Os magos disseram que viram a estrela no Oriente (Mt 2.2). Ora, a estrela podia ser vista muito bem de muito longe, como se veem as outras estrelas, mas ela foi buscar os magos na terra deles.
Neste esforço e na extensão desse caminho a estrela que guiou os magos superou muito o anjo que apareceu aos pastores (Lc 2.8,9). O anjo também iluminou os pastores (Lc 2.9), e também lhes anunciou o nascimento de Cristo (Lc 2.10,11).
Mas até onde o anjo conduziu essa luz e esse evangelho? Não às terras do Oriente ou a outras terras remotas, como a estrela; mas a quatro passos da cidade de Belém, e nos próprios arredores dela, um percurso muito curto, portanto (Lc 2.15).
A distância que separa Belém do Oriente é a diferença do que representou o trabalho da estrela do trabalho do anjo para anunciar a Cristo.
Podemos visualizar muito bem essa diferença comparando a estrela com o anjo, e também comparando a estrela com os próprios pastores.
Esses pastores de Belém são os mais celebrados da Igreja. São aqueles que a própria Igreja apresenta como exemplo aos pastores de almas.
Mas o que fizeram ou o que faziam esses bons pastores? Eram tão zelosos e vigilantes do seu rebanho, que mesmo sendo noite avançada, não dormiam, mas guardavam e velavam suas ovelhas.
Muito bem. Mas não sei se vocês observaram um detalhe que o evangelista informa sobre o lugar e o rebanho. Sobre o lugar, o evangelista diz que os pastores estavam em sua própria região, e acerca do rebanho, diz que as ovelhas eram suas.
E nestas duas coisas consiste a vantagem que a estrela levou sobre os pastores. Os pastores estavam na sua região, e a estrela foi anunciar a Cristo em regiões estranhas.
Os pastores guardavam as suas ovelhas, e a estrela foi buscar ovelhas para Cristo. E entre estar na sua cidade guardando suas ovelhas na sua região, e ir buscar ovelhas para Cristo em regiões estranhas, há uma enorme diferença.
Os pastores eram apascentadores; a estrela era uma missionária. Para atrair a Cristo ovelhas de terras remotas e estranhas, a estrela precisou desdobrar-se muito mais, brilhar muito mais.
(A. V. Serm. da Ep. na Cap. Real. Lisboa, 1662)
Jefferson Magno Costa
(A. V. Serm. da Ep. na Cap. Real. Lisboa, 1662)
Jefferson Magno Costa
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