quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

O PASTOR E POETA EVANGÉLICO QUE 25 ANTES DE MORRER ESCREVEU COM SERENIDADE SOBRE SUA PRÓPRIA MORTE

Jefferson Magno Costa    
     








Em uma manhã de sábado, dia 5 de dezembro de 2009, perdemos o sublime poeta evangélico Joanyr de Oliveira. No domingo, dia de descanso, Dia do Senhor, dia em que o pastor e poeta completaria 76 anos de idade, seu corpo foi sepultado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
     Conheci Joanyr de Oliveira em 1978, quando ele esteve no templo sede da Assembleia de Deus em Natal, para lançar a Antologia da Nova Poesia Evangélica, livro que reunia poemas de poetas evangélicos brasileiros e portugueses, aos quais, durante vários anos, Joanyr havia orientado, doutrinado, corrigido, aconselhado, através da famosa seção de poesia da revista A Seara, Contato Poético.
     Por eu ser um dos autores incluídos na antologia, o nosso líder maior, o saudoso pastor João Batista da Silva, para minha surpresa, chamou-me até o púlpito para que a igreja me conhecesse, para que eu recebesse um abraço do poeta Joanyr de Oliveira, e para que ele me presenteasse com um exemplar autografado do livro que me incluía como o único poeta norte-riograndense a figurar naquela antologia.
     Para um rapaz desconhecido, inexpressivo, interiorano, cheio de sonhos, admiração e respeito pelos ícones da literatura evangélica brasileira (Joanyr de Oliveira era o nosso maior poeta), foi uma emoção única, inesquecível.
     No ano seguinte, já transferido pela Marinha e morando no Rio de Janeiro, visitei o pastor Joanyr, que era Diretor de Publicações da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Pouco mais de dois anos depois, recebi dele e do pastor Abraão de Almeida o convite para trabalhar como membro do Departamento de Jornalismo daquela editora.
     Deus traçou minha trajetória de trabalho naquela Casa. Uma das honras que obtive foi substituir o pastor Joanyr de Oliveira na condição de comentarista da seção Contato Poético, da revista A Seara.
     E quando, em fevereiro de 1985, entre muitas outras atividades jornalísticas, iniciei meus trabalhos de crítico e orientador de poesia, abri aquela seção comentando um poema de Joanyr de Oliveira, intitulado Despedia, talvez, no qual nosso saudoso amigo despedia-se poeticamente da vida. Ora, para nossa felicidade, só quase 25 anos depois é que o poema tornou-se realidade plena na biografia do poeta.
     Pagando hoje uma dívida de amigo, de admirador, de assíduo leitor de seus poemas, e prestando uma justíssima homenagem ao grande poeta que Joanyr de Oliveira foi e continua sendo todas as vezes em que um poema seu é lido, transcreverei a seguir seu poema Despedida, talvez, seguido do nosso comentário escrito naquela época:

DESPEDIDA, TALVEZ
Joanyr de Oliveira

Pelas portas de janeiro
Estendo antigos poemas
Que até parecem alheios
E estão repletos de luas...
Quem os dirá algum dia
Na placidez destas ruas?

Pelas portas de janeiro
Ao Universo eu espio
E afago. E me sinto pronto
Para esquiar as estrelas:
Anseio agora tocá-las
Porque cansado de vê-las...

Pelas portas de janeiro
Vislumbro as plagas do céu
E a luz que as aureola
Em coloridos sem fim,
Que nascem das mãos eternas
E passam também por mim.

Pelas portas de janeiro
Olho, e me amadureço
Para apagar as palavras
Das pessoas mais queridas,
Trocando-as tranquilamente
Por celestes avenidas.

Pelas portas de janeiro
Minha alma voa tão leve
A beijar sóis e arcanjos
Que os olhos plenos de luz
E a concha azul de meus versos
Colhem a voz de Jesus.

      Uma rápida identificação e análise dos recursos usados por Joanyr de Oliveira no poema Despedida, talvez, certamente nos levará a entender melhor alguns dos mecanismos acionados pelos poetas durante seu processo poético.
     É certo que não faremos uma completa identificação dos elementos que compõem a parte técnica do poema de Joanyr de Oliveira, pois isto implicaria em termos que apresentar aqui uma ampla definição de métrica, rima e estrofação, além de fazermos um breve histórico das escolas literárias. 
     Por enquanto, o leitor deve saber que no poema Despedida, talvez, foram usados versos de sete sílabas. (Verso é cada linha que compõe o poema; a reunião de vários versos forma uma estrofe. O poema de Joanyr de Oliveira é composto de cinco estrofes de seis versos; cinco sextilhas, portanto).
     








 


Quando analisávamos as linhas gerais deste poema, com o propósito de encontrar “a ponta do fio do novelo” que nos conduziria à sua essência, ao sentimento que desencadeou sua carga poética, lembrando-nos de um poema do genial poeta português Fernando Pessoa, onde ele, como Joanyr de Oliveira, também se despede de seus versos:
Da mais alta janela da minha casa
com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a Humanidade.
E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário (...).”

     Mas o sentimento que motiva o restante do poema do poeta português é bem diferente do sentimento que conduz Joanyr pelas portas de janeiro.
     O grande poeta evangélico sente-se como um fruto maduro, pronto a partir para a eternidade, a esquiar as estrelas, e em condições de apagar as palavras/das pessoas mais queridas,/ trocando-as tranquilamente/ por celestes avenidas/. Em suma: é a serenidade com que o tema da morte é encarado pelos evangélicos. Joanyr calca sua poesia nesta atitude tranquila.
     Para os evangélicos, não existe reação de revolta e inaceitação diante da morte – comportamento muito comum por parte daqueles que não têm esperança de beijar sóis e arcanjos, e mergulhar na plenitude da luz de Cristo. Ninguém, que não tenha a esperança que temos, poderá entender porque consideramos o assunto morte com tanta serenidade.
     O próprio poeta português Fernando Pessoa, diante da morte de Sá-Carneiro, seu amigo e confrade em poesia, deu provas de uma profunda incompreensão e amarga resignação:

Nunca supus que isto que chamam morte
Tivesse qualquer espécie de sentido...
Cada um de nós, aqui aparecido,
Onde manda a lei certa e falsa sorte,

Tem só uma demora de passagem
Entre um comboio e outro, entroncamento
Chamado o mundo, ou a vida, ou o momento;
Mas, seja como for, segue a viagem.
(...)

     O verso inicial de Joanyr, Pelas portas de janeiro, encima as demais estrofes de Despedida, talvez, e é responsável por essa sensação de saída (portas) e de arrebol e início (janeiro) que se forma em nosso espírito a partir do momento em que iniciamos a leitura.
     Na primeira estrofe, os versos 
Estendo antigos poemas/Que até parecem alheios/e estão repletos de luas/, representam a cristalização de uma obra (no caso de Joanyr, a soma de sua produção poética) que amadureceu e passou a pertencer mais às pessoas que a leem e assimilam do que ao próprio autor que a produziu. (Lembremo-nos da pérola: quanto mais ela se desenvolve no interior da ostra, mais aumenta sua condição de “corpo estranho” no seio daquela que a está formando).
     Lua á uma figura muito usada pelos poetas para representar um estado onírico (sonho). E quando a alma do poeta estiver voando leve pelas plagas do céu, será que seus versos continuarão sendo lidos na placidez destas ruas?
     E estrofe por estrofe, o poeta vai-se predispondo a partir, a esquiar as estrelas, a aproximar-se delas e tocá-las porque cansado de vê-las. E já vislumbra as regiões do céu (plagas), e já sente-se tocado pela claridade que nasce das mãos eternas, e maduro o suficiente para apagar as palavras das pessoas mais queridas.
     Sua alma, que voa leve e é beijada por sóis e arcanjos, banha-se de luz. E Joanyr encerra o poema com uma imagem que envolve cor (azul de meus versos, que lembra também o azul do céu) e som (voz de Jesus), que lembra a saudação divina: “Vinde, benditos de meu pai...” (Mateus 25.34).
     







 




Poetas que não conhecem ou conheceram Jesus não escrevem poemas assim. Manuel Bandeira, um dos maiores nomes da poesia brasileira de todos os tempos, desnuda sua alma sem esperança, sua vida transcorrida longe dAquele que poderia ter-lhe dado a plenitude existencial e a perspectiva da felicidade eterna, no seu poema
 
A MORTE ABSOLUTA:
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

     








 

Quem não tem Jesus como Redentor de sua alma, vê o seu destino, a transitoriedade da vida de forma pessimista, melancólica. Muitos esperam a morte como o poeta judeu-brasileiro Augusto Frederico Schmidt a esperou e expressou em um de seus poemas:

PAZ DOS TÚMULOS

Ó paz dos túmulos
Ó frio das tardes invernais nos cemitérios
Ó mármores gelados, rosas frias, noites de gelo, como vos espero!
Quando serei silêncio e frio apenas?
Quando serei apenas o íntimo da terra?
Quando, enfim, dormirei na paz – na álgida paz?
Ó vento que matais as rosas, vento frio!


Quando me levareis mudado em poeira?
Quando me levareis pelas ruas
Quando me levareis em mim mesmo mudado
Para o grande mar, o grande mar, o grande mar...?

      










 Não posso deixar de comparar o poema que Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta brasileiro de todos os tempos, deixou como epitáfio, com o poema que o nosso Joanyr de Oliveira escreveu com a mesma finalidade.
     Eis o epitáfio poético que Drummond escreveu para ele mesmo:


O POETA ESCOLHE O SEU TÚMULO

Onde foi Tróia,
Onde foi Helena,
onde a erva cresce,
onde te despi,

onde pastam coelhos
a roer o tempo,
e um rio molha
roupas largadas,

onde houve , não
há mais agora,
o ramo inclinado,

eu me sinto bem
e aí me sepulto
para sempre e um dia!

     E eis o epitáfio poético que o poeta Joanyr de Oliveira escreveu para ele mesmo:


EPITÁFIO

Os casulos do silêncio
recolhem meu rosto,
meu canto e meu nome.
Entre arcanjos e estrelas,
minha essência navega
o esplendor dos milênios.
Doce é o sabor do infinito.


    






 


Quão diferentes são os cristãos diante diante da morte! Quão diferentes foram os sentimentos que levaram o salmista a escrever estas palavras:
     “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita não serei abalado. Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção. Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra delícias perpetuamente”, Salmo 16.8,11.
     Os que sentem, pensam e se posicionam na vida como Manuel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt e Carlos Drummond de Andrade, tiveram o seu destino descrito pelo salmista: 
    “Como ovelhas são postos na sepultura; a morte é o seu pastor; eles descem diretamente para a cova, onde a sua formosura se consome; a sepultura é o lugar onde habitam”, Sl 49.14.
     





 


Porém, os que têm a fé que norteou a vida e conduziu para os mistérios da morte o poeta Joanyr de Oliveira, podem dizer, à semelhança do salmista: 
    “Mas Deus remirá a minha alma do poder da morte, pois ele me tornará para si”, Salmo 49.15.
     Para mudar um pouco o tom lúgubre e sepulcral desta postagem, e para satisfação dos leitores da bela e genuína poesia, publicarei como encerramento deste artigo, um dos poemas de Joanyr que eu mais gosto, o CANTARES VII, Filha do Rei:

Os teus passos, filha do Rei,
acariciam a face translúcida
do dia, os caminhos, os campos.

Teu andar se harmoniza
com o mar e os pássaros,
em louvações perfeitas.

O imaculado corpo, teu corpo,
Estende-se ao longo da paisagem,
bendizendo os ofícios do Sol.

Nas têmporas do monte,
teus olhos equilibram as águas
construídas em meigo azul.

Ramos ataviam as alturas.
A cabeça nívea, serena.
A cabeleira flutuante no tempo,

O esquio porte, de palmeira.
Espargem teus cachos na Terra
taças de unções indizíveis.

Tens aroma – que estremecem e inebriam
as várias colunas da noite,
porque beijas o soluço e a dor

e os transmudas em flores.
Bem-aventurados teus filhos,
ó vero amor de delícias!

Sobre as piscinas de Hesbom,
deslizando as saudades antigas,
mosto de romãs, perfumes.

Bem-aventuradas tuas sandálias
sob a altiva torre do Líbano,
e as frontes iluminadas do Eterno!


     Jefferson Magno Costa

  1. Inajá Martins de Almeida
    Aprecio sobremaneria os comentários, as críticas, quando estes partem daqueles que realmente tem o dom, aptidão, conhecimento, entendimento e censo crítico abalizados para os tais. Quem melhor os poderia dizer neste dia, "na placidez destas ruas", do que Jefferson Magno Costa.
    As palavras contidas nos versos do poeta puderam me amadurecer, quanto mais a explanação que a seguir veio compor todo o contexto.
    Joanyr de Oliveira, confesso que não o conhecer anteriormente, mas seus versos tocaram-me de forma tangente a alma, ao ponto de sentir cálida a voz de Jesus a me falar ao coração.
    Linda mensagem. Ao homenagear Joanyr, homenageados fomos todos nós, leitores deste rico espaço, em especial esta que subscreve. Grata a Deus eternamente por esses encontros gratificantes. Inajá

  2. Jefferson Magno Costa
    Prezada Inajá, continuarei a divulgar neste blog mais poemas de Joanyr de Oliveira, pois ele chegou a receber elogios dos maiores poetas da nossa literatura, como Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, entre outros.

  3. Pr. Levi Costa
    Eu tive o privilégio de conviver ministerialmente com o saudoso poeta e homem de Deus pastor Joanyr de Oliveira. Ele fez parte do quadro de obreiros do nosso Ministério da L2 Sul em Brasília e da Convenção CEADDIF no Distrito Federal. Pude participar de algumas ministrações dele concernente ao ministério e sobre a língua portuguesa. Por ocasião de um culto para entrega de certificados pela conclusão do curso de formação ministerial (COM) que participamos, Joanyr de Oliveira abrilhantou o evento com a sua presença e com a sua fala. No momento tirei uma foto ao lado do nosso poeta a qual eu trago como recordação. O homem na verdade morre, mas a sua obra fica para imortalizá-lo.


  4. Jefferson Magno Costa
    Prezado irmão e amigo pastor Levi, a Assembleia de Deus no Brasil deve ao pastor, jornalista e poeta Joanyr de Oliveira, a criação de alguns periódicos da CPAD que enriqueceram a nossa história cultural, como A Seara, Jovem Cristão e O Obreiro. Neste ano em que se comemora o centenário da nosso denominação, esperamos que nossos líderes lembrem-se dele, e prestem-lhe uma justa e merecida homenagem póstuma, pois Joanyr de Oliveira foi um dos gigantes das nossas letras evangélicas, um ícone da intelectualidade assembleiana.

  5. Pastor Jesiel Padilha
    Jefferson , vc foi de marinha, eu também e servi em Natal, congregando com o pr. J.Batista. Li seu livro em 1995


  6. Jefferson Magno Costa
    Sim, prezado pastor e amigo Jesiel Padilha, que satisfação em conhecê-lo! Tive o privilégio de nascer em Natal, de iniciar em Natal minha carreira militar, e de descobrir a literatura e o maravilhoso mundo dos livros também em Natal. Apesar de não usar o sobrenome famoso, minha avó parterna foi irmã por parte de pai do grande antropólogo e folclorista norte-riograndense Luis da Câmara Cascudo, um dos homens mais cultos do Brasil. Também tive o privilégio de entrevistar, há mais de 20 anos, o grande líder da Assembleia de Deus no Estado do Rio Grande do Norte, o pastor (pastor de minha infância, adolescência e juventude) João Batista da Silva, entrevista que publiquei neste blog. Um abraço!

5 comentários:

  1. Que lindo!! Tinha a inspiração do Altíssimo!

    ResponderExcluir
  2. Sim, prezada Micheline, Joanyr de Oliveira, com quem tive a satisfação de trabalhar na CPAD, foi um poeta inspiradíssimo. O primeiro grande livro que ele publicou pela CPAD, intitulado Cantares, permanece um marco insuperado em nosso meio. Infelizmente, está esgotado, e não sei se algum editor evangélico teria sensibilidade para republicá-lo. Esse livro coloca a poesia evangélica no primeiro rank da poesia de língua portuguesa.
    Ele tem poemas do tipo:

    Pelas pisados dos rebanhos,
    Na quietude do outono,
    Deus espraia o mel de sua voz.

    Ouvi, ó tenda de pastores,
    rodas de carros faraônicos,
    equinos revestidos de aurora.

    Tranças debruçadas no silêncio
    Somam-se à bondade das videiras,
    e aos cachos bailarinos de seara.

    No dorso intangível da solidão,
    Deus espraia o mel de sua voz.

    ResponderExcluir
  3. Meu caro poeta pastor escritor editor pregador Jefferson Magno Costa (também sem vírgulas. Não são fragmentos. São unidade).

    Pena que nem todos - embora possam ter lá os seus rasgos poéticos - consigam valorizar a poesia como uma arte em que, mais do que na prosa, se pode descer a profundidades, que, sem nunca chegar ao mais profundo - sempre há mais profundezas - nos deixam embevecidos e surpresos pelo primor das pérolas encontradas.

    Eu e você fomos "aprendizes" com (e de) Joanyr de Oliveira. Convivemos ao seu lado por algum tempo. Quantas vezes ele copidescou os nossos textos e nos ensinou a evitar os adjetivos, a estilizar a frase, o período etc., etc. Tive a gratíssima honra de prefaciar uma de suas obras - Entre os Vivos e os Mortos - onde revelou também o seu pendor como romancista. Citei-o na minha obra "A Transparência da Vida Cristã" pelo que representou para o meu aprendizado. Sem orgulho (mas orgulhoso) digo: tivemos um excelente mestre! De tempos em tempos, revisito a prosa e os poemas do grande escritor. O seu nome é digno de constar em qualquer galeria dos grandes poetas brasileiros. Joanyr de Oliveira foi o maior intelectual assembleiano. Ninguém ainda o superou.

    Além disso, era homem comprometido com os valores do Reino, com as causas justas, com a solidariedade, com a ética, com a pureza da igreja, com a dignidade do pastoreio, com os simples e contra toda sorte de opressão, inclusive religiosa. Talvez, por essas razões, o sistema muito tenha lutado para preteri-lo. Mas cumpriu a sua missão sem abrir mão de convicções, que, talvez, 25 anos antes de sua morte, lhe tenham inspirado a escrever este que foi um de seus grandes poemas, "Despedida, talvez", no qual o céu suplanta quaisquer outras perspectivas terrenas, muitas vezes frustrantes e impregnadas de perigosas sombras.

    Joanyr de Oliveira termina a primeira estrofe com uma pergunta sobre como os seus poemas seriam vistos no futuro:

    "Quem os dirá algum dia
    Na placidez destas ruas?"

    O tempo é inclemente e insiste em apagar o passado. Mas aqui e ali, "na placidez destas ruas", ainda ouviremos que "Deus espraia o mel da sua voz".

    Parabéns, meu confrade, pela justa homenagem ao nosso mestre.

    PS. Se me permite, gostaria de reproduzir o ensaio no meu blog, com o devido crédito e citada a fonte.

    Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Reproduza-o, pastor Geremias Couto; para mim será uma honra. A propósito, achei que todos os leitores que acessam habitualmente o blog Sublime Leitura mereciam ler seu pertinente e relevante comentário ao ensaio sobre Joanyr de Oliveira, e por isso o publiquei como nova postagem no meu blog. Um abraço.
      PS. Em breve estarei lhe enviando para que você a leia e, se possível, comente-a no seu acessadíssimo blog, a biografia do pastor José Santos, sogro do pastor Silas Malafaia, que escrevi recentemente, e acaba de ser publicada pela Central Gospel.

      Excluir
    2. Agradeço a autorização, meu caro amigo. Também lerei com prazer a biografia do pastor José Santos.

      Deixei um comentário em seu perfil no Facebook.

      Abraços!

      Excluir

.

.

Postagem em destaque

OS MAIORES FILÓSOFOS DA HUMANIDADE RECONHECEM: DEUS EXISTE!

JEFFERSON MAGNO COSTA        Ao contrário do que muitos ateus pensam, as maiores inteligências que o mundo já viu, os gênios que deixa...