa mesma pretensão, fato que culminou com sua expulsão do Céu.
Ora, considerando a posição de destaque e autoridade que Adão recebera de Deus ao ser criado (foi-lhe dado o domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre os animais da terra, e sobre toda a terra, Gn 1.28), ele já era uma espécie de Deus na terra. Isto torna-se mais evidente ainda quando reconsideramos que ele havia sido criado à imagem e semelhança de Deus.
Então, se Adão já era como Deus, o que de diferente o diabo lhe prometeu com aquele “e sereis como Deus”?
Adão era como Deus na liderança sobre a criação, mas não era como Deus na soberania no universo. E foi exatamente na soberania que o diabo prometeu a Adão que ele seria como Deus. Prometeu-lhe a soberania do conhecimento: Adão conheceria o bem e mal.
Na verdade, foi uma promessa verdadeiramente luciferina, porque o bem Adão já conhecia. Que vantagem então o companheiro de Eva obteria em conhecer o mal? Nenhuma. Só desgraça, que é a única coisa que o diabo tem para oferecer.
Os únicos impedimentos que mantinham Adão distante da árvore da ciência do bem e do mal (Gn 2.16,17) eram o mandamento que lhe proibia de comer do seu fruto, e a obediência que Adão deveria ter para com Deus, observando aquele mandamento.
Mas Adão quebrou o mandamento e negou obediência a Deus. E imediatamente os animais também lhe negaram obediência. Adão sofreu grave perda na pureza e nitidez da imagem através da qual ele representava a Deus politicamente diante de toda a natureza.
Comentando essa passagem, o grande pregador grego Crisóstomo (349-407) construiu o seguinte paralelo:
"Você já observou a sujeição com que o seu cão lhe reconhece, a prontidão com que atende ao seu chamado, o amor com que lhe segue, e o alvoroço com que lhe recebe quando você chega da rua, e dando saltos, faz festa diante de você? Porém, experimente disfarçar o rosto, e verá que esse mesmo cão, latindo furiosamente, virá ao seu encontro como se você fosse um estranho ou uma pessoa inimiga, e lhe atacará, não deixando você entrar em sua própria casa. Pois foi isso mesmo o que aconteceu entre Adão e todos os animais, depois que ele mudou de semblante e perdeu a imagem de Deus, que era a autoridade visível do domínio do mundo que Deus tinha delegado a ele".
Isto lhe aconteceu porque Adão não quis continuar sendo imagem e semelhança de Deus, mas ser como o próprio Deus.
Infelizmente, ao comer do fruto proibido, Adão passou a conhecer o bem e o mal, mas não conquistou a soberania que o diabo lhe prometera, pois não adquiriu o poder de controlar o avanço do mal nem de produzir abundantemente o bem.
E o resultado é o que vemos hoje: uma crescente onda de maldade que avança como um tsunami, ameaçando engolir o mundo.
Jefferson Magno Costa
4 comentários:
- Muito boa postagem. Como sempre edificante e cheia de sabedoria. Deus contigo!
- Obrigado, Micheline. Essa postagem tornou-se mais relevante porque conseguiu atrair a atenção e receber o reconhecimento de uma leitora especial.
- Interessante e edificante! Shalom
- A paz do SENHOR; Hoje não venho deixar comentários e sim dizer que JESUS TE AMA E DEIXAR UM FORTE ABRAÇO!
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